Países anunciam ajuda financeira para reconstruir Faixa de Gaza
12 de outubro de 2014
Doações acertadas durante conferência no Cairo chegam a 4,3 bilhões de euros. Comunidade internacional agora apela para retomada das negociações de paz.
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Cerca de 50 países ocidentais e do Oriente Médio comprometeram-se neste domingo (12/10) a doar mais de 4,3 bilhões de euros para a reconstrução da Faixa de Gaza, destruída após violentos combates entre palestinos e israelenses em julho e agosto passado na região. As doações foram arrecadadas no Cairo, durante encontro organizado pelo Egito e pela Noruega para discutir a questão.
Ministros das Relações Exteriores de cerca de 30 países e integrantes de diversas organizações participaram da reunião. A União Europeia (UE), por meio da alta representante para Assuntos Externos, Catherine Ashton, disponibilizou 450 milhões de euros para a causa. Além desta quantia, a Alemanha comprometeu-se a ajudar com mais 50 milhões de euros.
Segundo o secretário de Estado americano, John Kerry, os Estados Unidos irão doar 168 milhões de euros. O maior doador, no entanto, será o Catar. O emirado, um dos países mais ricos do mundo, prometeu doar sozinho 792 milhões de euros.
"O governo palestino irá seguir o plano de reconstrução com responsabilidade e transparência em coordenação com a ONU, os doadores, instituições financeiras internacionais, a sociedade civil e o setor privado", afirmou o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.
Metade do valor arrecadado será destinada à reconstrução da região e a outra parte deverá cobrir as necessidades diárias da população palestina. Segundo cálculos dos palestinos, 3,1 bilhões de euros serão necessários para reconstrução da região, e mais 3 bilhões de euros precisarão ser injetados na economia da região até 2017.
Cessar-fogo é pouco
O secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que, apesar do cessar-fogo entre Hamas e Israel, "Gaza continua sendo um barril de pólvora" e declarou estar irritado com a continuação do "ciclo construção-destruição".
Ban Ki-moon também alertou que conferências para a reconstrução de Gaza não devem virar rotina e defendeu uma solução definitiva para o conflito na região.
Kerry afirmou que a comunidade internacional está pronta para financiar a reconstrução, mas exige mais do que apenas o cessar-fogo. Ele insiste que israelenses e os palestinos retomem as negociações de paz, abandonadas em abril.
"Não apenas dinheiro deve vir dessa conferência, mas o compromisso renovado de todos para trabalhar pela paz que atenda às aspirações de todos – israelenses, palestinos e todo o povo dessa região", declarou Kerry.
A guerra na Faixa de Gaza que ocorreu entre julho e agosto destruiu 18 mil casas e edifícios na região, deixando mais de 100 mil pessoas desalojadas. Mais 2 mil palestinos, a maioria civis, e 73 israelenses morrem no conflito.
Os 50 dias de guerra em Gaza em 2014
Os momentos-chave do conflito entre Israel e Hamas, que deixou mais de 2 mil mortos.
Foto: Reuters
Governo de unidade palestino
Em 2 de junho, en Ramallah, na Cisjordânia, Hamas e Fatah oficializam um governo de unidade. Europeus e americanos manifestam apoio, porém com cautela. O governo israelense reage e suspende as negociações de paz mediadas pelos Estados Unidos, por considerar o Hamas uma organização terrorista.
Foto: Reuters
Sequestro de três estudantes
Em 12 de junho, três estudantes israelenses são sequestrados. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu culpa o Hamas pelo desaparecimento dos jovens. No final de junho, os corpos são encontrados. Em 23 de agosto, pouco antes do cessar-fogo duradouro, o Hamas assumiria envolvimento no assassinato dos três.
Foto: Menahem Kahana/AFP/Getty Images
Assassinato de jovem palestino
Em 2 de julho, o corpo de um adolescente palestino, de 16 anos, é encontrado numa floresta perto de Jerusalém. A família acusa colonos israelenses do assassinato. Na parte árabe de Jerusalém, há confrontos com a polícia israelense. Após seguidos lançamentos de foguetes a partir da Faixa de Gaza, o Exército israelense move tropas adicionais à divisa com o território palestino.
