Principais pontos do depoimento do ministro Queiroga à CPI
6 de maio de 2021
Titular da Saúde tentou desviar de perguntas sobre papel de Bolsonaro na gestão da crise sanitária e sobre cloroquina. Ele defendeu a vacinação e disse que tratamento precoce “não é decisivo no combate à pandemia”.
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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prestou depoimento nesta quinta-feira (06/05) à Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a gestão governamental da pandemia de covid-19. Ele tentou evitar responder perguntas sobre a responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro e irritou os senadores da CPI.
Queiroga foi pressionado para que se posicionasse sobre o uso da cloroquina no combate ao coronavírus, mas ele se recusou, afirmando se tratar de uma questão técnica. Ele, porém, disse que não autorizou a distribuição do tratamento ineficaz.
O ministro assumiu o cargo no dia 23 de março, após a demissão do general Eduardo Pazuello, Ao contrário de seu antecessor, Queiroga tem currículo na área médica. É presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e diretor do Departamento de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista de um hospital em João Pessoa.
Ele apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro em 2018 e integrou a equipe de transição do então presidente eleito. Antes de assumir o ministério, Queiroga chegou a fazer declarações pró-ciência, mas nas últimas semanas tem alinhado o discurso com Bolsonaro.
A CPI da Pandemia já ouviu os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. O depoimento de Pazuello, cuja gestão foi marcada por entraves à vacinação e recorde de mortes e casos, será no dia 19 de maio.
O depoimento do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),que estava marcado para esta quinta-feira, foi adiado para a próxima terça.
Abaixo, os principais pontos do depoimento de Queiroga:
Cloroquina
Queiroga foi pressionado para esclarecer seu posicionamento em relação à cloroquina, o medicamento promovido pelo presidente Jair Bolsonaro no combate à covid-19, embora não haja evidências científicas que comprovem sua eficácia.
O ministro disse que não sofreu pressão de Bolsonaro para ampliar o uso da cloroquina ou hidroxicloroquina.
Ao ser perguntado se compartilhava da opinião do presidente sobre o medicamento, ele se recusou a responder. "Essa é uma questão técnica que tem que ser enfrentada pela Conitec [Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias] no SUS. O ministro é a última instância na Conitec, então eu vou precisar me manifestar tecnicamente."
O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), e o relator Renan Calheiros (MDB-AL) se irritaram com a resposta do ministro. "Até minha filha de 12 anos falaria sim ou não", disse Aziz. No entanto, Queiroga não respondeu à pergunta e pediu que os senadores compreendessem sua posição como gestor sanitário.
O ministro disse que não sabe se seu ministério realiza a distribuição de hidroxicloroquina para estados e municípios. "Não autorizei distribuição de cloroquina na minha gestão", afirmou. "Não tenho conhecimento de que está havendo distribuição de cloroquina na nossa gestão."
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Isolamento social
O ministro evitou comentar a fala de Bolsonaro, na qual o presidente sugeriu um novo decreto contra políticas de isolamento social. "Não vou fazer juízo de valor", disse após a insistência de Renan Calheiros.
Queiroga disse apenas que o presidente se preocupa com a liberdade das pessoas, e que concordaria com isso, e que não foi consultado sobre o assunto.
Polêmicas com a China
Queiroga foi questionado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) sobre a fala de Bolsonaro, que insinuou que a China teria criado o coronavírus. O ministro disse que desconhece "indícios de guerra química na China".
"É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano que ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?", disse Bolsonaro nesta quarta-feira. "Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês", afirmou a repórteres.
Queiroga tentou suavizar a questão, ao dizer que espera que as relações com o país asiático sejam boas. "Eu espero que essas relações continuem de forma positiva e não tenhamos impacto para nossa campanha de vacinação.”
Tratamento precoce x vacina
O ministro minimizou o chamado tratamento precoce contra a covid-19, defendido pelo presidente e seus aliados, e ressaltou a importância da vacinação e medidas como o distanciamento e uso de máscaras.
"Há um agrupamento de colegas que defendem fortemente esse chamado tratamento precoce com esses fármacos e há outros colegas que se posicionam contrariamente, e o Ministério da Saúde quer acolher todos para que cheguemos a um consenso. Essa questão do tratamento precoce não é decisiva no enfrentamento a pandemia, o que é decisivo é justamente a vacinação e as medidas não farmacológicas", afirmou.
