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Poesia

Simone de Mello5 de julho de 2007

Oswald Egger publica um diário de bordo pontilhista e canta cada dia do ano em dez miniaturas poéticas.

'Nada branco'Foto: AP

O
ovo
todo
todo branco

Durante 365 dias, o poeta italiano de língua alemã Oswald Egger compôs dez miniaturas: poemas-pílula de quatro versos que cristalizam uma imagem, cena, episódio, reflexão. O grau de nitidez das aparições varia – ora com contornos nítidos, ora branco sobre branco.

Nihilum album compila 3650 poemas e/ou cantigas, configurando – no conjunto – a percepção de diferentes paisagens: um lacônico diário de bordo por uma topografia descontínua. O mar / me rola embora / sobre as ondas. Trata-se de cantigas de grande elaboração fônica, em parte, recitadas pelo poeta no CD que acompanha a publicação.

"Nada branco", nihilum album, designa um pigmento claro resultante do óxido de zinco. Dias a fio / não vi nada / senão deserto / como outra terra. A poesia de Oswald Egger tende a diluir os contornos da imagem poética em uma textura fônica estendida em longos textos sem começo, meio ou fim. Um contínuo verbal que, mesmo em sua saturação barroca, tem o efeito de um minimalismo monocromático.

"Será que as coisas são cantigas que se detêm em si?", indaga o poeta neste livro que dá voz à apreensão de breves momentos. Oswald Egger, nascido em 1963 em Lana, no Tirol italiano, pode ser considerado um dos mais radicais poetas contemporâneos de língua alemã, que se remete à tradição barroca e moderna em busca de soluções formais para uma nova epopéia das formas.

Oswald Egger: nihilum album (Lieder & Gedichte). Frankfurt: Suhrkamp, 2007; 150p.

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