Otan lança operação para proteger Polônia de drones russos
12 de setembro de 2025
Aliança diz que manobra russa foi "inaceitável" e prepara resposta militar para defender flaco leste. Varsóvia rejeita argumentação de Trump e Putin de que incursão de drones ocorreu por engano.
Otan amplia missão de defesa contra "provocação" russaFoto: Dursun Aydemir/Anadolu Agency/IMAGO
Segundo o principal comandante militar da Otan na Europa, Alexus Grynkewich, a missão batizada de Sentinela Oriental (Eastern Sentry) adicionará equipamentos militares da França, Dinamarca, Alemanha e Reino Unido às bases aéreas e terrestres já existentes.
"A Polônia e os cidadãos de toda a aliança devem estar tranquilos com nossa resposta rápida no início desta semana", afirmou Grynkewich.
Caças Rafale franceses, F-16 dinamarqueses, uma fragata e novos sistemas de defesa terrestre foram prometidos para a missão, que começa já na noite desta sexta-feira.
O objetivo, segundo ele, é dissuadir uma possível agressão russa na região. "A chave para isso é um desenho de defesa totalmente novo", disse o general em coletiva de imprensa em Bruxelas.
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Otan vê "imprudência" russa
O incidente na Polônia levantou dúvidas sobre a preparação da Otan para ataques de drones e a segurança do transporte aéreo civil europeu.
Na ocasião, a Polônia derrubou a maior parte dos 19 drones que invadiram seu espaço aéreo. No entanto, dois dispositivos atingiram o solo. Esta foi a primeira vez que um membro da aliança militar precisou abrir fogo diante do contexto da guerra russa na Ucrânia.
Diversos líderes europeus classificaram o episódio como uma provocação, e Varsóvia vê uma tentativa russa de testar a capacidade de resposta da Otan. A Alemanha informou que ampliou a vigilância aérea sobre a Polônia e convocou o embaixador russo nesta sexta-feira.
"Embora esta tenha sido a maior concentração de violações do espaço aéreo da Otan que já vimos, o que aconteceu na quarta-feira não foi um incidente isolado", disse o secretário-geral do Tratado, Mark Rutte, destacando que incidentes semelhantes de menor escala já foram registrados em países como Romênia, Estônia e mesmo na Polônia.
"A imprudência da Rússia no ar ao longo de nosso flanco leste está aumentando em frequência. Seja intencional ou não, é perigoso e inaceitável", continuou ao lado de Grynkewich.
Polônia e Otan ampliam coordenação militar Foto: Poland's Prime Ministers office/UPI Photo/newscom/picture alliance
Polônia rejeita tese de incursão enganosa
Também nesta sexta-feira, a Polônia rejeitou a afirmação do presidente dos EUA, Donald Trump, de que a incursão dos drones russos teria ocorrido por engano.
A repórteres, Trump endossou a justificativa russa de que Moscou não tinha intenção de atingir o território polonês. O Kremlin alegou que os drones foram lançados contra alvos na Ucrânia e que o desvio não foi proposital.
Nas redes sociais, o primeiro-ministro polonês Donald Tusk descartou a argumentação. "Também gostaríamos que o ataque de drones à Polônia tivesse sido um erro. Mas não foi. E nós sabemos disso", afirmou.
Para Varsóvia, contradizer Trump de forma direta é algo quase inédito e um sinal da preocupação europeia com a disposição do presidente americano em dar peso à versão de Moscou.
A Polônia está entre os aliados mais próximos dos EUA na Europa. Tem elogiado Trump por exigir maior gasto militar europeu e, em contrapartida, foi exaltada pela Casa Branca por dedicar a maior fatia de sua economia à defesa entre todos os aliados da Otan.
À agência de notícias Reuters, o ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, disse que o país espera que Washington tome medidas para demonstrar solidariedade com Varsóvia.
Já Grynkewich, que é americano, e Rutte minimizaram as falas de Trump e afirmaram que os EUA estão engajados na segurança da aliança.
O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir nesta sexta-feira, a pedido da Polônia, para discutir o incidente.
Militares avaliam drone russo abatido. Incursão é vista como tentativa de testar resposta da OtanFoto: Anita Walczewska/Eastnews/IMAGO
Putin suspende negociações de paz
Para líderes europeus, o incidente na Polônia mostra que o presidente russo Vladimir Putin não tem interesse em um acordo de paz na Ucrânia. Nesta sexta-feira, o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov afirmou que seu governo suspendeu as negociações pelo fim da guerra.