"Temos que orientar a população a aderir às medidas não-farmacológicas que parecem simples, e são simples. É necessário reforçar de forma reiterada, por exemplo, o uso da máscara", disse o ministro em outro momento do depoimento.
As medidas não farmacológicas incluem o uso de máscaras e o distanciamento social, práticas recomendadas pelos profissionais de saúde, mas desprezadas por Bolsonaro e seu círculo.
Em relação ao uso de medicamentos off label [não prescritos em bula] como o antiparasitário ivermectina, Queiroga repetiu a resposta sobre o uso de cloroquina, afirmando que há duas correntes, uma favor e outra contra, a aplicação de medicamentos não comprovados.
"A solução que o Ministério da Saúde tem para resolver essa questão é a elaboração de um protocolo clínico e diretrizes terapêuticas", disse Queiroga. Ele afirmou que essas questões devem ser discutidas colocadas para consulta pública.
rc (OTS)
Celebridades e políticos que testaram positivo para covid-19
Várias estrelas de cinema contraíram o coronavírus. A doença varreu a elite política global e afetou também os melhores atletas.
Foto: Joshua Roberts/Reuters
Emmanuel Macron
O presidente da França foi diagnosticado com o coronavírus dias depois de uma cúpula dos líderes da União Europeia, o que levou várias autoridades do bloco a adotarem o isolamento. Nos dias que antecederam o resultado, ele se reuniu também com lideranças políticas da França e membros de seu gabinete. Seus assessores disseram que ele mantém estilo de vida saudável e se exercita regularmente.
Foto: Lewis Joly/AP Photo/picture alliance
Donald Trump
Após menosprezar a doença durante meses, o presidente dos Estados Unidos confirmou que ele e a primeira-dama, Melania Trump, estavam infectados com o coronavírus em plena reta final de sua campanha à reeleição. Trump raramente aparecia em público usando máscaras de proteção e ignorou em diversas ocasiões os alertas das autoridades de saúde.
Foto: picture-alliance/CNP/A. Drago
Andrzej Duda
O presidente da Polônia, Andrzej Duda, testou positivo para o coronavírus, anunciou um porta-voz no dia 24 de outubro. Dias antes, ele esteve em um fórum de investimento na Estônia, onde se encontrou com o presidente búlgaro, Rumen Radev, que entrou em isolamento profilático depois de ter contato com alguém infectado em seu país de origem. No entanto, não foi confirmado como Duda se contaminou.
Foto: Photoshot/picture-alliance
Andrea Bocelli
O tenor italiano Andrea Bocelli testou positivo para o novo coronavírus em março. Ele relatou que teve apenas febre leve, e no mês seguinte, já fez uma apresentação na Catedral de Milão, vazia devido às regras de restrição.
Foto: Getty Images/S.Legato
Robert Pattinson
O ator, de 34 anos, mais conhecido por estrelar como o vampiro Edward Cullen na saga cinematográfica "Twilight", testou positivo para covid-19, obrigando a produção de "The Batman" a uma pausa apenas três dias depois de ter retomado trabalhos. Pattinson, que também foi Cedric Diggory na adaptação cinematográfica de "Harry Potter e o cálice de fogo", sucede Ben Affleck como o Homem Morcego.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/E. Chesnokova
Dwayne 'The Rock' Johnson
O lutador que virou estrela de cinema se tornou uma das mais recentes celebridades a contraírem covid-19. Em um vídeo no Instagram, Johnson revelou que ele, sua esposa e duas filhas testaram positivo — acrescentando que ele teve "uma experiência difícil" com os sintomas. Ele também pediu às pessoas que parem de "politizar" a pandemia e "usem máscara".
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Shotwell
Neymar
O craque brasileiro é um dos três jogadores do PSG a contraírem o vírus, informou a agência de notícias AFP em 2 de setembro. Acredita-se que o surto no clube esteja relacionado a uma viagem de férias que o time fez à ilha espanhola de Ibiza. Posteriormente, Neymar postou uma foto no Instagram com seu filho, que também supostamente testou positivo: "Obrigado pelas mensagens. Estamos todos bem".
