Países árabes pedem pressão sobre Israel após ataque em Doha
16 de setembro de 2025
Quase 60 nações árabes e islâmicas pedem que mundo revise relações com Israel após bombardeio no Catar. Ao lado de Rubio, premiê Netanyahu reconhece isolamento crescente de Israel e diz temer sanções.
Cúpula de emergência dos países árabes foi convocada após ataque israelense contra membros do Hamas em DohaFoto: Mahmud Hams/AFP
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Líderes de quase 60 Estados árabes e islâmicos instaram países ao redor do mundo a rever seus laços diplomáticos e econômicos com Israel até que o país encerre a guerra na Faixa de Gaza.
Os países presentes na cúpula instaram "todos os Estados a tomarem todas as medidas legais e eficazes possíveis para impedir que Israel continue suas ações contra o povo palestino", incluindo "rever as relações diplomáticas e econômicas com o país e dar início a processos judiciais".
A declaração final da cúpula sugere ainda a imposição de sanções e um embargo do comércio de armas para Israel. Os 57 Estados-membros da OCI também devem unir forças dentro das Nações Unidas para suspender a filiação de Israel na entidade.
Os participantes condenaram "a brutal agressão israelense contra o Catar e a continuidade de práticas israelenses agressivas, incluindo crimes de genocídio, limpeza étnica e fome", bem como os assentamentos e as políticas expansionistas, afirmando que elas minam qualquer perspectiva de paz na região.
Na semana passada, Israel lançou um ataque inédito contra membros do Hamas que se encontravam em Doha. Aviões israelenses bombardearam uma área residencial na cidade, deixando seis mortos, incluindo um oficial de segurança do Catar, e ferindo outras 18. O grupo palestino afirmou que seus líderes sobreviveram.
Netanyahu acusa "hipocrisia"
O ataque, que ocorreu em meio a negociações em andamento sobre um cessar-fogo e um acordo de libertação de reféns entre Israel e o Hamas, atraiu críticas globais e motivou a realização da cúpula de emergência.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou as críticas internacionais a seu país durante uma entrevista ao lado do secretário de Estado americano, Marco Rubio, nesta segunda-feira em Jerusalém.
"É direito de todo país, sob o direito internacional, se defender além de suas fronteiras contra aqueles que matariam seus cidadãos", disse Netanyahu.
Ao Lado de Rubio (esq.), Benjamin Netanyahu, rejeitou as críticas a seu país pelo ataque a membros do Hamas em DohaFoto: Nathan Howard/AFP/Getty Images
Ele disse que outros países não devem fornecer refúgios para terroristas e que ninguém condenou os Estados Unidos por suas ações contra a Al-Qaeda no Afeganistão e no Paquistão após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
As críticas internacionais a Israel, na visão do premiê, seriam, portanto, de um "imenso cinismo e hipocrisia".
Israel teme isolamento e sanções
Num raro reconhecimento do isolamento decorrente das críticas internacionais à guerra em Gaza, Netanyahu disse que Israel enfrenta uma ameaça econômica de sanções e outras medidas.
Ele atribuiu o isolamento às minorias na Europa que promovem "ideologia antissionista e islâmica extremista", e a países como o Catar, que, segundo afirmou, investem na formação do discurso global por meio das redes sociais.
"Isso leva a sanções contra Israel e altera a posição internacional de Israel [...] e gera uma espécie de isolamento", disse Netanyahu. "Podemos romper com esse isolamento, mas precisamos investir pesadamente em contramedidas, particularmente em operações de influência na mídia e nas redes sociais."
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Rubio minimiza crise com Catar após ataque
O secretário de Estado americano programou uma passagem rápida pelo Catar nesta terça-feira, antes de voar para Londres para se juntar ao presidente dos EUA, Donald Trump, em sua visita de Estado ao Reino Unido.
"Entendemos que eles [Catar] não estão felizes com o que aconteceu", disse Rubio em Jerusalém. Mas "ainda temos o Hamas, ainda temos reféns e ainda temos uma guerra. Todas essas coisas ainda precisam ser resolvidas, e estamos esperançosos de que o Catar e todos os nossos parceiros do Golfo continuem a acrescentar algo construtivo."
