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Ouro para a pesquisa

jw9 de janeiro de 2004

O Banco Central alemão estaria cogitando de vender 500 toneladas de suas reservas de ouro. Mas o presidente do BC, Ernst Welteke, quer fazer tudo para que o ministro das Finanças, Hans Eichel, não receba nenhum centavo.

Reservas em ouro: do cofre para as cabeças?Foto: dpa

No fim do ano 2004 terminará o chamado Acordo de Washington, que nos últimos cinco anos obrigou 15 bancos centrais europeus a limitarem suas vendas anuais de ouro a duas mil toneladas – triplicando dessa maneira o preço da onça de ouro. No próximo verão, o acordo será renegociado.

Entupindo cofres – Hoje restam poucos vendedores de grande porte: os ingleses, belgas, holandeses, também os suíços não perderam tempo e já se separaram de quantidades significativas do metal precioso. No entanto, o cofre do Banco Central da Alemanha (Bundesbank) ainda está cheio. Mais de três mil toneladas, quase 300 mil barras, estão amontoadas ali. É uma herança de tempos passados, em que o ouro ainda tinha de assegurar a estabilidade das taxas de câmbio. Mas desde o colapso desse sistema, chamado de modelo de Bretton Woods, nos anos 70, o ouro perdeu essa função.

O segundo mais valioso tesouro aurífero do mundo – depois do Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve Bank) – é visto hoje em dia como capital morto sem renda de juros. E daqui em diante, o Bundesbank gostaria de transformá-lo em lucro. Algo até agora proibido: o acordo de Washington restringia a venda do ouro a 20 toneladas do total da reserva.

Mas com as novas negociações do acordo em 2004, as condições para a Alemanha poderão mudar: o Bundesbank pelo menos já abriu o jogo e declarou querer liberar o volume de 400 a 600 toneladas até o fim de 2009. O presidente do Bundesbank, Ernst Welteke, espera ganhar da venda mais de quatro bilhões de euros, já que o antigo preço de compra do ouro fica muito abaixo do preço atual.

De olhos grandes – A idéia de um dinheiro extra deve soar bem nos ouvidos do governo alemão que vive com um déficit orçamentário de 4,1%.

Ernst Welteke, presidente do Bundesbank

Mas o presidente do Bundesbank ném pensa em deixar o lucro da venda nas mãos do chanceler federal Gerhard Schröder e do seu ministro das Finanças, Hans Eichel. “Se fizéssemos sempre as vontades do governo, nosso ouro já estaria completamente distribuído há muito tempo”, disse Welteke. Sua idéia é investir o dinheiro e com os juros financiar as áreas de pesquisa e de formação, na sua opinião as com os maiores déficits na sociedade alemã.

Mas a lei exige que o Bundesbank entregue os rendimentos da venda ao governo. Seria preciso uma nova legislação, porém ninguém sabe se os políticos estarão dispostos a renunciar a esse direito. Por outro lado, não há como forçar o presidente do Bundesbank a vender as reservas. “Tenho certeza absoluta de que o Bundesbank prefere não vender a entregar o dinheiro ao orçamento geral”, disse Wolfgang Wrzesniok-Rossbach, do instituto financeiro Dresdner Kleinwort Wasserstein.

O ouro fica onde está – Vendendo ou não, ninguém vai mexer nas barras de ouro. A maior parte do ouro alemão está guardada no porão do Federal Reserve Bank em Nova York – barra por barra até o teto. Antigamente, em caso de venda o ouro era transferido de um banco ao outro – em pequenos carrinhos de mão. Hoje em dia, apenas se registra a transferência do patrimônio. As barras de ouro permanecem onde estão.

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