Otan adverte Brasil, Índia e China sobre laços com a Rússia
16 de julho de 2025
Chefe da aliança militar instou as três nações do Brics a pressionarem o presidente russo, Vladimir Putin, pelo fim da guerra na Ucrânia – ou arriscarem tarifas comerciais ainda mais pesadas dos EUA.
Mark Rutte (c.) disse que possíveis sanções dos EUA devem "impactar o Brasil, a Índia e a China de forma massiva"Foto: Bonnie Cash/newscom/picture alliance
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O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, pediu ao Brasil, à China e à Índia que pressionem a Rússia pelo fim da guerra na Ucrânia, ameaçando as três nações que integram o grupo do Brics com a imposição de sanções por parte dos Estados Unidos.
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou recentemente que imporia "tarifas muito severas" contra a Rússia se nenhum acordo fosse alcançado para encerrar a guerra na Ucrânia em 50 dias. Ele também ameaçou impor tarifa secundária de 100% a países que comprem exportações russas – algo que poderia atingir diretamente países do Brics.
Em reunião com senadores nos EUA, Rutte disse ter certeza de que esses países, especialmente a China, seriam "muito úteis" para pressionar a Rússia.
"Meu incentivo a esses três países, em particular, é que, se você mora em Pequim, ou em Delhi, ou é o presidente do Brasil, talvez queira dar uma olhada nisso, porque isso poderá lhe atingir com muita força", disse Rutte a jornalistas nesta terça-feira (15/07).
"Então, por favor, liguem para [o presidente russo] Vladimir Putin e digam a ele que ele precisa levar as negociações de paz a sério, porque, caso contrário, isso vai impactar o Brasil, a Índia e a China de forma massiva", acrescentou Rutte.
Por que Brasil, Índia e China?
As três nações respondem pela grande maioria do comércio de energia de Moscou. Além disso, são os países centrais do Brics, o grupo das nações em desenvolvimento, juntamente com a África do Sul.
O presidente dos EUA, Donald Trump, também já havia prometido tarifas mais altas para os países do Brics que se alinhassem aos planos do bloco de desafiar a hegemonia dos EUA.
Mesmo antes do anúncio de Trump sobre as tarifas secundárias no início desta semana, os parlamentares americanos vinham trabalhando em um projeto de lei bipartidário visando a imposição de sanções ainda mais duras. A legislação busca uma tarifa de 500% sobre produtos importados de países que continuam comprando petróleo, gás, urânio e outras exportações russas.
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Brics evitou condenar Moscou pela guerra
Na declaração final da cúpula do Brics, realizada no inicio do mês no Rio de Janeiro, os países-membros do grupo voltaram a pedir uma reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas e repudiaram ataques que atingiram pontes ferroviárias da Rússia em junho deste ano, sem, no entanto, mencionar a Ucrânia, que estaria por trás da agressão. Foi a primeira vez que o bloco citou uma ação militar contra Moscou em uma declaração.
O documento foi o primeiro assinado pela nova formação do bloco, que no último ano acatou a adesão de cinco novos países. O grupo atualmente é formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Indonésia.
A expansão do Brics aumentou o peso diplomático do grupo, que busca representar os países em desenvolvimento do Sul Global e reforçar pedidos por reformas em instituições globais.
Rutte e Trump anunciaram acordo para a venda de armas dos EUA aos países da Otan em apoio à UcrâniaFoto: Nathan Howard/REUTERS
Em discurso durante a cúpula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva traçou um paralelo com os países em desenvolvimento que resistiram a se alinhar a qualquer um dos polos da ordem mundial durante a Guerra Fria.
"O Brics é o herdeiro do Movimento dos Não Alinhados", afirmou Lula. "Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em xeque", afirmou.
Os países do Brics representam mais da metade da população mundial e 40% de sua produção econômica, observou Lula em comentários a líderes empresariais, alertando contra o protecionismo.
Europa planeja envio "massivo" de armas a Kiev
Rutte e Trump anunciaram nesta segunda-feira um acordo para a venda de armas dos EUA aos países da Otan. O representante da aliança militar afirmou que os membros repassarão parte desses armamentos à Ucrânia, marcando a retomada da ajuda dos Estados Unidos a Kiev.
Entre as entregas prometidas, estão sistemas antimísseis Patriot, o dispositivo de defesa mais avançado que o Ocidente já enviou à Ucrânia. Cada unidade custa cerca de 3 milhões de euros (R$ 19,5 milhões) – a serem pagos pela União Europeia (UE), segundo o presidente americano.