Tanto Netanyahu quanto Rubio disseram que a única maneira de encerrar o conflito em Gaza é por meio da eliminação do Hamas e da libertação dos 48 reféns restantes, dos quais Israel acredita que cerca de 20 ainda estejam vivos.
O Hamas afirmou que só libertará os reféns restantes em troca de prisioneiros palestinos, um cessar-fogo duradouro e a retirada israelense de Gaza. As declarações dos dois lados frustram as esperanças de um cessar-fogo que possa levar ao fim do conflito.
A guerra em Gaza foi desencadeada pelos ataques terroristas em Israel por militantes do Hamas, que mataram cerca de 1.200 pessoas e capturaram 251 reféns, segundo dados israelenses. A reação militar israelense em Gaza matou mais de 64 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde do enclave palestino, administrado pelo Hamas
rc/as (DPA, Reuters, AP)
O mês de setembro em imagens
Veja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Sergio Lima/AFP
Bolsonaro recebe alta médica; biópsia indica câncer de pele
Ex-presidente recebeu alta hospitalar um dia após ser internado no Hospital DF Star, em Brasília, em razão de um quadro de vômito e queda de pressão arterial. Segundo boletim médico, biópsia de duas lesões retiradas no último domingo apontou a presença de carcinoma, tipo comum de câncer de pele. Retirada das manchas cutâneas descarta necessidade de tratamentos adicionais. (17/09)
Foto: Julia Maretto/AFP
Comissão da ONU acusa Israel de genocídio em Gaza
Uma comissão independente de inquérito do Conselho de Direitos Humanos da ONU acusou Israel de estar cometendo genocídio na Faixa de Gaza, atingindo quatro dos cinco critérios da Convenção das Nações Unidas para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio. O Ministério do Exterior de Israel afirmou que "rejeita categoricamente esse relatório distorcido e falso". (16/09)
Foto: Ali Jadallah/Anadolu/picture alliance
Netanyahu admite isolamento de Israel em meio à guerra em Gaza
Em um raro reconhecimento do isolamento decorrente das críticas internacionais a Israel devido à guerra em Gaza, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, culpou as minorias na Europa que promovem "ideologia antissemita e islâmica extremista" e defendeu ataques de seu país além de suas fronteiras, como o realizado no Catar, para "proteger seus cidadãos". (15/09)
Foto: Nathan Howard/AFP/Getty Images
Ato pró-palestinos interrompe Volta da Espanha em Madri
Protestos pró-palestinos interromperam a etapa final da Volta da Espanha, em Madri, uma das três maiores competições anuais do ciclismo mundial. Os ativistas protestavam contra a participação de uma equipe israelense na prova. O grupo derrubou barreiras de metal e ocupou diversos pontos do trajeto da corrida. Duas pessoas foram presas e 22 policiais ficaram feridos. (14/09)
Foto: Manu Fernandez/AP Photo/picture alliance
Ultradireita britânica reúne 110 mil em manifestação anti-imigração
Milhares de pessoas tomaram as ruas de Londres em uma das maiores manifestações da ultradireita britânica dos últimos anos. Os participantes carregavam bandeiras da Inglaterra, do Reino Unido e cartazes com mensagens anti-imigração. Nove pessoas foram presas após confrontos com policiais. (13/09)
Foto: Alex Day/Avalon/Photoshot/picture alliance
Suspeito de matar Charlie Kirk é preso nos EUA
Autoridades americanas capturaram o suspeito de assinar o ativista de ultradireita Charlie Kirk. Em uma coletiva de imprensa, o governador de Utah, Spencer Cox, indicou que o assassinato teve motivação política. Cox também disse que os investigadores encontraram um fuzil envolto em uma toalha e que a arma tinha uma mira telescópica acoplada. (12/09)
Foto: FBI/ZUMA/picture alliance
Bolsonaro é condenado a 27 anos de prisão por cinco crimes
Primeira Turma do STF condenou de forma inédita um ex-presidente brasileiro pelos crimes de golpe de Estado, organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Bolsonaro foi tomado como líder da organização criminosa. Outros sete réus do "núcleo crucial" também receberam penas de reclusão. (11/09)
Foto: Sergio Lima/AFP
Influenciador aliado de Trump morre baleado nos EUA
