Após duras acusações devido à nomeação exclusivamente de atores brancos para concorrer às estatuetas deste ano, Academia de Cinema pretende incluir mais mulheres e minorias em Hollywood.
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A associação responsável pela escolha do Oscar quer garantir mais diversidade no grêmio por meio de novas regras de filiação. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas em Hollywood anunciou medidas "históricas" para acomodar mais mulheres e membros de minorias em seus quadros.
A Academia de Hollywood anunciou nesta sexta-feira (22/01), em Los Angeles, que sua diretoria aprovou novas regras com o objetivo de dobrar o número de mulheres e minorias até 2020.
O atual direito de voto perpétuo vai ser limitado a dez anos. Um prolongamento será possível apenas se o membro continuar ativo na indústria cinematográfica. Além disso, a Academia informou que "irá tomar medidas imediatas para aumentar a diversidade" em sua diretoria, adicionando três novos assentos para mulheres e minorias que já não pertençam ao conselho de governadores da associação.
O presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, que é afro-americano e sofreu duras críticas pelas nomeações deste ano, declarou: "As novas regras relativas à governança e votação terão impacto imediato e darão início ao processo de mudança significativa de nossa composição".
Composto de 51 membros, o Conselho de Governadores da Academia de Cinema de Hollywood havia aprovado as reformas já na última quinta-feira.
Homens brancos e idosos
De acordo com relatos da mídia, dos mais de 7 mil membros da Academia responsáveis pelas nomeações e, posteriormente, pelas premiações do Oscar, 94% seriam brancos e 77%, do sexo masculino. Segundo as reportagens, a média de idade é superior a 60 anos.
Com o anúncio de reformas, a Academia reage às crescentes críticas relativas a não nomeação, mais uma vez, de atores negros para concorrer ao Oscar. Pela segunda vez consecutiva, os eleitores da Academia de Cinema esqueceram completamente de incluir afro-americanos para as principais categorias de atuação do principal prêmio cinematográfico do mundo.
Atores negros famosos, como Will Smith, já declararam que vão boicotar a cerimônia de premiação do Oscar. Também renomados artistas brancos, como George Clooney, criticaram as práticas da Academia. Segundo o vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante de 2006, latinos e mulheres também seriam afetados por tais práticas de escolha.
Há dez anos, explicou Clooney, havia mais nomeações de negros, como para Don Cheadle e Morgan Freeman. "Caminhamos na direção errada", afirmou Clooney à revista especializada Variety. "Temos que melhorar, já fomos melhores", disse o ator.
A entrega das estatuetas deste ano acontecerá no próximo dia 28 de fevereiro em Los Angeles. O apresentador da cerimônia do Oscar 2016 será o humorista negro americano Chris Rock.
CA/dpa/afp/dw
A história do Brasil no Oscar
O Brasil concorreu em 2020 com "Democracia em vertigem" como melhor documentário. Apesar de nunca ter levado o prêmio, país já teve obras indicadas à estatueta em várias categorias. Veja a trajetória do Brasil no Oscar.
Foto: imago/United Archives
"Orfeu negro"
Em 1960, "Orfeu negro", uma coprodução entre Brasil, França e Itália, ganhou a estatueta de melhor filme estrangeiro. Por representar a França, este país acabou levando os louros. Mas é o único de língua portuguesa a ganhar o Oscar.
Candidatos a melhor filme estrangeiro
Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, "O pagador de promessas", de Anselmo Duarte, garantiu a primeira indicação para o Brasil em 1962. Mais de 30 anos depois, em 1995, a história real de dois casais de imigrantes italianos vivendo sob o mesmo teto rendeu uma indicação a "O quatrilho", de Fabio Barreto. Em 1997, Barreto (foto) voltou a ser indicado na categoria, por "O que é isso companheiro?".
Foto: picture-alliance/dpa
Os pré-selecionados
Anualmente, uma comissão do Ministério da Cultura escolhe um filme brasileiro para representar o país no Oscar. Desde 1954, com a seleção de "O cangaceiro", de Lima Barreto, mais de 45 títulos foram escolhidos, mas apenas quatro ficaram entre os finalistas. Em 2014, "Hoje eu quero voltar sozinho" (foto), de Daniel Ribeiro, representou o país, mas não conseguiu uma indicação.
Foto: D. Ribeiro
Melhor filme
Esnobado na categoria de filme estrangeiro, "O beijo da mulher aranha", coprodução com os Estados Unidos, foi o primeiro longa latino-americano a ser indicado como melhor filme. A amizade entre um preso político (Raul Julia) e um homossexual (Will Hurt) em um presídio brasileiro também rendeu indicações de melhor roteiro adaptado e melhor diretor (Hector Babenco). Hurt venceu como melhor ator.
Foto: 2015 ICRA LLC
"Central do Brasil"
Depois de levar o Urso de Ouro na Berlinale, "Central do Brasil", de Walter Salles, partiu para uma triunfante carreira internacional. Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1999, o drama sobre a amizade de um menino abandonado e uma mulher desiludida de meia-idade levou também a indicação inédita de melhor atriz para Fernanda Montenegro. Mas nenhum dos dois prêmios foi para o Brasil.
Foto: picture-alliance/dpa/Buena_vista
Melhor direção
Apesar do sucesso comercial no exterior, "Cidade de Deus" foi esnobado ao prêmio de filme estrangeiro em 2004. Mas o frenético retrato do crescimento do crime organizado na favela carioca teve indicações a melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor fotografia. Fernando Meirelles também foi indicado como melhor diretor, mas quem levou a estatueta foi Peter Jackson, por "O Senhor dos Anéis".
Foto: imago/United Archives
Melhor documentário
"Lixo Extraordinário" foi indicado a melhor documentário em 2011. O filme acompanha o artista plástico Vik Muniz (foto) em um projeto com catadores de lixo no aterro do Jardim Gramacho, no subúrbio do Rio de Janeiro. Em 2015, "O Sal da Terra", de Wim Wenders e Juliano Salgado, também concorrera ao Oscar nessa categoria.
Foto: RealFiction Filmverleih
Candidato em 2020
O filme "Democracia em vertigem", da diretora brasileira Petra Costa, concorre à estatueta de melhor documentário ao lado de "Indústria americana", "The cave", "For Sama" e "Honeyland". O documentário brasileiro, incluído na lista dos melhores do ano do "New York Times", foi lançado em junho de 2019 pela Netflix. Ele aborda a ascensão e queda do PT e a polarização entre esquerda e direita no país.
Foto: Netlix/Divulgação
Melhor canção original
O primeiro brasileiro indicado ao Oscar foi no um dos grandes compositores de nossa música. Autor de "Aquarela do Brasil", Ary Barroso foi um dos finalistas ao prêmio pela canção "Rio de Janeiro", do filme "Brasil", em 1945. Mais de meio século depois, em 2012, Carlinhos Brown e Sergio Mendes (foto) garantiram mais uma indicação na categoria por "Real in Rio", parte da trilha da animação "Rio".
Foto: Andrew Southam
Melhor curta-metragem
O Brasil também emplacou duas indicações na categoria de melhor curta-metragem. Diretor de sucessos como "A era do gelo 2" e "Rio", o carioca Carlos Saldanha (foto) foi indicado, em 2002, pela animação "Gone nutty". "Uma história de futebol" garantiu uma indicação para Paulo Machline, em 2001. O curta recria passagens da infância de Pelé e de Zuza, seu companheiro de pelada na cidade de Bauru.