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Otan ameaça retaliar Síria e promete ajuda à Turquia

4 de dezembro de 2012

Aliança militar declara que uso de armas químicas na Síria poderá gerar retaliações por parte da comunidade internacional. Rasmussen assegura apoio militar à Turquia em caso de conflito com o país vizinho.

Foto: dapd

Os ministros do Exterior dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) aprovaram nesta terça-feira (04/12) a transferência de mísseis Patriot para solo turco. Caso o regime de Damasco começe a usar armas químicas contra a oposição, a reação da comunidade internacional "será imediata", declarou o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen.

"Sabemos que a Síria possui mísseis. Sabemos que o país tem armas químicas. E é claro que isso tem que fazer parte de nossas considerações", afirmou Rasmussen. "É essa também a razão da urgência em assegurar uma defesa eficaz e a proteção da Turquia, país-membro de nossa aliança", finalizou o secretário-geral.

Uso inaceitável

O governo norte-americano também manifestou suas preocupações sobre os atos de Assad. O presidente Barack Obama declarou na segunda-feira, durante um simpósio contra a disseminação de armas de destruição em massa, que "o uso de armas químicas é absolutamente inaceitável". Segundo ele, o mundo está com os olhos voltados para a Síria. "Se o país cometer o grave erro de usar essas armas, isso terá consequências, e o regime terá que ser responsabilizado", disse o presidente.

O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, alertou os apoiadores do presidente sírio Bashar al-Assad, afirmando que o uso de armas químicas por Damasco será "levado muito a sério". Segundo o ministro, quem usa armas químicas contra a população de seu próprio país ultrapassa os limites tolerados e terá que responder por seus atos perante a comunidade internacional. O envio dos mísseis Patriot para a fronteira entre a Turquia e a Síria são, neste sentido, nas palavras do ministro, "um sinal claro de que o regime de Assad deverá cessar a violência e os ataques ao território turco".

Westerwelle prevê ampla aprovação do Bundestag ao envio dos mísseisFoto: Reuters

Mísseis alemães, holandeses e norte-americanos

Desde o início de outubro, quando cinco pessoas foram mortas pelas forças sírias na fronteira entre os dois países, o conflito armado na região se perpetua. Rasmussen conta com o envio de mísseis Patriot do tipo PAC-3 da Alemanha, Holanda e EUA. Ele afirma não acreditar que haverá resistências políticas desses três países, cujos mísseis só poderão ser usados após aprovação pelos respectivos parlamentos.

Tão logo houver tal aprovação dos três Estados, os mísseis poderão ser deslocados "em semanas" para a fronteira turco-síria, acrescentou Rasmussen. Não se sabe ao certo onde os tais mísseis ficarão estacionados na Turquia. Segundo o jornal turco Hürriyet, Ancara havia pedido originalmente a presença do sistema de mísseis Patriot em dez províncias do país. O pedido teria sido negado pela Otan, sob o argumento de que o perigo vindo da Síria seria de fato menor do que o propagado pelo governo turco.

O ministro alemão anunciou que o envio dos mísseis deverá ser delibardo por Berlim ainda "esta semana" e acrescentou esperar "amplo apoio parlamentar" na aprovação pelo Bundestag. A ideia é transferir um ou dois mísseis Patriot para a Turquia. Os mísseis podem combater aviões, explosivos e foguetes de média distância, mas não são adequados para o combate de armas de pequeno porte, como morteiros.

Envolvimento de Moscou

Rasmussen destaca que mísseis são destinados apenas à defesaFoto: Reuters

Os ministros do Exterior dos países da Otan tentam, apesar da diferença de postura frente a Damasco, uma aproximação com o governo russo na tentativa de cessar a violência na Síria. Westerwelle lembrou que, apesar das divergências, a Rússia continua sendo um parceiro estratégico importante em questões relacionadas ao desarmamento e ao programa nuclear iraniano. Ele recomenda, por isso, que "as irritações" com determinadas posturas russas não se sobreponham à necessidade de boas parcerias.

Rasmussen deu também sinais ao governo russo – até agora protetor do regime Assad – para que este se empenhe contra uma escalada da violência na região. Para evitar resistência do governo russo, o secretário-geral da Otan salientou que os mísseis Patriot servirão única e exclusivamente para metas de defesa, a fim de proteger a população turca de ataques sírios. Rasmussem deixou tais propósitos claros ao minsitro russo do Exterior, Serguei Lavrov.

Batalha em Damasco

No momento, os rebeldes informam estar preparando uma "batalha em torno de Damasco". Abu al-Fadel, comandante da frente radical-islâmica Al Nusra, afirmou que combatentes de toda a Síria encontram-se a caminho da capital. A mídia próxima ao regime noticiou que as tropas do governo mataram "dezenas de terroristas" nos arredores de Damasco.

Segundo observadores sírios dos direitos humanos em Londres, um jornalista que escrevia para um jornal estatal foi executado pelos rebeldes quando estava a caminho do trabalho em Damasco. As notícias veiculadas sobre a Síria são de difícil confirmação em função do bloqueio a órgãos de imprensa independentes por parte do regime. Desde março de 2011, estima-se que mais de 40 mil pessoas tenham morrido no país em consequência dos conflitos.

SV/ dpa,afp,dapd
Revisão: Francis França

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