Cúpula
15 de novembro de 2008Os chefes de governo e Estado presentes ao encontro do G20, em Washington, chegaram a um consenso a respeito da necessidade de uma reforma fundamental dos mercados financeiros internacionais. A meta é fazer com que os mercados possam ser regulados de forma mais transparente.
Os países presentes à cúpula do G-20 determinaram os princípios de uma futura arquitetura financeira internacional e preparam 50 medidas concretas até o próximo 31 de março, data do próximo encontro do grêmio. De acordo com as novas diretrizes, produtos financeiros complexos, como os que desencadearam a atual crise, deverão ser mantidos sob extrema vigilância.
Agências de rating na mira
Ao contrário dos esboços apresentados anteriormente, o documento final da cúpula contém a clara intenção de controle dos fundos de hedge. Um melhor gerenciamento de risco e regras para as agências de rating (avaliação de risco) também fazem parte do pacote de medidas. As novas diretrizes deixam claro até onde os bancos, que oferecem tais produtos arriscados, terão que se responsabilizar através de capital próprio em caso de perdas.
No futuro, "todos os participantes, todos os produtos e todos os mercados deverão ser realmente vigiados e regulados", afirmou a chanceler federal Angela Merkel em Washington. Alguns países presentes no encontro do G20 reivindicaram um programa internacional de restabelecimento da conjuntura.
Obama na próxima cúpula
Embora os chefes de governo e Estado presentes ao encontro em Washington tenham chegado a um acordo aparente a respeito dos problemas que afetam a economia mundial, alguns países, como os EUA, continuaram acentuando a necessidade de "mercados livres".
Segundo o atual presidente George W. Bush, a liberdade de mercado é "o melhor caminho" para a prosperidade mundial. A próxima cúpula em Londres deverá contar com a participação do futuro presidente norte-americano Barack Obama.
Emergentes defendem maior cooperação
Países emergentes, como o Brasil, defenderam um comprometimento maior entre as economias, a fim de que sejam tomadas decisões de comum acordo.
Também o premiê espanhol José Luis Rodríguez Zapatero acentuou a necessidade de uma cooperação entre os diversos países: "podemos e teremos que enfrentar essa situação, mas para isso precisamos de ações coordenadas", afirmou o chefe de governo espanhol.
Não ao protecionismo
Merkel ressaltou a presença dos "países emergentes e em desenvolvimento, que pela primeira vez se encontram e põem a mão na massa. Ou seja, este é um recomeço numa situação muito difícil. Há esperanças de que a política haja de forma global e conjunta".
Segundo a premiê alemã, os problemas ainda existentes nas rodadas da OMC (Organização Mundial do Comércio) deverão ser solucionados definitivamente. "Nós nos posicionamos contra o protecionismo", afirmou a chefe de governo.
Os 20 países-membros representados em Washington são responsáveis por 85% da economia mundial. Segundo o documento final da cúpula, o princípio da vigilância dos mercados financeiros deverá ser aplicado a todos os países do mundo.