República Tcheca, Polônia, Hungria e Eslováquia prometem auxiliar Macedônia e Bulgária no controle de suas fronteiras caso Grécia e Turquia não consigam conter fluxo migratório.
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A República Tcheca, a Polônia, a Hungria e a Eslováquia prometeram nesta segunda-feira (15/02) apoiar a Macedônia e a Bulgária no controle de suas fronteiras caso a Grécia e a Turquia não consigam conter em breve o fluxo migratório.
Um plano alternativo para a proteção das fronteiras da Macedônia e a Bulgária foi discutido durante a cúpula dos líderes do Visegrad, grupo de cooperação do qual fazem parte a República Tcheca, a Polônia, a Hungria e a Eslováquia.
"Não podemos deixar os países dos Bálcãs sozinhos", afirmou o primeiro-ministro tcheco, Bohuslav Sobotka, após o encontro em Praga, e ressaltou que, além do plano de ação com a Turquia, a União Europeia (UE) precisa preparar medidas de segurança para proteger suas fronteiras externas.
Os países exigiram o apoio da UE ao plano alternativo caso a Turquia e a Grécia não consigam controlar a crise migratória. "Contamos que o plano de ação entre a União Europeia e a Turquia funcione, mas preciso admitir que estou pessimista", disse o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, acrescentado que, por isso, os líderes conversaram sobre um plano B.
O encontro ocorreu poucos dias antes da cúpula da União Europeia. A decisão do Visegrad bate de frente com a posição da Alemanha. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, defende uma solução para crise migratória em conjunto com a Grécia e a Turquia e é contrária ao fechamento de fronteiras dentro do bloco.
"A fronteira externa de Schengen que é decisiva para o movimento de refugiados está entre a Turquia e a Grécia", disse Merkel, em entrevista ao jornal alemão Stuttgarter Zeitung.
"Simplesmente construir uma cerca de proteção na Macedônia, que nem membro da UE é, e não nos preocuparmos com a situação emergencial que isso provocaria na Grécia não somente é um comportamento pouco europeu, como também não resolve nosso problema", ressaltou Merkel.
O ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, também alertou contra soluções simplistas e lembrou que a Grécia faz parte da União Europeia e, por isso, o bloco tem a obrigação de proteger suas fronteiras. Steinmeier ressaltou ainda que a Turquia tem um papel fundamental para conter o fluxo migratório.
Há meses a Grécia está sob pressão devido ao grande número de refugiados que chega ao país, vindos da Turquia, e que seguem viagem, sem impedimentos, pela rota dos Bálcãs para a Alemanha, Áustria e Suécia. A situação levou vários países do espaço de Schengen, de livre circulação no bloco, a adotarem controles em suas fronteiras.
CN/rtr/dpa
O poder das cercas
Muro que dividia a Alemanha caiu há 26 anos. Contudo, diante da onda de refugiados, o apelo por instalações fronteiriças é cada vez maior em diversos locais da Europa. Aqui, uma visão geral dessas barreiras pelo mundo.
Foto: picture-alliance/dpa
Hungria fecha portas
O governo do primeiro-ministro Viktor Orbán levantou uma cerca na fronteira com a Sérvia e também fortificou a com a Croácia, país-membro da União Europeia. A Hungria faz parte do Espaço Schengen, onde os controles fronteiriços foram basicamente abolidos. A maioria dos refugiados que chega da Grécia através da chamada rota dos Bálcãs, quer vir para a Áustria ou a Alemanha.
Foto: DW/V. Tesija
Posto avançado europeu
As instalações de fronteira em Melilla, enclave espanhol no norte do Marrocos, contam entre as mais modernas do mundo. Assim como em Ceuta, uma cerca de seis metros de altura e dez quilômetros de extensão circunda a cidade. Equipada com "arame farpado da Otan", câmeras infravermelhas e sensores de ruído e movimento, a fortificação visa desencorajar os refugiados africanos.
Foto: Getty Images
Ilha dividida
A chamada Linha Verde no Chipre consiste de cercas de arame farpado, escombros, torres de vigilância e seções de muro. Ao longo de 180 quilômetros, ela divide a ilha em uma parte turca no norte e uma grega, no sul. Vigiada por milhares de soldados em ambos os lados, desde a queda do Muro de Berlim Nicósia passou a ser a maior capital dividida do mundo.
Foto: picture-alliance/dpa/R.Hackenberg
Muro entre EUA e México
Cerca de 20 mil policiais controlam ininterruptamente a fronteira entre EUA e México. Apelidada "Tortilla Wall", a barreira se estende por 1.126 quilômetros. A construção é assegurada por câmeras de vídeo e infravermelhas, dispositivos de visão noturna, detectores de movimento, sensores térmicos e drones. Sua função é evitar a imigração ilegal e o contrabando de drogas.
Foto: dpa
Terra Santa entre dois povos
Somente em poucos pontos de controle é possível atravessar a fronteira entre os territórios palestinos e Israel, como aqui em Jerusalém. O objetivo das instalações fronteiriças é a defesa contra ataques terroristas palestinos. Apesar das fortificações e da vigilância, os palestinos conseguem contrabandear regularmente armas e outros bens, através de um sistema de túneis na Faixa de Gaza.
Foto: picture-alliance/Landov
"Zona desmilitarizada" na Coreia
Ela é considerada a fronteira mais fortificada e controlada do mundo. Um milhão de minas, arame farpado e torres de controle separam a Coreia do Sul da parte comunista da península. Em ambos os lados dos 248 quilômetros da linha demarcatória, encontra-se uma "zona desmilitarizada" de dois quilômetros de largura, onde é proibido entrar. Ela foi criada após o fim da Guerra da Coreia (1950-1953).
Foto: picture alliance/AP Photo
Linha de paz na Irlanda do Norte
Um total de 48 "linhas de paz" separa católicos e protestantes na Irlanda do Norte. Na capital Belfast, o sistema fronteiriço consiste de um muro de sete metros de altura, composto por tijolos, cerca de arame farpado, concreto e grades. O muro possui passagens para pedestres e portões para o tráfego, que são fechados à noite.
Foto: Peter Geoghegan
"Cerca de proteção" indiana
Trata-se da maior instalação de fronteira do mundo: a Índia decidiu construir 4 mil quilômetros de "cerca de proteção" na fronteira com Bangladesh, país considerado pelos indianos como reduto de terroristas. A "linha zero" é uma cerca elétrica de até dois metros de altura, guarnecida de arame farpado. Aprximadamente 50 mil soldados controlam o sistema fronteiriço.
Foto: S. Rahman/Getty Images
Muro de Berlim
Ele fez parte da recente história mundial e foi condenado durante décadas de "faixa da morte". A queda do Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989 marcou o início do processo de Reunificação das duas Alemanhas e o fim da Guerra Fria. Contudo, o apelo desse evento histórico não pôde impedir que até hoje barreiras e demarcações dominem a política mundial.