Nesta terça-feira, Rutte disse que a Europa encontraria o dinheiro para garantir que a Ucrânia estivesse na melhor posição possível nas negociações de paz. Ele afirmou que, sob o acordo com Trump, os EUA agora forneceriam "maciçamente" armas à Ucrânia, "não apenas defesa aérea, também mísseis e munição paga pelos europeus".
Questionado se mísseis de longo alcance para a Ucrânia estavam em discussão, Rutte disse que a ajuda "é tanto defensiva quanto ofensiva". "Portanto, há todos os tipos de armas, mas não discutimos em detalhes ontem com o presidente. Isso está sendo trabalhado agora pelo Pentágono e pelo Comandante Supremo dos Aliados na Europa, juntamente com os ucranianos."
rc/ra (DW, Reuters)
O mês de julho em imagens
Veja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Thibaud Moritz/AFP/Getty Images
Tropas israelenses impedem drusos de cruzar fronteira com a Síria
Membros da comunidade drusa protestaram contra tropas israelenses ao serem impedidos de cruzar a fronteira em direção à Síria. Dezenas tentam chegar a Sweida em busca de familiares. No local, milícias drusas entraram em conflito com combatentes beduínos e forças do governo sírio, deixando centenas de mortos. Em retaliação, Israel lançou bombardeios contra alvos em Damasco. (16/07)
Foto: Jalaa Marey/AFP/Getty Images
Combates no sul da Síria deixam 203 mortos
Israel tem feito ataques contra as forças do governo sírio na região de Sweida, no sul da Síria, sob o argumento de proteger a minoria drusa e desmilitarizar a área próxima à fronteira. Nesta terça-feira, confrontos sectários deixaram ao menos 203 mortos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Após vários dias de conflito, forças do governo foram enviadas à região. (15/07)
Foto: Omar Sanadiki/AP Photo/picture alliance
EUA enviarão Patriots para a Ucrânia financiados pela UE
O presidente Donald Trump anunciou que os Estados Unidos enviarão sistemas de defesa antiaérea Patriot para a Ucrânia para apoiar os combates contra a invasão da Rússia, marcando a retomada da ajuda dos Estados Unidos a Kiev. No entanto, ele afirmou que a União Europeia (UE) é quem "pagará por isso". (13/07)
Foto: U.S. Army/ABACAPRESS/picture alliance
Unesco declara Cânion do Peruaçu, em MG, Patrimônio Mundial
O Cânion do Peruaçu, localizado no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais, foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade. Com 38.003 hectares de extensão, ele abriga um complexo de cavernas, sítios arqueológicos milenares e uma rica biodiversidade. Um dos destaques do local é a Gruta do Janelão, cujas galerias ultrapassam 100 metros de altura (13/7).
Foto: Tony Waltham/robertharding/picture alliance
"Castelo da Cinderela" alemão é declarado Patrimônio Mundial
O castelo de Neuschwanstein, na Baviera, conhecido por ter inspirado filmes de Walt Disney, foi declarado Patrimônio Mundial da Unesco, anunciou a agência da ONU. Três outros edifícios também construídos no final do século 19 sob o comando do rei Ludwig 2º da Baviera, que era obcecado por artes, também foram adicionadas à lista: Herrenchiemsee, Linderhof e Schachen. (12/07)
Foto: Lilly/imageBROKER/picture alliance
Trinta anos do genocídio de Srebrenica
Pessoas se reúnem em um memorial na vila de Potocari, próximo à cidade de Srebenica, onde há 30 anos tropas do general sérvio-bósnio Ratko Mladic promoveram um massacre contra bósnios muçulmanos que estavam em uma zona protegida pela ONU. No local, estão os restos mortais de cerca de 7 mil das 8.372 vítimas conhecidas do genocídio. (11/07)
Foto: Andrej ISAKOVIC/AFP
Lula ameaça retaliar tarifaço de Trump e chama carta de "afronta"
O presidente Lula disse que quer negociar com seu homólogo americano, Donald Trump, para evitar a taxação em 50% de exportações brasileiras, mas que retaliará na mesma medida se a estratégia não der certo. "Se ele vai cobrar 50% de nós, nós vamos cobrar 50% dele", afirmou à TV Record, chamando a carta de Trump com críticas ao Judiciário brasileiro e defesa de Jair Bolsonaro de "afronta". (10/07)
Foto: E. Blondet/W. Oliver/picture alliance
