Ossos de mamute bem preservados são achados na Sibéria
26 de julho de 2020
Pastores de renas russos encontraram parte do esqueleto de um mamute-lanoso, com alguns ossos ainda contendo tendões. Cientistas acreditam que espécie foi extinta há 10 mil anos e tinha o dobro do tamanho de um elefante.
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Cientistas russos estão trabalhando na escavação de partes de um esqueleto de mamute muito bem preservado, que foram encontradas nesta semana em um lago no norte da Sibéria.
Os fragmentos de ossos, alguns ainda contendo tendões, foram achados por pastores de renas locais em uma área rasa do lago Pechevalavato, na região da Iamália-Nenets, no centro-norte da Rússia.
Os pastores encontraram parte do crânio de um mamute-lanoso, cujo nome científico é Mammuthus primigenius, além da mandíbula inferior, várias costelas e um fragmento do pé, com tendões ainda presos aos ossos.
"A lama do fundo do lago pode conter o resto do esqueleto do mamute", disse Dmitry Frolov, chefe do Centro de Pesquisa para Estudos do Ártico, à agência de notícias russa TASS. "É necessário registrar a localização exata dos restos para mais estudos."
Na última sexta-feira (24/07), emissoras de televisão russas mostraram imagens de cientistas procurando mais ossos de mamute na lama à beira do lago.
Vários fragmentos maiores foram encontrados após a descoberta inicial nesta semana. Especialistas supõem que todo o esqueleto tenha sobrevivido na mesma posição em meio à lama do lago, mas recolher os demais ossos exigirá tempo e equipamento especial, afirmaram.
Encontrar um esqueleto de mamute completo é relativamente raro, afirmou Yevgeniya Khozyainova, do Instituto Shemanovsky, na cidade de Salekhard, em entrevista à televisão. Tais descobertas permitem que especialistas aprofundem seu conhecimento sobre mamutes.
Cientistas acreditam que os mamutes-lanosos foram extintos há cerca de 10 mil anos atrás, embora alguns especialistas estimem que pequenos grupos deles podem ter vivido por mais tempo no Alasca e na Ilha de Wrangel, na costa leste da Rússia. Chegando a até 5,5 metros de altura e pesando até 12 toneladas, eles tinham o dobro do tamanho e do peso dos elefantes de hoje.
Carcaças bem preservadas de mamutes foram descobertas no permafrost (solo congelado) do norte da Sibéria nos últimos anos, já que a região tem enfrentado uma mudança rápida no clima em meio ao aquecimento global, e muitas dessas camadas de gelo vêm derretendo.
A Sibéria atravessa atualmente uma onda de calor, em mais um sinal de alerta para cientistas que acreditam que o aumento da temperatura na região pode derreter o permafrost e liberar enormes quantidades de dióxido de carbono e metano na atmosfera.
Recentemente, autoridades meteorológicas europeias alertaram que as temperaturas médias em junho na Sibéria ficaram em média cinco graus Celsius acima do normal para o mês. Em algumas áreas, a diferença para marcas habituais chegou a dez graus.
Os mais antigos artefatos feitos por humanos, de 40 mil anos atrás, foram encontrados na Suábia, no sul da Alemanha. As seis cavernas onde objetos foram localizados são candidatas a patrimônio cultural da Unesco.
Foto: LAD, Y. Mühleis
A Vênus de Hohle Fels
Descoberta em 2008, a figura de Vênus da gruta de Hohle Fels data de 35 mil anos atrás. A mais antiga representação de figura humana é o mais conhecido dos 50 artefatos encontrados nas grutas da Suábia. Esculpida em marfim de mamute, a estatueta de 6 cm tem seios volumosos. Um pequeno aro substitui a cabeça, uma indicação de que a peça tenha sido usada como pingente.
Foto: Hilde Jensen, Universität Tübingen
A caverna Hohle Fels
Os arqueólogos encontraram a figura feminina nesta caverna. A maioria dos artefatos encontrados representa animais e remonta ao período aurignaciano (início do paleolítico superior) um tempo em que o neandertal e o homo sapiens viveram, em parte, lado a lado, e procuravam abrigo em cavernas. Já naquela época havia inúmeras grutas na região de Schwäbische Alb (montanhas da Suábia).