Autoridades europeias estiveram em Washington nesta semana na tentativa de coordenar sanções contra a Rússia com a Casa Branca. O anúncio conjunto de sanções era prática comum anteriormente, mas não ocorreu desde o retorno de Trump ao poder.
O Tesouro dos EUA se limitou a pedir aos países do G7 e da União Europeia que impusessem "tarifas significativas" sobre produtos da China e da Índia para impedir suas compras de petróleo russo. Também convocou uma reunião emergencial de ministros das Finanças do grupo das nações desenvolvidas para coordenar esforços pelo fim da guerra.
Os países da UE concordaram nesta sexta-feira em prorrogar regularmente, a cada seis meses, a lista existente de proibições de viagem e congelamentos de contas de pessoas e empresas devido à invasão russa.
Rússia e Belarus realizam exercício militar
A Rússia e sua aliada Belarus iniciaram nesta sexta-feira um exercício militar conjunto de grandes proporções, com manobras em ambos os países e nos mares Báltico e de Barents.
Descartando preocupações estrangeiras, Dmitry Peskov, disse que os países da Europa Ocidental sofrem de "sobrecarga emocional" e que a Rússia não representa ameaça a eles.
A Rússia também prosseguiu com ataques à Ucrânia, matando três pessoas na região de Sumy, no norte do país, ao longo do dia.
Drones ucranianos atacaram o porto russo de Primorsk, no noroeste, incendiando um navio e uma estação de bombeamento, informou o governador regional. Foi o primeiro ataque de drone contra um dos maiores terminais de exportação de petróleo e combustível do país.
gq (Reuters, AP, OTS)
O mês de setembro em imagens
Veja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Sergio Lima/AFP
Netanyahu admite isolamento de Israel em meio à guerra em Gaza
Em um raro reconhecimento do isolamento decorrente das críticas internacionais a Israel devido à guerra em Gaza, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, culpou as minorias na Europa que promovem "ideologia antissemita e islâmica extremista" e defendeu ataques de seu país além de suas fronteiras, como o realizado no Catar, para "proteger seus cidadãos". (15/09)
Foto: Nathan Howard/AFP/Getty Images
Ato pró-palestinos interrompe Volta da Espanha em Madri
Protestos pró-palestinos interromperam a etapa final da Volta da Espanha, em Madri, uma das três maiores competições anuais do ciclismo mundial. Os ativistas protestavam contra a participação de uma equipe israelense na prova. O grupo derrubou barreiras de metal e ocupou diversos pontos do trajeto da corrida. Duas pessoas foram presas e 22 policiais ficaram feridos. (14/09)
Foto: Manu Fernandez/AP Photo/picture alliance
Ultradireita britânica reúne 110 mil em manifestação anti-imigração
Milhares de pessoas tomaram as ruas de Londres em uma das maiores manifestações da ultradireita britânica dos últimos anos. Os participantes carregavam bandeiras da Inglaterra, do Reino Unido e cartazes com mensagens anti-imigração. Nove pessoas foram presas após confrontos com policiais. (13/09)
Foto: Alex Day/Avalon/Photoshot/picture alliance
Suspeito de matar Charlie Kirk é preso nos EUA
Autoridades americanas capturaram o suspeito de assinar o ativista de ultradireita Charlie Kirk. Em uma coletiva de imprensa, o governador de Utah, Spencer Cox, indicou que o assassinato teve motivação política. Cox também disse que os investigadores encontraram um fuzil envolto em uma toalha e que a arma tinha uma mira telescópica acoplada. (12/09)
Foto: FBI/ZUMA/picture alliance
Bolsonaro é condenado a 27 anos de prisão por cinco crimes
Primeira Turma do STF condenou de forma inédita um ex-presidente brasileiro pelos crimes de golpe de Estado, organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Bolsonaro foi tomado como líder da organização criminosa. Outros sete réus do "núcleo crucial" também receberam penas de reclusão. (11/09)
Foto: Sergio Lima/AFP
Influenciador aliado de Trump morre baleado nos EUA
