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Otan suspende cooperação com Rússia

1 de abril de 2014

Em encontro em Bruxelas, Aliança Atlântica estuda medidas para obrigar Moscou a um recuo em relação à Ucrânia e proteger demais países do Leste Europeu. Rússia eleva preços do gás, aumentando pressão sobre ucranianos.

Foto: Reuters/Francois Lenoir

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) suspendeu a cooperação civil e militar com a Rússia, em represália às ações do país na Ucrânia, sobretudo a recente anexação da península da Crimeia. A decisão foi anunciada durante o encontro de ministros do Exterior da aliança em Bruxelas, nesta terça-feira (01/04).

Por outro lado, a Otan disse que pretende intensificar o diálogo político com Moscou, no nível de embaixadores. As relações com a Rússia deverão ser reestudadas durante a próxima conferência dos ministros, em junho.

Segundo informou uma porta-voz, a Aliança Atlântica se prepara, paralelamente, para o estacionamento e reforço dos "meios militares" em seus países-membros do Leste Europeu. Os militares da Otan também receberam o mandato de "verificar" seus planos de manobras, e a tropa de reação rápida Nato Response Force poderá ser colocada em alerta, acrescentou a mesma fonte.

A suspensão da cooperação com Moscou é o primeiro resultado do encontro ministerial de dois dias em torno da crise no Leste Europeu. Espera-se também que sejam estabelecidas medidas mais rigorosas de segurança, a fim de proteger Polônia, Romênia e Países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia).

No encontro em Bruxelas, o representante da Polônia reivindicou a mobilização de tropas da Otan em direção ao leste da Europa, numa proposta rejeitada pelo secretário-geral da aliança, Anders Fogh Rasmussen.

Retirada russa desmentida

Na abertura do encontro, Rasmussen questionou a alegação, feita pelo Ministério russo da Defesa na véspera, de que Moscou retirara das fronteiras ucranianas um batalhão com cerca de 500 homens.

"Isso não é o que nós vimos. E esse acúmulo militar maciço não pode, de forma alguma, contribuir para a distensão, como todos nós queremos. Por isso, eu continuo instando a Rússia a retirar seus soldados, cumprir sua obrigação internacional e entabular um diálogo construtivo com a Ucrânia", declarou o chefe da Otan aos repórteres reunidos na capital belga.

Anders Fogh Rasmussen fala a ministros reunidos em BruxelasFoto: Reuters/Francois Lenoir

Sob a condição de anonimato, uma autoridade militar da aliança que reúne 28 nações revelou à agência de notícias AP a presença de 35 mil a 40 mil militares russos nas cercanias da fronteira com a Ucrânia, equipados com tanques e outros veículos blindados, assim como com aeronaves e helicópteros. A fonte da Otan descreveu o contingente como "uma força de combate completa", altamente ameaçadora para a Ucrânia.

Moscou aumenta pressão

Nesta terça-feira, com base numa resolução do Parlamento em Moscou, a empresa Gazprom anunciou um aumento de mais de 40% no preço do gás natural fornecido à Ucrânia. Isso implicará um acréscimo de 50% no preço aos consumidores ucranianos, a partir de maio. A empresa estatal russa também ameaçou exigir a devolução de descontos bilionários acertados com o ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovitch, deposto em fevereiro.

O Parlamento russo decidiu, ainda, pela anulação dos acordos com a Ucrânia relativos ao arrendamento da base da frota nacional da Rússia no Mar Negro pelo equivalente a 71 milhões de euros, até 2042. A localização da base, a península da Crimeia, tornou-se território russo a partir de um referendo, no início de março.

Apesar da presença militar russa nas fronteiras ucranianas e da anexação da Crimeia, condenada internacionalmente, o presidente Vladimir Putin e outras autoridades russas seguem assegurando não haver qualquer intenção de invadir outras regiões do país vizinho.

AV/ap/dpa/rtr

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