Sim, a terra do riesling também produz bons vinhos tintos, sobretudo nas regiões de Rheinhessen e Palatinado. Conheça as principais variedades, suas características e com o que devem ser apreciadas.
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Além de cerveja e vinho branco, a Alemanha – para a surpresa de muitos – também produz vinhos tintos, que representam cerca de um terço da área dedicada à vinicultura no país. Eu mesma praticamente desconhecia os tintos alemães antes de vir morar em terras germânicas e visitar vinícolas por aqui. E sim, há a Alemanha produz vinhos tintos de ótima qualidade.
As principais regiões produtoras são Rheinhessen e Palatinado (Pfalz). No estado da Renânia-Palatinado, a região do Ahr se destaca. Uma rota do vinho tinto se estende por 35 quilômetros ao longo desse rio, de Bad Bodendorf a Altenahr. Vale a pena explorar as pequenas cidades e vinícolas da região, principalmente na época da vindima.
A seguir, algumas das principais variedades de uvas tintas cultivadas na Alemanha:
Spätburgunder
Também conhecida como pinot noir, a variedade está para os tintos alemães assim como o riesling está para os brancos – ou seja, se trata de um vinho de qualidade elevada. A uva nobre é bastante antiga, tendo sido trazida para a região do Lago de Constança, no sul do país, no ano 884.
Hoje, o spätburgunder ocupa quase 12 mil hectares na Alemanha. As principais regiões produtoras são Baden, Palatinado, Rheinhessen, Württemberg, Rheingau e Ahr.
Assim como vinhos tintos em geral, o spätburgunder é ideal para dias mais frios, devendo ser tomado a uma temperatura de 16 a 18 graus Celsius. Com aroma de frutas vermelhas e nuances de amêndoa, harmoniza bem com carnes assadas ou de caça ou com queijo.
Dornfelder
Ao contrário da primeira, a segunda variedade de uva tinta mais popular da Alemanha é bastante jovem, tendo sido criada propositalmente há pouco mais de meio século, em 1955. Ao cruzar as uvas Helfensteiner e Heroldrebe, o objetivo era dar mais cor aos tipicamente pálidos tintos alemães.
O resultado é um vinho versátil, fresco e frutado, para o qual na Alemanha se dedicam hoje cerca de 8 mil hectares. Palatinado e Rheinhessen são as principais regiões produtoras.
Assim como seus pares, o Dornfelder também é ideal para o clima frio, e, quando um pouco envelhecido, combina com carnes de sabor forte e queijo. Quando jovem, pode ser apreciado levemente resfriado no verão. Gosto bastante do Dornfelder halbtrocken (meio-seco).
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Portugieser
O terceiro vinho tinto mais produzido na Alemanha, ocupando 3.200 hectares, é descomplicado, leve, agradável e fresco. Palatinado, Rheinhessen e Ahr são as regiões que se destacam na produção da variedade.
Quando jovem, o portugieser pode ser servido fresco, a uma temperatura de 14 a 16 graus Celsius. O vinho tem aroma de frutas, como amora, morango e cereja, e um toque apimentado Por ser versátil, combina com uma série de pratos. De cor rubi suave, tem geralmente teor alcoólico inferior ao de outros vinhos tintos.
Apesar do nome, o portugieser não tem nada de português. Supõe-se que a variedade tenha se originado no Império Austro-Húngaro. Ela chegou à Alemanha via Áustria no século 19.
Trollinger
Muito apreciada na região cultural da Suábia, no sudoeste da Alemanha, a variedade ocupa entre 2 mil e 2.500 hectares no país. Em Württemberg, trollinger é a uva mais cultivada, e apenas 34 hectares fora da região vinícola são dedicados a ela.
Conhecido como a "bebida nacional suábia", o trollinger é consumido quase diariamente por muitos habitantes da região, na companhia de pão, carne branca ou queijo fresco de sabor neutro. O vinho é leve, de cor vermelho-claro e tem aromas florais com um toque de noz-moscada. Deve ser servido jovem.
Outras variedades
Além das variedades acimas, as principais uvas tintas produzidas na Alemanha são: schwarzriesling, blauer lemberger, regent, saint laurent, cabernet sauvignon, domina, acolon e merlot.
Toda semana, a coluna Pitadas traz receitas, curiosidades e segredos da culinária europeia, contados por Luisa Frey, jornalista aspirante a mestre-cuca.
As regiões vinícolas da Alemanha
O outono é tempo de vinho. Nas 13 regiões vitivinícolas alemãs, chegou a hora da colheita, extração do mosto, vinificação, engarrafamento. Um passeio pelo mundo do riesling, spätburgunder, silvaner e companhia.
Foto: picture-alliance/dpa/F.v. Erichsen
Rheinhessen
Maior região vinícola alemã, Rheinhessen fica no oeste do país e se estende por 26 mil hectares, no triângulo entre as cidades de Mainz, Bingen e Worms. A tradição se iniciou no século 8º, e atualmente apenas cinco dos 136 municípios da região não produzem vinho. Rheinhessen é, por exemplo, a terra dos brancos riesling e rivaner, e do tinto dornfelder.