O ativista e influenciador de ultradireita Charlie Kirk, 31 anos, importante aliado do presidente Donald Trump, foi baleado em uma universidade dos EUA. Kirk foi levado a um hospital, mas sua morte foi anunciada pouco depois por Trump. Ele respondia a perguntas em um evento ao ar livre, em Utah, quando o ataque aconteceu. (10/09)
STF tem 2 votos para condenar Bolsonaro e mais 7 réus por golpe
Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), votaram pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. Assim, o julgamento na Primeira Turma do STF tem placar de 2 a 0 pela condenação, faltando três votos. (09/09)
Foto: Eraldo Peres/AP Photo/picture alliance
Em crise política, França perde mais um primeiro-ministro
Quarto premiê francês em dois anos, centrista François Bayrou perdeu moção de confiança na Assembleia Nacional da França e deixa o governo após menos de 10 meses. País vive crise fiscal e enfrenta disparada da dívida pública. Políticas orçamentárias do primeiro-ministro desagradaram o parlamento e agora pressionam o mandato de Emmanual Macron. (08/09)
Foto: Bertrand Guay/AFP
Primeiro santo millenial
O Papa Leão 14 celebrou a canonização de Carlo Acutis, o primeiro santo da geração millennial, durante uma missa solene na Praça de São Pedro. O adolescente italiano nascido em Londres em 1991, conhecido por criar um site dedicado a catalogar milagres eucarísticos e apelidado de "influenciador de Deus", foi reconhecido pelos fiéis por unir tecnologia e devoção na promoção da fé católica. (07/09)
Foto: Andrew Medichini/AP Photo/dpa/picture alliance
Japão celebra maioridade do sucessor imperial
O príncipe Hisahito de Akishino, segundo na linha de sucessão ao Trono do Crisântemo, completou 19 anos neste sábado, em um dia marcado pela sua cerimônia de maioridade. Os rituais protocolares permitirão ao príncipe começar a participar da agenda oficial da família imperial do Japão e lhe abrem caminho para um futuro reinado. (06/09)
Foto: Japan Pool/Jiji Press/AFP
Novo vídeo mostra reféns israelenses
O grupo radical palestino Hamas divulgou um novo vídeo marcando os 700 dias do início da ofensiva israelense contra Gaza, no qual mostra os reféns israelenses Guy Gilboa-Dalal e Evyatar David. Na foto, manifestantes homenageiam as vítimas do Hamas e os reféns sequestrados durante os ataques a Israel em 7 de outubro de 2025. (05/09)
Foto: Israel Hadari/ZUMA/picture alliance
Macron afirma que 26 países apoiam força de garantia para a Ucrânia
Uma cúpula em Paris com o presidente francês, Emmanuel Macron, seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelenski, e líderes europeus, alguns por videoconferência, discutiu como aliados ajudariam Kiev a se proteger de investidas russas caso haja acordo para encerrar a guerra. "No dia em que o conflito acabar, as garantias de segurança serão mobilizadas", afirmou Macron. (04/09)
Foto: Ludovic Marin/AFP
Acidente com bondinho em Lisboa deixa ao menos 15 mortos
Pelo menos 15 pessoas morreram e 18 ficaram feridas nesta quarta-feira após o Elevador da Glória, uma popular atração turística de Lisboa, descarrilar. Imagens mostram que o bondinho tombou em um local onde o trilho faz uma curva e se chocou contra um prédio. Uma investigação sobre as causas do acidente foi iniciada. (03/09)
Acadêmicos acusam Israel de cometer genocídio em Gaza
A Associação Internacional de Acadêmicos de Genocídio – a maior organização profissional de acadêmicos que estudam os extermínios em massa – afirmou que Israel está cometendo genocídio em sua ofensiva na Faixa de Gaza e acusou o país de cometer crimes contra a humanidade e de guerra. Opinião se soma a coro cada vez maior de entidades que usam o termo para descrever as ações de Israel. (01/09)
Foto: Mohammed Ali/Xinhua/picture alliance
Começa julgamento de Bolsonaro e demais acusados por trama golpista
Teve início no STF o julgamento do ex-presidente e de outros sete réus acusados de formar o núcleo central do grupo acusado de tentar um golpe de Estado após as eleições de 2022. Entre os réus estão o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, os ex-ministros da defesa Braga Netto, da Justiça, Anderson Torres e ex-chefe do GSI, Augusto Heleno. (02/09)