1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Os principais pontos do discurso de Dilma

9 de março de 2015

No Dia da Mulher, presidente defende medidas de ajuste anunciadas por seu governo e diz que crise é internacional. Ela pede que todos tenham paciência e compreensão diante de "sacrifícios temporários".

Foto: Reuters/Ueslei Marcelino

Em seu primeiro pronunciamento à nação neste primeiro ano de segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff defendeu no domingo (08/03), Dia Internacional da Mulher, as medidas de ajuste fiscal. Ela pediu "paciência e compreensão" da população diante dos "sacrifícios temporários" e afirmou que as críticas contra o governo são injustas. Ela anunciou ainda que vai sancionar uma lei que pune assassinato de mulheres com penas mais duras.

Em pelo menos 12 capitais brasileiras, o discurso da presidente desencadeou manifestações, como panelaços, buzinaços e vaias na noite de domingo. Moradores piscaram luzes dos apartamentos em sinal de protesto.

Confira os principais pontos do discurso de Dilma:

O momento no Brasil

Segundo a presidente, o Brasil passa por um "momento diferente" do vivido nos últimos anos. "Mas nem de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns", garantiu. Ela ainda alfinetou: "Passamos por problemas conjunturais, mas nossos fundamentos continuam sólidos. Muito diferente daquelas crises do passado que quebravam e paralisavam o país."

Dilma garantiu que as medidas que estão sendo tomadas agora não vão afetar a capacidade de produção do país nem as rendas das famílias. "Estamos na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande depressão de 1929. E, nesta segunda etapa, estamos tendo que usar armas diferentes e mais duras daquelas que usamos no primeiro momento."

Pedido de paciência

Dilma afirmou que "as circunstâncias no mundo mudaram" em um momento em que o país, por "coincidência", vive "a maior seca da história", no Sudeste e no Nordeste. "Entre muitos efeitos graves, esta seca tem trazido aumentos temporários no custo da energia e de alguns alimentos. Tudo isso, eu sei, traz reflexos na sua vida. Você tem todo direito de se irritar e de se preocupar", disse a presidente.

Ela ainda pediu a compreensão e a paciência da população. "A situação é passageira. O Brasil tem todas as condições de vencer estes problemas temporários, e esta vitória será ainda mais rápida se todos nós nos unirmos neste enfrentamento".

Crise internacional

Ainda segundo Dilma, grandes economias, como Estados Unidos, União Europeia e Japão, também estão sendo afetadas pela atual crise. Ela ressaltou que "até mesmo a China, a economia mais dinâmica do planeta, reduziu seu crescimento à metade de suas médias históricas recentes".

A presidente garantiu que o Brasil está agora implantando as bases para enfrentar a crise e dar um "novo salto" no seu desenvolvimento. Ela ressaltou que o Brasil enfrentou os seis primeiros anos da crise econômica internacional sem sofrer quebra financeira e cambial, aumentando postos de trabalho e salários.

"Se conseguimos essas vitórias antes, temos tudo para conseguir novas vitórias outra vez. Inclusive, porque decidimos, corajosamente, mudar de método e buscar soluções mais adequadas ao atual momento."

"Críticas injustas"

Ao falar sobre "sacrifícios temporários" da população, a presidente reclamou de críticas "injustas e desmesuradas ao governo". Segundo ela, até agora o governo vinha absorvendo os efeitos negativos da crise em seu Orçamento, a fim de defender a população.

"Realizamos elevadas reduções de impostos para estimular a economia e garantir empregos. Ampliamos os investimentos públicos para dinamizar setores econômicos estratégicos", defendeu. "Mas não havia como prever que a crise internacional duraria tanto. E, ainda por cima, seria acompanhada de uma grave crise climática. Absorvemos a carga negativa até onde podíamos e agora temos que dividir parte deste esforço com todos os setores da sociedade."

Ajustes econômicos

Dilma comparou os ajustes feitos agora por seu governo a "medidas corretivas" tomadas pelo ex-presidente Lula em seu primeiro ano de mandato, em 2003. "Depois, tudo se normalizou, e o Brasil cresceu como poucas vezes na história. São medidas para sanear as nossas contas e, assim, dar continuidade ao processo de crescimento com distribuição de renda, de modo mais seguro, mais rápido e mais sustentável."

À moda Lula de discursar, Dilma fez uma comparação do Orçamento com o de uma casa. "Você que é dona de casa ou pai de família sabe disso. Às vezes temos de controlar mais os gastos para evitar que o nosso orçamento saia do controle. Para garantir melhor nosso futuro. Isso faz parte do dia a dia das famílias e das empresas. E de países também."

Ela ressaltou que estão sendo feitos cortes de gastos do governo, sem afetar investimentos prioritários e programas sociais: "Estamos fazendo tudo com equilíbrio, de forma que tenhamos o máximo possível de correção com o mínimo possível de sacrifício." Mas alertou que o processo vai durar "o tempo que for necessário para reequilibrar a economia". Ela disse esperar a primeira reação da economia brasileira já no fim do segundo semestre deste ano.

"O esforço fiscal não é um fim em si mesmo. É apenas a travessia para um tempo melhor, que vai chegar rápido e de forma ainda mais duradoura", afirmou.

Petrobras

Em uma breve menção ao escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras, a presidente disse que a construção "do novo Brasil" passa por um "fortalecimento moral e ético".

"Com coragem e até sofrimento, o Brasil tem aprendido a praticar a justiça social em favor dos mais pobres, como também aplicar duramente a mão da justiça contra os corruptos. É isso, por exemplo, que vem acontecendo na apuração ampla, livre e rigorosa nos episódios lamentáveis contra a Petrobras."

Lei em favor das mulheres

Dilma ainda anunciou a sanção, nesta segunda-feira, da Lei do Feminicídio, que transforma em crime hediondo o assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica ou de discriminação de gênero. "Com isso, este odioso crime terá penas bem mais duras. Esta medida faz parte da política de tolerância zero em relação à violência contra a mulher brasileira".

MSB/abr

Pular a seção Mais sobre este assunto