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CulturaReino Unido

Os segredos que Harry revela em sua autobiografia

10 de janeiro de 2023

Em "O que sobra", príncipe conta suas memórias e expõe a intimidade da família real britânica. Circunstâncias após morte de Diana, uso de drogas, brigas com o irmão e vaidade do pai estão entre as revelações.

Capa do livro Spare, do príncipe Harry
Foto: Random House Group/AP Photo/picture alliance

A autobiografia do príncipe Harry, intitulada O que sobra, foi lançada nesta terça-feira (10/01) após meses de suspense e vazamentos de conteúdo. No Reino Unido, leitores correram às livrarias para adquirir um exemplar do livro de memórias que revela segredos íntimos da família real britânica.

No primeiro dia de vendas, o livro já é o mais vendido nos sites da Amazon no Reino Unido, Austrália, Alemanha e Canadá. A obra foi escrita por JR Moehringer com base no depoimento de Harry e está disponível em 16 idiomas, inclusive no Brasil.

Alguns trechos do livro acabaram vazando, após a autobiografia ter sido colocada à venda por engano na quinta-feira passada em algumas livrarias na Espanha. Harry também concedeu quatro entrevistas a emissoras do Reino Unido e dos Estados Unidos para divulgar a obra, nas quais revelou alguns segredos sobre sua vida.

O livro vem no encalço da série da Netflix Harry & Meghan, lançada no mês passado, que aborda a decisão de Harry e sua esposa, Meghan Markle, de deixarem seus cargos reais em 2020 e se mudarem para a Califórnia.

Veja as principais revelações de O que sobra:

Morte da mãe, a princesa Diana

Na entrevista à emissora britânica ITV, Harry revelou que "só chorou uma vez" pela perda da mãe, a princesa Diana, que morreu em um acidente de carro em 1997. Ele confessou ter se sentido "culpado" por essa incapacidade de chorar, que atribui à sua educação rígida.

Harry, de 38 anos, disse ainda que seu pai, rei Charles 3º, nem sequer o abraçou quando lhe contou sobre a morte de Diana, sentado em sua cama no Castelo de Balmoral, na Escócia.

Segundo Harry, o irmão de Diana, conde Charles Spencer, foi contra que ele e o William, então com 12 e 15 anos, caminhassem atrás do caixão da mãe durante a procissão pública do funeral – um ato que afetou profundamente as crianças.

Harry ao lado do pai, o rei Charles 3º, e do irmão William em 2005Foto: Gareth Fuller/empics/picture alliance

O príncipe disse ainda que ele e provavelmente também o irmão – o atual herdeiro do trono – se sentiram culpados por ver e apertar a mão de milhares de cidadãos que choravam, quando não conseguiam demonstrar emoção.

"Todos pensaram e sentiram que conheciam nossa mãe, e as duas pessoas mais próximas a ela, as duas pessoas que ela mais amava, não puderam demonstrar nenhuma emoção naquele momento", disse ao jornalista Tom Bradby.

Relação com rainha consorte Camilla

No livro, Harry revelou que ele e o irmão imploraram ao pai que não se casasse com Camilla Parker-Bowles, mas que Charles ignorou o pedido. O casamento ocorreu em abril de 2005, na Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor.

Em entrevista ao canal americano CBS, Harry chamou Camilla de vilã e afirmou que ela travou uma campanha astuta e "perigosa" para conquistar a imprensa. Ele acusou ainda a rainha consorte e o irmão de vazarem histórias para os tabloides que prejudicaram ele e Meghan em troca de proteger ou melhorar suas próprias reputações.

"Não a considero uma madrasta má. Vejo alguém que se casou com essa instituição e fez tudo o que podia para melhorar sua reputação e sua própria imagem", disse Harry sobre Camilla em outra entrevista.

Piada de mau gosto

Na autobiografia, Harry alega que o agora Charles 3º uma vez brincou com o filho caçula dizendo: "Quem sabe se eu sou o seu verdadeiro pai?".