Foto: Getty Images/AFP/D. Ramos
Silvio Berlusconi
O ex-premiê italiano de 83 anos testou positivo para o vírus e estaria assintomático, segundo anúncio de seu médico em 2 de setembro. Dois dos filhos de Berlusconi e sua namorada de 30 anos também testaram positivo. O ex-premiê testou positivo depois de passar férias na costa da Sardenha, onde os ricos e famosos da Itália costumam desdenhar das políticas de restrição.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Vojinovic
Usain Bolt
A lenda do atletismo Usain Bolt testou positivo poucos dias depois de realizar uma festa para comemorar seu 34º aniversário no final de agosto. O detentor do recorde para os 100 e 200 metros rasos disse que entrou em quarentena, mas que não estava exibindo sintomas. Vídeos da festa de aniversário ao ar livre de Bolt mostraram convidados sem máscaras durante a celebração.
Foto: Reuters/M. Childs
Antonio Banderas
O ator espanhol teve uma surpresa indesejável em seu 60º aniversário em meados de agosto, depois de um teste positivo para o coronavírus. Banderas disse que passou seu aniversário isolado e que estava "mais cansado do que de costume", mas "esperando se recuperar o mais rápido possível".
Foto: picture-alliance/Captital Pictures
Jair Bolsonaro
O presidente brasileiro, que repetidamente minimizou a gravidade da pandemia, contraiu o vírus em julho. Ele foi criticado por ignorar as medidas de segurança recomendadas por especialistas em saúde antes e depois de seu diagnóstico, incluindo apertar as mãos e abraçar apoiadores na multidão. Sua mulher, Michelle, e os filhos Jair Renan e Flávio também testaram positivo.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Peres
Tom Hanks
O ator Tom Hanks e sua mulher, a atriz e cantora Rita Wilson, foram algumas das primeiras celebridades a anunciar que contraíram o vírus. O casal testou positivo para a covid-19 em meados de março, quando estava na Austrália. Depois de se recuperar e retornar aos Estados Unidos, Hanks defendeu que as pessoas façam sua parte para retardar a propagação da doença.
Foto: picture-alliance/AP/Invision/J. Strauss
Sophie Gregoire Trudeau
Sophie Gregoire Trudeau, mulher do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, testou positivo para coronavírus depois de retornar do Reino Unido em meados de março. O marido dela anunciou ter se isolado na residência oficial, mesmo sem apresentar sintomas da enfermidade.
Foto: Reuters/P. Doyle
Boris Johnson
No final de março, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, contraiu o coronavírus que o levou ao hospital por vários dias. Johnson passou uma semana em um hospital em Londres e três noites na UTI, onde recebeu oxigênio e foi observado 24 horas por dia. Ele teve alta em meados de abril, e os funcionários do hospital receberam o crédito de ter salvado sua vida.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Dawson
Ambrose Dlamini
O primeiro-ministro de Essuatíni (antiga Suazilândia), Ambrose Dlamini, contraiu o coronavírus e morreu em decorrência da covid-19, em dezembro de 2020. Ele tinha 52 anos e chegou a ser internado em um hospital da África do Sul, mas não resistiu.
Foto: RODGER BOSCH/AFP
Hamilton Mourão
O vice-presidente, Hamilton Mourão, anunciou no final de dezembro de 2020 que havia testado positivo para a covid-19. Ele ficou 12 dias em isolamento no Palácio do Jaburu, em Brasília. Antes de receber o diagnóstico, o vice-presidente teve dor no corpo, dor de cabeça e febre que não passou de 38 graus. Em março de 2021, ele recebeu a primeira dose da Coronavac.
Foto: Sergio Lima/AFP
Larry King
O lendário apresentador de TV americano Larry King morreu em janeiro de 2021, em decorrência da covid-19. Ele tinha 87 anos e comandava um tradicional programa de entrevistas na CNN há mais de duas décadas.
Foto: Radovan Stoklasa/REUTERS
Alberto Fernández
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, de 62 anos, anunciou no começo de abril de 2021 que contraiu o coronavírus. Segundo a Unidade Médica Presidencial, ele não teve sintomas, graças à imunização pela vacina russa Sputnik V, recebida dois meses antes.