Trump pressiona Brasil e anuncia tarifa extra de 50%
O presidente dos EUA, Donald Trump, reagiu a uma troca de farpas com o governo brasileiro com a imposição de uma taxa extra de 50% sobre todas as exportações brasileiras, a partir de 1º de agosto. A tarifa se somaria aos 10% que o Brasil já paga desde 2 de abril. Ao justificar a medida, americano citou processo de Bolsonaro no STF e política comercial "injusta". (09/07)
Foto: Jacquelyn Martin/AP/picture alliance
Netanyahu indica Trump ao Nobel da Paz
Possível trégua em Gaza e novas conversas com o Irã foram temas na reunião de Donald Trump e Benjamin Netanyahu. Na terceira visita do líder israelense a Washington no segundo mandato de Trump, eles buscaram projetar alinhamento e admiração mútua. Netanyahu até disse ter indicado Trump ao Nobel da Paz e, durante jantar, deu ao americano uma cópia da sua carta ao Comitê do Nobel. (08/07)
Foto: Kevin Lamarque/REUTERS
Polônia reage à Alemanha e inicia controle de fronteiras
A Polônia começou a impor controles em 65 pontos das fronteiras terrestres com a Alemanha e a Lituânia como parte de uma ofensiva contra a migração irregular que gera pressão política tanto em Varsóvia quanto em Berlim. O governo polonês acusa a Alemanha de devolver sistematicamente imigrantes ao seu território, uma medida juridicamente controversa, e diz que há assimetria entre os países. (07/07)
Foto: Lisi Niesner/REUTERS
Brics condena ataques contra seus membros e critica protecionismo
Líderes do grupo de nações em desenvolvimento Brics condenaram os ataques ao Irã, à Faixa de Gaza, à Caxemira indiana e à infraestrutura russa durante a cúpula do bloco que acontece no Rio de Janeiro. Em uma declaração conjunta, os países ainda criticaram o "aumento indiscriminado de tarifas" no comércio internacional e voltaram a pedir uma reforma no Conselho de Segurança da ONU. (06/07)
Foto: Pilar Olivares/REUTERS
Multidão protesta em Tel Aviv por acordo que liberte todos os reféns
Milhares foram às ruas para pressionar o governo a firmar um acordo "sem seleção" que garanta o retorno de todos os reféns mantidos em Gaza. Críticos acusam o premiê Benjamin Netanyahu de adiar as negociações para encerrar a guerra, com o objetivo de preservar sua posição política. Discussões atuais sobre um cessar-fogo entre Israel e Hamas não preveem a libertação de todos os sequestrados.(05/07)
Foto: Ohad Zwigenberg/AP/picture alliance
Enchentes no Texas deixam dezenas de mortos e desaparecidos
Chuvas torrenciais provocaram enchentes repentinas ao longo do rio Guadalupe, no estado americano do Texas, deixando ao menos 24 mortos. As autoridades seguem procurando um grupo de cerca de 20 meninas que participavam de um acampamento de verão próximo às margens do rio. Equipes de resgate estão usando 14 helicópteros e uma dúzia de drones nas buscas. (04/07)
Foto: Patrick Keely/UGC/REUTERS
Em prisão domiciliar, Cristina Kirchner recebe Lula
Após a cúpula do Mercosul em Buenos Aires, Lula visitou a ex-presidente argentina condenada por corrupção. "Lula também foi perseguido, usaram "lawfare contra ele", escreveu Cristina Kirchner no X após o encontro com o líder brasileiro. Ela descreveu a visita como um "ato político de solidariedade".(03/07)
Ondas de calor chegaram mais cedo este ano à Europa, no início do verão, aumentando as temperaturas em até 10°C em algumas regiões. Quatro pessoas morreram na Espanha, duas na França outras e duas na Itália devido às altas temperaturas. Os serviços meteorológicos nacionais emitiram alertas à população sobre o calor excessivo em muitas das maiores cidades do continente, como Roma e Paris (02/07)
Foto: Remo Casilli/REUTERS
Milhares protestam na Turquia contra prisão de oposicionista
Uma multidão protestou em Istambul em apoio ao popular ex-prefeito da cidade, Ekrem Imamoglu, na data que marca os 100 dias de sua prisão. Principal rival político do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ele foi detido por acusações de corrupção em uma investigação considerada por seus apoiadores como politicamente motivada. (01/07)
Foto: Su Cassiano/Middle East Images/AFP/Getty Images