1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Otan acusa Rússia de violar tratado de armas nucleares

4 de dezembro de 2018

Aliança ocidental se posiciona ao lado dos Estados Unidos em acusações de que Moscou não cumpre pacto dos tempos da Guerra Fria. Washington dá prazo de 60 dias para que Rússia volte a cumprir tratado.

Reunião dos ministros do Exterior da Otan em Bruxelas
Ministros do Exterior da Otan se reuniram em BruxelasFoto: Reuters/Y. Herman

A Otan acusou formalmente nesta terça-feira (04/12) a Rússia de violar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), firmado nos tempos da Guerra Fria. Em declaração, a organização se posicionou ao lado dos Estados Unidos, que vêm acusando Moscou de não cumprir o acordo e ameaçam se retirar do pacto.

"Os aliados concluíram que a Rússia desenvolveu e colocou em campo um sistema de mísseis, o 9M729, que viola o INF e representa um risco significativo para a segurança euro-atlântica", destacaram os ministros do Exterior da Otan, num comunicado, após uma reunião em Bruxelas que abordou a questão.

O comunicado destaca o apoio à conclusão dos Estados Unidos de que Moscou estaria infringindo as obrigações estipuladas pelo tratado. Os ministros exigiram ainda que a Rússia volte a cumprir o INF e garantiram que a preservação do acordo depende do governo russo.

"Os Estados Unidos permanecem em total conformidade com suas ações desde que o INF entrou em vigor. Pedimos à Rússia que volte urgentemente a um cumprimento total e verificável [do tratado]. Agora depende da Rússia preservá-lo", afirmaram os ministros na declaração.

De acordo com os ministros, "não é sustentável" o fato de alguns países cumprirem o tratado e outros não, em referência aos planos dos Estados Unidos de saírem do acordo devido às infrações da Rússia.

O INF  – negociado em 1987 pelo então presidente americano, Ronald Reagan, e pelo líder soviético Mikhail Gorbachev – determinou a eliminação de mísseis nucleares e convencionais de curto alcance por ambos os países. O acordo é considerado a pedra fundamental da segurança europeia.

Em outubro, o presidente americano, Donald Trump, anunciou que os EUA vão se retirar do pacto e justificou a decisão alegando que a Rússia viola o tratado. Moscou nega essas acusações e diz que elas são uma "desculpa" de Washington para justificar sua saída do primeiro tratado de desarmamento da Guerra Fria.

Prazo de 60 dias

Depois do anúncio da Otan, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse que Washington  deu um prazo de 60 dias à Rússia para que volte a cumprir o tratado. "Falamos muito com os russos. Esperamos que mudem o rumo, mas hoje não há nenhuma indicação de que tenham a intenção de fazê-lo", ressaltou.

Na segunda-feira, Trump disse que pretendia conversar com o presidente russo, Vladimir Putin, para evitar uma "grande e incontrolável" corrida armamentista. Nos últimos meses, o líder americano vem ameaçando deixar o INF e aumentar seu potencial nuclear se Rússia e China não atenderem às suas exigências. A China não é signatária do tratado INF e, portanto, pode fabricar livremente armas nucleares de médio alcance.

O INF foi o primeiro acordo para reduzir os arsenais nucleares e que levou à eliminação em 1991 de todos os mísseis balísticos e de cruzeiro de médio e curto alcance de ambas as potências, um passo essencial para pôr fim às tensões da Guerra Fria.

As tensões entre Estados Unidos e Rússia vêm aumentando em meio a uma série de acusações de que Moscou interferiu nas eleições presidenciais americanas de 2016. Os dois países também divergem quanto ao apoio do Kremlin ao governo sírio na guerra civil do país e quanto ao papel russo no conflito na Ucrânia.

As relações entre Moscou e o Ocidente estremeceram ainda mais há duas semanas, depois que a Rússia interceptou e apreendeu três embarcações ucranianas perto do Estreito de Kerch, que liga o Mar Negro ao Mar de Azov. O Kremlin acusa os barcos do país vizinho de invadirem águas territoriais russas perto da Crimeia. A Ucrânia alega que o ataque aconteceu em águas neutras e quando suas embarcações já navegavam de volta para o porto de Odessa.

CN/efe/rtr/ap/afp

______________

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube 

WhatsApp | App | Instagram | Newsletter

Pular a seção Mais sobre este assunto