Foto: H. Parow-Souchon
O vale do rio Ach
Durante a era do gelo havia poucas florestas nesta região, coberta de estepes e habitada por mamutes e renas. Hoje em dia, a área, que tem mais de duas mil cavernas, é coberta por bosques. Seis das grutas onde aconteceram os achados espetaculares são candidatas a patrimônio cultural da humanidade. A candidatura foi oficializada no início do ano passado pelo estado alemão de Baden-Württemberg.
Foto: LAD, Chr. Steffen
Instrumento musical pré-histórico
O ser humano já fazia música há 40 mil anos. A prova são três flautas encontradas no abrigo rochoso Geißenklösterle, no sul da Alemanha, em 2009. A mais bonita delas, feita de marfim, pode ser vista junto com a Vênus no Museu da Pré-História da cidade alemã de Blaubeuren. O abrigo rochoso Geißenklösterle está bloqueado por uma cerca, mas, como não é muito profundo, pode ser visto a partir de fora.
Foto: Claus Rudolph, Urmu
Gruta Sirgensteinhöhle
A gruta Sirgensteinhöhle, de 42 m de comprimento, é aberta a visitantes e fecha só no inverno europeu, para a proteção dos morcegos que ali vivem. Os arqueólogos descobriram que o homem pré-histórico permanecia principalmente na entrada da caverna, onde fazia fogo, trabalhava e dormia. Há 500 anos, acreditava-se que na caverna havia vivido um monstruoso ciclope (gigante imortal com um só olho).
Foto: LAD, M. Steffen
Vale do rio Lone
As três outras grutas indicadas a patrimônio da humanidade ficam no vale do rio Lone, perto de Heidenheim. Elas se chamam Vogelherd, Hohlenstein Stadel e Bockstein. Da mesma forma como no vale do Ach, os sítios são área protegida. Não podem ser feitas alterações na área sem consentimento das autoridades de defesa do patrimônio. Sem essa garantia, a candidatura à Unesco não teria chance.
Foto: LAD, O. Braasch
A gruta Hohlenstein Stadel
As escavações nas cavernas da Suábia começaram no século 19. Os arqueólogos descobriram ali restos de fogueiras, armas, ferramentas e adornos feitos de pedra, chifre, marfim e osso. Em 1861, foram encontrados na gruta Hohlenstein 10 mil ossos de ursos. Apenas uma parte da caverna é aberta a visitantes.
Foto: Museum Ulm
Figura com traços humanos e de leão
A maior peça encontrada na gruta Hohlenstein Stadel é este artefato em marfim, de 31 cm de altura. Na foto, ele é visto de diferentes perspectivas. A peça, que faz parte do acervo do museu em Ulm, foi reconstruída quase completamente a partir de mais de 300 pedaços. Os arqueólogos não conseguiram identificar se se trata de homem ou mulher, por isso o chamam "Löwenmensch", "humano leão".
Foto: LAD, Y. Mühleis
Gruta Vogelherd
A localização da gruta Vogelherd era perfeita para o homem pré-histórico porque oferece uma ótima vista para o vale. Já se podia avistar os perigos de longe. Ou localizar a caça. Ali foram encontradas dez pequenas figuras de animais feitas de marfim de mamute. Um leão e uma figura de mamute podem ser vistos no parque temático arqueológico que fica junto à caverna.
Foto: LAD, Th. Beutelspacher
Cavalo selvagem
Uma figura de cavalo selvagem de cerca de cinco centímetros é considerada a principal peça encontrada na gruta Vogelherd. Seu pescoço curvado e as formas redondas e elegantes refletem a habilidade artesanal do homem pré-histórico. Ele está exposto no castelo de Tübingen, juntamente com outros achados das cavernas.
Foto: Hilde Jensen, Universität Tübingen
Gruta Bockstein
No rochedo Bockstein, no vale do Lone, há várias cavernas que podem ser acessadas. Os artefatos encontrados apontam que ali já moraram neandertais há mais de 60 mil anos. Em julho próximo, a Unesco vai decidir se "as cavernas com a mais antiga arte da era do gelo" virarão patrimônio cultural da humanidade.