Foto: picture-alliance/dpa/F.v. Fredrik von Erichsen
Rheingau
Há seis diferentes regiões vitivinícolas ao longo do Rio Reno, entre elas Rheingau, conhecida pelo riesling, que ocupa quase 80% de suas terras, e o spätburgunder (ou pinot noir). Tudo começou no mosteiro de Eberbach, fundado por monges cistercienses da Borgonha, que trouxeram a arte da vitivinicultura para a região compreendida entre Hochheim e Lorch.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Mittelrhein
A partir da cidade de Bingen, onde o Reno desenha uma curva mais pronunciada, começa o Vale do Médio Reno (Mittelrhein). Aí o leito do rio fica mais estreito e penetra no espetacular Maciço Renano. A viticultura define a paisagem, com vinhedos em terraço que se estendem até as portas de Bonn. Em 2002, a região foi declarada Patrimônio Mundial pela Unesco.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Kleefeldt
Pfalz
Uma região vinícola dos superlativos. O maior festival de vinho e o maior barril do mundo se encontram em Bad Dürkheim. E a primeira rota vinícola da Alemanha, a Deutsche Weinstrasse, atravessa o Palatinado (Pfalz). Seus 85 quilômetros interligam 130 vinícolas entre Bockenheim e Schweigen, na fronteira com a França. Todos os anos, a Rainha do Vinho alemã é eleita aqui, em Neustadt.
Foto: picture-alliance/dpa/U. Anspach
Franken
A garrafa abaulada, conhecida como "bocksbeutel" (saco de bode), é marca registrada do vinho da Francônia (Franken). Mas jovens vinicultores locais também tomam a direção contrária, deixando de lado todos os floreios românticos e apresentando seu produto em modernas vinotecas. Nessa região no centro-sul da Alemanha produz-se vinho há mais de 1.200 anos. Um dos preferidos é o branco rivaner.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Karmann
Mosel
Uma questão de ângulo: com 380 metros de altura e uma inclinação de até 68 graus, o Calmont é o vinhedo mais íngreme da Europa. A região vinícola de Mosel, às margens dos rios Mosela, Saar e Ruwer, é a mais antiga da Alemanha. Graças aos romanos, que levaram a vitinicultura para lá 2 mil anos atrás. O riesling feito na região é considerado um dos melhores da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Rumpenhorst
Baden
Banhada pelo sol, a terceira maior vinícola do país segue pelo Reno desde o Lago de Constança, no sul, até a cidade de Mannheim. Baden é a região mais quente do país. Por isso, suas uvas alcançam a pontuação mais alta na escala Oechsle, que mede a concentração alcoólica natural. A área é a principal fornecedora no país da casta spätburgunder (pinot noir).
Foto: picture-alliance/dpa/R. Haid
Württemberg
Nessa região vinícola com centros em Stuttgart e Heilbronn, o vinho é uma espécie de bebida nacional: Württemberg ostenta o dobro do consumo per capita frente ao restante da Alemanha. No festival anual de enologia Stuttgarter Weindorf, uma das especialidades é o tinto trollinger. Não por acaso, a cidade é maior produtora da bebida em todo o país.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Kraufmann
Ahr
Com apenas 560 hectares, a escarpada região vinícola do Vale do Ahr é uma das menores do país. Sua rota do vinho tinto se estende por 35 quilômetros ao longo do rio Ahr, de Bad Bodendorf a Altenahr. Para quem decide percorrê-la na época da vindima, não faltam incentivos ao longo do caminho, como as provas de vinhos e os "winzervesper" – jantares oferecidos após cada jornada da colheita.
A área vinícola mais setentrional da Alemanha acompanha os rios Saale e Unstrut, e vai até os 51 graus de latitude, o limite natural para a vinicultura. Graduações Oechsle como na ensolarada Baden são impensáveis: os vinhos regionais apresentam-se bem secos, as safras são modestas. Ainda assim, os vinicultores aprenderam a extrair o máximo da natureza, com resultados excelentes e grande demanda.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Schmidt
Sachsen
Como Saale-Unstrut, a região vinícola da Saxônia (Sachsen) fica no antigo território da Alemanha comunista, e ganhou novo impulso com a Reunificação, em 1990. Uma de suas especialidades são espumantes como o da adega Schloss Wackerbarth, a segunda mais antiga do gênero no país. Em meados de agosto, dezenas de produtores da região abrem suas adegas e vinhedos para provas e visitas.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Gammert
Nahe
A região do rio Nahe fica entre o Mosela e o Reno. De porte modesto, seus cerca de 4 mil hectares produzem castas como a riesling, silvaner e rivaner (também denominada Müller-Thurgau). Para conhecer a área, duas boas opções são a idílica Rota Vinícola do Nahe ou a ciclovia regional. Já os amigos das caminhadas longas têm como opção a belíssima Rota do Reno-Nahe, com 100 quilômetros de extensão.
Foto: picture-alliance/dpa/F.v. Erichsen
Hessische Bergstrasse
Ao norte de Heidelberg passa a Rota das Montanhas de Hesse (Hessische Bergstrasse). Uma particularidade dessa região vinícola é comportar, em seus meros 452 hectares, 233 tipos de solo diferentes. Consequentemente, os vinhos se distinguem de um local para outro. Nenhuma dessas raridades chega ao comércio, sendo todas vendidas – e consumidas – in loco.