Brasil, África do Sul, Índia e China exigem que acordo do clima respeite divisão de responsabilidades diferente entre países desenvolvidos e os mais pobres. Apesar de unidade, grupo diverge sobre aspectos práticos.
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Os países do Basic – Brasil, África do Sul, Índia e China – apresentaram nesta terça-feira (08/12), na Conferência do Clima em Paris, uma declaração em conjunto na qual expressam o seu esforço para que o futuro acordo mundial para limitar as emissões de gases do efeito estufa preserve o princípio da diferenciação entre países ricos e pobres.
O princípio foi estabelecido na Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (UNFCCC), em 1992. No entanto, ele é um dos principais fatores que emperra as negociações para um acordo global.
A divisão da responsabilidade sobre mudanças climáticas e seu combate é um ponto de embate entre países desenvolvidos, que construíram sua riqueza com combustíveis fósseis, poluindo, assim, por muito tempo, e países pobres, os que mais sofrem com os impactos do aquecimento global.
"Estamos decepcionados com a falta de apoio no financiamento [a países em desenvolvimento] entre os compromissos que trouxeram a Paris os países desenvolvidos", disse o ministro indiano do Meio Ambiente, Prakash Javadekar, na coletiva de imprensa, na qual foi apresentada a declaração.
Críticas foram feitas também pelo representante especial chinês sobre Mudanças Climáticas, Xie Zhenhua, que alegou que os Estados Unidos e a União Europeia são contra o princípio da diferenciação. "A china persegue um acordo legalmente vinculado e ambicioso para todos, um pacto transparente e inclusivo que não deixe nada para trás", ressaltou Zhenhua.
Os países do Basic reforçaram ainda que sua postura é muito construtiva e que estão sendo muito flexíveis para que um acordo seja alcançado até sexta-feira. Porém, somente a ministra brasileira do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, assumiu abertamente que esse é "um momento de se encontrarem soluções".
Divergências internas
Ao serem questionados sobre aspectos concretos do acordo, os Basic, no entanto, mostram divergências. Uma dela é sobre o mecanismo de revisão de compromissos climáticos pelo países, previsto para ocorrer a cada cinco anos, proposta que foi defendida somente pelo Brasil. A Índia pede prazos diferentes para economias em desenvolvimento, com revisão a cada dez anos.
Já a China defende que contribuições no financiamento para medidas de prevenção e combate aos efeitos das mudanças climáticas devem ser voluntárias para países em desenvolvimento, grupo no qual se inclui.
A China tem um papel controverso sobre o acordo climático. Atualmente o país é maior poluidor do mundo. Estima-se que ela tenha emitido entre 9 bilhões e 10 bilhões de toneladas de dióxido de carbono em 2013, quase o dobro dos Estados Unidos e cerca de duas vezes e meia mais do que a União Europeia.
CN/efe
Dez ações contra as mudanças climáticas
Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
Foto: Getty Images/J. Sullivan
Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.