O ativista e influenciador de ultradireita Charlie Kirk, 31 anos, importante aliado do presidente Donald Trump, foi baleado em uma universidade dos EUA. Kirk foi levado a um hospital, mas sua morte foi anunciada pouco depois por Trump. Ele respondia a perguntas em um evento ao ar livre, em Utah, quando o ataque aconteceu. (10/09)
STF tem 2 votos para condenar Bolsonaro e mais 7 réus por golpe
Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), votaram pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. Assim, o julgamento na Primeira Turma do STF tem placar de 2 a 0 pela condenação, faltando três votos. (09/09)
Foto: Eraldo Peres/AP Photo/picture alliance
Em crise política, França perde mais um primeiro-ministro
Quarto premiê francês em dois anos, centrista François Bayrou perdeu moção de confiança na Assembleia Nacional da França e deixa o governo após menos de 10 meses. País vive crise fiscal e enfrenta disparada da dívida pública. Políticas orçamentárias do primeiro-ministro desagradaram o parlamento e agora pressionam o mandato de Emmanual Macron. (08/09)
Foto: Bertrand Guay/AFP
Primeiro santo millenial
O Papa Leão 14 celebrou a canonização de Carlo Acutis, o primeiro santo da geração millennial, durante uma missa solene na Praça de São Pedro. O adolescente italiano nascido em Londres em 1991, conhecido por criar um site dedicado a catalogar milagres eucarísticos e apelidado de "influenciador de Deus", foi reconhecido pelos fiéis por unir tecnologia e devoção na promoção da fé católica. (07/09)
Foto: Andrew Medichini/AP Photo/dpa/picture alliance
Japão celebra maioridade do sucessor imperial
O príncipe Hisahito de Akishino, segundo na linha de sucessão ao Trono do Crisântemo, completou 19 anos neste sábado, em um dia marcado pela sua cerimônia de maioridade. Os rituais protocolares permitirão ao príncipe começar a participar da agenda oficial da família imperial do Japão e lhe abrem caminho para um futuro reinado. (06/09)
Foto: Japan Pool/Jiji Press/AFP
Novo vídeo mostra reféns israelenses
O grupo radical palestino Hamas divulgou um novo vídeo marcando os 700 dias do início da ofensiva israelense contra Gaza, no qual mostra os reféns israelenses Guy Gilboa-Dalal e Evyatar David. Na foto, manifestantes homenageiam as vítimas do Hamas e os reféns sequestrados durante os ataques a Israel em 7 de outubro de 2025. (05/09)
Foto: Israel Hadari/ZUMA/picture alliance
Macron afirma que 26 países apoiam força de garantia para a Ucrânia
Uma cúpula em Paris com o presidente francês, Emmanuel Macron, seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelenski, e líderes europeus, alguns por videoconferência, discutiu como aliados ajudariam Kiev a se proteger de investidas russas caso haja acordo para encerrar a guerra. "No dia em que o conflito acabar, as garantias de segurança serão mobilizadas", afirmou Macron. (04/09)
Foto: Ludovic Marin/AFP
Acidente com bondinho em Lisboa deixa ao menos 15 mortos
Pelo menos 15 pessoas morreram e 18 ficaram feridas nesta quarta-feira após o Elevador da Glória, uma popular atração turística de Lisboa, descarrilar. Imagens mostram que o bondinho tombou em um local onde o trilho faz uma curva e se chocou contra um prédio. Uma investigação sobre as causas do acidente foi iniciada. (03/09)
Acadêmicos acusam Israel de cometer genocídio em Gaza
A Associação Internacional de Acadêmicos de Genocídio – a maior organização profissional de acadêmicos que estudam os extermínios em massa – afirmou que Israel está cometendo genocídio em sua ofensiva na Faixa de Gaza e acusou o país de cometer crimes contra a humanidade e de guerra. Opinião se soma a coro cada vez maior de entidades que usam o termo para descrever as ações de Israel. (01/09)
Foto: Mohammed Ali/Xinhua/picture alliance
Começa julgamento de Bolsonaro e demais acusados por trama golpista
Teve início no STF o julgamento do ex-presidente e de outros sete réus acusados de formar o núcleo central do grupo acusado de tentar um golpe de Estado após as eleições de 2022. Entre os réus estão o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, os ex-ministros da defesa Braga Netto, da Justiça, Anderson Torres e ex-chefe do GSI, Augusto Heleno. (02/09)