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Um Estado palestino?

14 de setembro de 2011

Antes mesmo de um pedido oficial às Nações Unidas, tentativa de reconhecimento do Estado da Palestina divide opiniões de líderes mundiais. Obama já disse não, União Europeia ainda não se posicionou e Brasil deve apoiar.

Palestinos buscam reconhecimento internacionalFoto: AP

A uma semana do início da Assembleia Geral das Nações Unidas, os líderes mundiais articulam reações à esperada jogada tática da Autoridade Nacional Palestina (ANP). A expectativa é que Mahmud Abbas, presidente da ANP, entregue nos próximos dias à ONU um pedido para que seja reconhecido o Estado palestino.

Antes mesmo da concretização desse passo, declarações de líderes políticos aumentam o clima de tensão. Nesta segunda-feira (12/09), o presidente norte-americano, Barack Obama, reforçou sua oposição à iniciativa palestina: caso o pedido de fato seja apresentado, os Estados Unidos o vetarão no Conselho de Segurança da ONU.

Em entrevista a agências de notícias, o líder norte-americano justificou sua posição: "A questão só será resolvida quando israelenses e palestinos chegarem a um acordo." Diante da Assembleia Geral da ONU, que acontece entre 21 e 27 de setembro em Nova York, Obama ponderou que, diferentemente do seu poder de veto no Conselho de Segurança, na Assembleia das Nações Unidas os EUA têm apenas um voto", e certamente há muitos Estados preparados para reconhecer a Palestina. Para se tornar membro permanente da ONU, um Estado necessita da aprovação também no Conselho de Segurança.

Posições contrárias

O tema divide o mundo. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, defende abertamente que "a bandeira palestina precisa ser hasteada nas Nações Unidas". "Não se trata de uma opção, mas de uma necessidade", comentou em um encontro com os países da Liga Árabe, que declaram apoio aos palestinos.

Para o Brasil, que desde dezembro de 2010 reconhece o Estado Palestino dentro das fronteiras de 1967, reafirmar essa posição no âmbito das Nações Unidas não envolve qualquer polêmica, informou o Itamaraty à Deutsche Welle.

Apesar de toda essa movimentação diplomática, ainda não circula nos bastidores um texto que indique o possível conteúdo desse pedido de reconhecimento do Estado Palestino. Segundo o Itamaraty, o "sim" só seria definitivo após a leitura dos documentos e conhecimento dos detalhes exatos da reivindicação.

A Alemanha, por sua vez, tentou desencorajar Abbas de apresentar um pedido à ONU. Ao final de sua viagem de três dias pelo Oriente Médio, Guido Westerwelle, ministro alemão do Exterior, assegurou a Abbas que a Alemanha mantém seu apoio a um Estado palestino, mas destacou a importância de evitar medidas que possam dificultar as negociações de paz ou estimular novos conflitos. Segundo Westerwelle, a Alemanha não apoiaria uma atitude unilateral. 

Um porta-voz do Ministério do Exterior ressaltou que o governo alemão não se decidirá sobre a posição que tomará diante das Nações Unidas, enquanto não conhecer o conteúdo do pedido da Autoridade Palestina.

Dentro da União Europeia as opiniões também são divididas, e ainda não há uma declaração oficial do grupo.  Enquanto isso, Rússia, China, França e Reino Unido sinalizaram que aprovariam uma resolução pró-Palestina.

Revide

Israel reage à discussão, dizendo que "consequências desagradáveis e graves" viriam em decorrência do pedido palestino. A afirmação é do ministro do Exterior, Avigdor Lieberman, feita nesta quarta-feira (14/09). Embora tenha usado expressões fortes, o ministro pediu que sua posição não seja interpretada como ameaça – ele deseja apenas evitar fatores que possam prejudicar o processo de negociação entre Israel e palestinos.

Liebermann encontra-se nesta quarta-feira com a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton. Da última vez que conversaram, o ministro israelense ameaçou suspender todos os acordos feitos com os palestinos nos últimos 18 anos.

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer

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