Pílula contra covid é quase 90% eficaz, diz Pfizer
14 de dezembro de 2021
Estudos mostram que medicamento desenvolvido pela farmacêutica reduz em 89% o risco de mortes e hospitalizações pela doença. Pílula também funciona contra a variante ômicron, afirma a empresa.
Anúncio
A farmacêutica americana Pfizer anunciou nesta terça-feira (14/12) que estudos clínicos recentes confirmaram que sua pílula experimental para o tratamento da covid-19, chamada de Paxlovid, reduz em quase 90% o risco de hospitalização ou morte pela doença em adultos.
Além disso, a empresa também afirmou, em comunicado, que os dados mais recentes confirmam que o medicamento é "um inibidor potente" da variante ômicron do coronavírus.
O Paxlovid ainda não foi aprovado pelo órgão regulador dos Estados Unidos, a FDA. No início deste mês, o diretor-executivo da Pfizer, Albert Bourla, disse estar otimista para receber o sinal verde para a comercialização ainda em 2021.
Os estudos clínicos realizados pela companhia indicaram que a redução do risco de internação ou morte por covid-19 foi de 89%, quando o comprimido foi administrado nos três dias seguintes ao aparecimento dos primeiros sintomas, confirmando resultados iniciais apresentados no começo de novembro.
Quando o medicamento é utilizado nos cinco dias posteriores ao início dos sinais da doença, a taxa é praticamente a mesma: 88%.
"Esta notícia fornece mais corroboração de que nosso candidato a antiviral oral, se autorizado ou aprovado, pode ter um impacto significativo na vida de muitos", disse Bourla, em um comunicado, ressaltando que o o novo medicamento poderia "salvar vidas".
Anúncio
Nenhuma morte entre os que receberam o medicamento
De todos os pacientes que utilizaram o Paxlovid, apenas 0,7% foram hospitalizados nos 28 dias posteriores à participação no estudo. Além disso, não houve registro de mortes entre os voluntários que receberam o medicamento.
Já entre os participantes que não receberam a pílula, ou seja, tomaram o placebo, 6,5% foram internados ou morreram, informou a Pfizer. Entre o grupo dos que receberam o placebo, foram notificadas 12 mortes.
A pesquisa foi realizada com 2.246 adultos residentes nas América do Norte e do Sul, Europa, África e Ásia, sendo que 41% do público se concentrou nos Estados Unidos.
Os voluntários foram pessoas diagnosticadas com a covid-19 nos cinco dias anteriores e todas apresentavam ao menos uma condição médica que as tornava paciente de risco de desenvolver forma grave da doença.
O Paxlovid é uma combinação de dois medicamentos: o nirmatrelvir, uma nova droga experimental, e ritonavir, um antiviral já existente e usado contra o HIV. No total, são administrados 30 comprimidos em um período de cinco dias.
O nirmatrelvir atua bloqueando a ação de uma enzima que o coronavírus precisa para se replicar. Já o ritonavir é administrado para retardar a degradação do nirmatrelvir no organismo, aumentando a sua eficácia.
Medicamento semelhante
Outro comprimido contra a covid-19, o molnupiravir, da farmacêutica Merck, já foi autorizado no Reino Unido e aguarda autorização nos Estados Unidos.
No entanto, os resultados finais do estudo foram desanimadores e mostraram que o molnupiravir reduziu em apenas 30% as hospitalizações e mortes por covid-19. Além disso, há preocupações quanto à segurança do medicamento. A Merck recomendou que o molnupiravir não seja usado por mulheres grávidas, após estudos com animais levantarem preocupações com fetos.
Vacina da Pfizer
Também nesta terça-feira, a divulgação de um estudo preliminar de larga escala na África do Sul mostrou que duas doses da vacina contra a covid-19 da Pfizer, deselvolvida em parceria com a alemã BioNTech, ofereceuma proteção de apenas 33% contra uma infecção com a variante ômicron do novo coronavírus, mas de 70% contra hospitalizações.
O estudo, o primeiro de larga escala sobre a nova variante e feito na região onde ela foi descoberta, indica que as suposições iniciais de que ela é mais contagiosa e mais resistente às vacinas estavam corretas, embora o imunizante ainda ofereça ampla proteção contra casos graves da doença.
le/ek (Efe, Reuters, AFP, ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine