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Países do Leste Europeu boicotam cúpula da UE sobre migração

21 de junho de 2018

Líderes de Eslováquia, Hungria, Polônia e República Tcheca não participarão de reunião extraordinária em Bruxelas para tratar da política migratória. Governos anti-imigração urgem por controle mais rígido nas fronteiras.

Viktor Orbán
Viktor Orbán, premiê da Hungria, recebeu os líderes do Grupo de Visegrad em Budapeste nesta quinta-feiraFoto: picture alliance/AP Photo/S. Nenov

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, anunciou nesta quinta-feira (21/06) que os países do Grupo de Visegrad – Eslováquia, Hungria, Polônia e República Tcheca – decidiram boicotar a reunião extraordinária com os líderes da União Europeia (UE) sobre política migratória, no domingo.

"Não iremos", declarou Orbán após uma cúpula entre os demais líderes do Visegrad em Budapeste. Os quatro países do Leste Europeu se opõem ferozmente ao sistema de redistribuição de requerentes de refúgio entre os Estados-membros da UE, estabelecido pelo bloco europeu em 2015.

Segundo justificou o prêmio húngaro, o Visegrad considera que o diálogo sobre a imigração é uma questão que diz respeito ao Conselho Europeu e não à Comissão Europeia, sugerindo assim que, no âmbito do tema, a UE não pode impor critérios a seus Estados-membros.

"Nós entendemos que alguns países têm problemas políticos internos, mas isso não deve gerar um pânico a nível europeu", acrescentou Orbán, referindo-se ao impasse que enfrenta a chanceler federal alemã, Angela Merkel, dentro de seu governo em relação à imigração.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, por sua vez, disse que os quatro países do Visegrad falam "com uma só voz" sobre a questão migratória.

Segundo ele, os líderes analisaram os documentos enviados pela Comissão Europeia sobre a cimeira no próximo domingo e encontraram "propostas que não entendemos nem aceitamos". Por isso, decidiram não ir a Bruxelas para a reunião extraordinária.

O encontro em Budapeste contou ainda com a presença do chanceler federal da Áustria, Sebastian Kurz, outro defensor do endurecimento do controle nas fronteiras europeias, embora ele não tenha se unido ao boicote à cúpula da UE no domingo.

Durante o encontro, os líderes do Visegrad ainda reforçaram a sua "velha proposta" de fortalecer as fronteiras externas da União Europeia e de criar centros de apoio a refugiados em países fora do bloco, onde eles seriam registrados antes de chegar à Europa.

O primeiro-ministro tcheco, Andrej Babis, defendeu que a Frontex, agência europeia de proteção das fronteiras e litorais, precisa ser fortalecida para que possa lidar melhor com os desafios da imigração ilegal em direção ao bloco.

Babis propôs aumentar a capacidade da Frontex contratando 10 mil novos agentes, e disse concordar com as sugestões da chanceler federal alemã sobre usar a agência para endurecer o controle nas fronteiras externas da União Europeia.

"Precisamos ter uma Europa capaz de nos defender", completou o austríaco Kurz, em coletiva de imprensa conjunta. "Temos que fortalecer a Frontex, proteger nossas fronteiras externas e garantir liberdade interna."

Líderes do Visegrad clamam pelo fortalecimento da polícia europeia nas fronteiras, a FrontexFoto: picture-alliance/dpa/C. Charisius

Disputas internas sobre imigração

A reunião extraordinária do próximo domingo foi convocada na quarta-feira pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em meio a uma série de disputas no continente envolvendo a questão migratória. O encontro em Bruxelas deve tratar do tema antes da próxima cúpula europeia, em 28 e 29 de junho.

A UE vem discutindo há tempos uma reformulação de seu sistema migratório para superar os problemas surgidos pela entrada de mais de 1,5 milhão de migrantes e requerentes de refúgio no bloco desde 2015.

A questão migratória tem provocado severa disputa interna no governo da Alemanha, depois que a União Social Cristã (CSU) – partido irmão da União Democrata Cristã, de Merkel – propôs a rejeição na fronteira dos migrantes que já tenham sido registrados em outros países europeus.

A chanceler rejeita a ideia, argumentando que o problema necessita de uma solução europeia e de acordos bilaterais com parceiros europeus. A CSU aceitou esperar até a próxima cúpula da UE para que a chanceler decida sobre a questão, ameaçando implementar controles de fronteira, apesar da oposição da chefe de governo.

Enquanto isso, o novo governo populista em Roma faz pressão sobre Estados da UE para que haja uma melhor distribuição dos migrantes e um fortalecimento das fronteiras externas do bloco, argumentando que a Itália já recebeu quase 700 mil migrantes desde 2013.

A questão migratória ainda provocou recentemente uma troca de farpas entre Itália e França, após Roma ter se recusado a acolher uma embarcação com mais de 600 migrantes que haviam sido resgatados no Mediterrâneo. O navio foi mais tarde recebido pela Espanha.

EK/afp/dpa/efe/rtr

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