Foto: Getty Images
Começa a guerra
Em 8 de julho, o conflito entre israelenses e palestinos torna-se novamente uma guerra. Em poucas horas, dezenas de foguetes são lançados da Faixa de Gaza contra Israel. Não há feridos, já que grande parte dos mísseis são destruídos no ar. Nos ataques aéreos israelenses, mais de 20 pessoas são mortas.
Foto: Reuters
Iniciam-se as negociações
Após uma semana de conflito, em 14 de julho surge a primeira esperança de um cessar-fogo. O Egito intervém como mediador. Israel concorda com uma trégua prevista para o dia seguinte. O Hamas rejeita a proposta egípcia. "Um armistício sem um acordo com Israel está fora de questão", disse o porta-voz do grupo. A guerra, então, já tinha 180 mortos.
Foto: Reuters
A primeira trégua
Em 17 de julho, pela primeira vez desde o início dos combates, Israel e Hamas concordam com um cessar-fogo de cinco horas. Após o período, Israel começa uma ofensiva terrestre. Netanyahu detalha os objetivos da operação: a infraestrutura do Hamas deve ser destruída, especialmente os chamados "túneis do terror".
Foto: DAVID BUIMOVITCH/AFP/Getty Images
Protestos pelo mundo
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apela por uma suspensão dos ataques. Um dia depois, em 20 de julho, ele viaja com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, ao Cairo para discutir uma trégua. Em Gaza, milhares de pessoas fogem de suas casas e procuram abrigo. Em alguns países, há protestos contra a ofensiva de Israel. Em Paris, há manifestações e ataques contra instituições judaicas.
Foto: Reuters
Ataque a escola da ONU
Em 24 de julho, 15 pessoas morrem e mais de 200 ficam feridas em um ataque israelense a uma escola das Nações Unidas. O Exército de Israel argumenta que havia avisado sobre a investida antes de ela ocorrer. A agência de refugiados da ONU informa que a evacuação da escola não era possível. Mais de 570 palestinos e 25 soldados israelenses são as vítimas da guerra até então.
Foto: Reuters
Novo cessar-fogo
Em 26 de julho, começa um cessar-fogo de 12 horas. Em Paris, ministros do Exterior se encontram para discutir uma trégua permanente. Muitos palestinos usam a suspensão dos ataques para comprar medicamentos e alimentos. Os serviços de emergência retiram mais de 130 corpos dos escombros. Israel anuncia o prolongamento do cessar-fogo por algumas horas, mas o Hamas dispara foguetes novamente.
Foto: imago
Tréguas violadas
Uma nova trégua é violada, em 1º de agosto. Nos dias seguintes, o caso se repete. No início de agosto, Israel dispara novamente contra uma escola da ONU e, em seguida, retira as tropas terrestres da Faixa de Gaza. No Cairo, as partes envolvidas no conflito negociam um cessar-fogo duradouro.
Foto: picture-alliance/dpa
Chance à paz
A mais longa trégua desde o início da guerra possibilita, a partir de 10 de agosto, negociações. O cessar-fogo que era para durar três dias se estende por nove. O mediador, Egito, evita a longa lista de exigências dos dois lados. Um pequeno texto seria promissor para um possível acordo. A abertura das fronteiras de Gaza e a expansão gradual da zona de pesca são discutidas.
Foto: picture-alliance/AP
Mortes passam de 2 mil
Um armistício permanente é quase alcançado em 19 de agosto. Mas foguetes são novamente lançados. Israel responde e mata, entre outros, a mulher e filho de um chefe militar do Hamas nos ataques. Dois mil palestinos foram mortos e mais de 10 mil ficaram feridos na guerra. O lado israelense contabiliza as mortes de 64 soldados e três civis. Uma criança israelense morre por um foguete lançado de Gaza.
Foto: Menahem Kahana/AFP/Getty Images
Cessar-fogo permanente
Depois de 50 dias de guerra, em 26 de agosto o Egito consegue fazer as duas partes chegarem, enfim, a um cessar-fogo permanente. O acordo entre os palestinos e Israel garante que as fronteiras de Gaza serão reabertas. As negociações para tratar de mais detalhes do acordo continuam em quatro semanas.