O príncipe acrescenta que essa era uma piada de "mau gosto" derivada de rumores de um caso que Diana teria tido com o oficial de cavalaria James Hewitt.  Alguns jornais especularam anos atrás que Harry poderia ser filho de Hewitt, algo fortemente negado pelo próprio príncipe e também pelo oficial de cavalaria.

Em 2020, Harry e Meghan deixaram os seus cargos reais e se mudaram para os EUAFoto: Henning Kaiser/dpa/picture alliance

O príncipe também contou que refez a viagem de carro que levou à morte de sua mãe em 31 de agosto de 1997 em um túnel em Paris, esperando acabar com "uma década de dor implacável".

Vaidade de Charles

Harry alega ainda que seu pai estava preocupado, antes de assumir o trono britânico, com a possibilidade de suas noras, Kate e Meghan, lhe tirarem protagonismo. O então príncipe de Gales estaria relutante em apoiar financeiramente os filhos e suas esposas.

Harry conta que, antes de se casar com Meghan, seu pai lhe perguntou se ela continuaria a trabalhar como atriz. Quando ele respondeu que não, porque era provável que ela se mudasse para o Reino Unido, o agora rei o advertiu que não havia "dinheiro de sobra" para sustentá-la.

Segundo o livro, o filho mais novo de Charles e Diana duvidou dessas supostas dificuldades financeiras, concluindo que a propriedade de seu pai no ducado inglês da Cornualha é "tremendamente lucrativa".

Ele então interpreta que Charles não queria era que um membro "novo e brilhante" da monarquia, Meghan, "roubasse seu protagonismo". Harry argumenta que seu pai já tinha vivido esse sentimento antes e não gostou, em aparente referência à popularidade de Diana.

Livrarias em Londres deram destaque para o lançamento do livro de HarryFoto: Tayfun Salci/ZUMA/picture alliance

Em outra parte do livro, o príncipe também revela que Charles não gostava que William e Kate recebessem muita atenção da mídia, e afirma que em 2015 ele expressou sua insatisfação com a cobertura que eles receberam.

Harry afirma que, antes de um compromisso público em particular, a equipe de Charles insistiu que Kate não fosse fotografada segurando uma raquete de tênis, pois, segundo ele, "esse tipo de foto certamente teria tirado o pai e a Camilla de todas as primeiras páginas".

Agredido pelo irmão

No livro, Harry acusa o irmão William de o ter agredido fisicamente durante uma discussão em 2019. Segundo ele, William chamou Meghan de mulher "difícil e rude", antes de o tom subir com outros insultos.

Depois disso, Harry contou ter sido segurado pelo colarinho por William, que o empurrou no chão. Ele teria caído em cima de um pote de ração do cachorro que quebrou em suas costas. Depois disso, Harry disse que permaneceu no chão "atordoado", antes de pedir ao irmão para sair.

O episódio deixou Harry com "arranhões e contusões", segundo o livro. 

Mortes no Afeganistão

Harry revela ainda em sua autobiografia que matou 25 talibãs quando serviu no Afeganistão como piloto de helicóptero em 2012 e 2013. O príncipe afirma ter participado em seis missões, todas elas envolvendo mortes, as quais considerou justificáveis.

"Não foi uma estatística que me encheu de orgulho, mas também não me deixou envergonhado. Quando me vi imerso no calor e na confusão do combate, não pensei naqueles 25 como pessoas. Eram peças de xadrez retiradas do tabuleiro, pessoas ruins eliminadas antes de poderem matar as boas", escreveu Harry.

Entre outras revelações, Harry diz que consumiu drogas na adolescência, como cocaína, maconha e cogumelos alucinógenos, e que até consultou uma mulher com "poderes", sem citar seu nome ou dizer se era uma vidente. Segundo essa mulher, sua mãe, a falecida Diana, aprovava a sua decisão de começar uma nova vida nos Estados Unidos com a esposa.

Harry conta ainda que perdeu sua virgindade aos 17 anos com uma mulher mais velha do lado de fora de um pub lotado; que seu pênis congelou em uma viagem à Antártica; e que William e Kate o encorajaram a usar uma fantasia nazista em uma festa em 2005. 

cn (Reuters, AFP, Lusa, Efe)    

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