1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Otan reforça presença no Mar Báltico após ruptura de cabos

27 de dezembro de 2024

Finlândia apreendeu navio que seria ligado à Rússia, acusado de sabotar redes submarinas de energia e internet. Região acumula incidentes do tipo desde o início da guerra na Ucrânia.

Navio da guarda costeira finlandesa se aproxima de petroleiro
Petroleiro suspeito de ser ligado à Rússia (ao fundo) é acusado de sabotar cabos. Ruptura deve aumentar custo de energia em países bálticosFoto: Finnish Border Guard LEHTIKUVA/HANDOUT/RAJAVARTIOSTO/dpa/picture alliance

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) confirmou nesta sexta-feira (27/12) que aumentará sua presença militar no Mar Báltico após suspeita de sabotagem de um cabo submarino de energia, da rede Estlink 2, e outros quatro cabos de internet.

A Estônia também iniciou uma operação naval para proteger uma rede similar de cabos elétricos, a Estlink 1, e a guarda-costeira da Suécia aumentou a vigilância do tráfego marítimo na região nesta sexta-feira.

Os alertas foram inicialmente emitidos pela Finlândia na quinta-feira, quando o país apreendeu um navio-tanque suspeito de sabotar os cabos de fibra óptica. Autoridades acreditam que o navio faz parte da "frota fantasma" usada pela Rússia para contornar sanções que impedem Moscou de exportar petróleo.

Os países bálticos têm identificado uma série de falhas em cabos de energia, links de telecomunicações e gasodutos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 2022. Em novembro, por exemplo, a Alemanha e Finlândia acusaram uma sabotagem em outro cabo submarino que conecta os países

"Concordamos com a Estônia, e também comunicamos ao secretário-geral da Otan, Mark Rutte, que nosso desejo é ter uma presença mais forte [da aliança militar no Mar Báltico]", disse o presidente da Finlândia, Alexander Stubb, em coletiva de imprensa na quinta-feira.

Em resposta, Rutte informou nas redes sociais que "a Otan aumentará sua presença militar no Mar Báltico", sem dar mais detalhes. A aliança já havia inaugurado um novo quartal naval no norte da Alemanha, em outubro, para coordenar as operações na região. 

Rússia nega envolvimento

A Rússia vem negando qualquer envolvimento nos incidentes identificados pelos países bálticos, incluindo o episódio mais recente relatado pela Finlândia. O navio apreendido carregava petróleo russo, mas navegava sob bandeira das Ilhas Cook.

Nas redes sociais, o ministro das Relações Exteriores da Estônia, Margus Tsahkna, disse que os incidentes se tornaram tão comuns que seria "difícil acreditar" que todos foram causados por acidentes ou erros de navegação.

"Se houver uma ameaça à infraestrutura submarina crítica em nossa região, também haverá uma resposta", publicou no X.

A falha do Estlink 2 começou ao meio-dia de quarta-feira, deixando funcional apenas o Estlink 1, que tem uma capacidade de transmissão de energia inferior. A estimativa é a de que o Estlink 2, que fornecia energia para a Estônia, não volte a operar antes de agosto.

"Frota fantasma" da Rússia

Investigadores finlandeses acreditam que o navio apreendido, registrado nas Ilhas Cook e chamado Eagle S, pode ter causado o dano na rede ao arrastar propositalmente sua âncora no fundo do mar.

Vídeos e fotos publicados na sexta-feira pelo jornal finlandês Ilta-Sanomat mostraram o Eagle S com uma única corrente de âncora estendendo-se para o mar a partir do lado de estibordo, enquanto o espaço onde ficaria a corrente de âncora do lado de bombordo estava vazio.

O serviço de alfândega da Finlândia acredita que o navio compõe a frota fantasma de petroleiros envelhecidos usados para contornar as sanções contra Moscou.

A polícia finlandesa disse que está investigando o Eagle S por "danos criminais" e que membros da tripulação já foram interrogados.

A Caravella LLC FZ, empresa com sede nos Emirados Árabes Unidos e proprietária do Eagle S, e a Peninsular Maritime da Índia, que atua como gerente técnico do navio, não se manifestaram sobre o caso.

Otan quer aumentar presença militar no Mar Báltico também para garantir rotas marítimasFoto: Kristina Kolodin/Bundeswehr/dpa/picture alliance

Danos se repetem

A falha no cabo de energia não desmobiliza o plano da Estônia, Letônia e Lituânia de abandonar o uso de uma rede elétrica da era soviética compartilhada com a Rússia, informou a empresa que opera a rede elétrica na Estônia.

Mas a falha significa que os preços de energia nos países bálticos provavelmente serão mais altos do que o esperado em 2025, disse o analista de mercado de energia da LSEG, Ole Tom Djupskaas.

A polícia sueca ainda está investigando outro caso de violação de dois cabos de telecomunicações que aconteceu em novembro. As autoridades acusam um navio chinês vindo da Rússia como possível culpado.

Já a polícia da Finlândia e da Estônia continuam a investigação sobre os danos no gasoduto Balticconnector e vários cabos de telecomunicações que aconteceram no ano passado. Uma embarcação chinesa também é apontada como responsável pelas falhas neste caso.

Tanto a Finlândia quanto a Suécia se juntaram à Otan após a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, abandonando a neutralidade adotada pelas duas nações desde a Guerra Fria.

O Mar Báltico é visto como estratégico para a Otan, que quer garantir a abertura das rotas marítimas caso a Rússia avance sobre rotas terrestres de países da aliança. 

gq/bl (DW, Reuters, DPA)