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Estado de DireitoIrã

Países ocidentais condenam execução de manifestante no Irã

9 de dezembro de 2022

Alemanha convoca embaixador iraniano em Berlim para esclarecimentos após enforcamento de participante de protestos contra o regime de Teerã. Reino Unido e Canadá anunciam novas sanções contra o país.

Pessoas de mãos dadas levantam os braços frente a uma fogueira na rua
Protestos contra o regime iraniano começaram há cerca de três mesesFoto: SalamPix/ABACA/picture alliance

A ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, condenou duramente nesta sexta-feira (09/12) a execução de um homem detido durante os protestos que sacodem o país desde meados de setembro passado.

Ela afirmou que o "exemplo cruel" com o "julgamento pérfido e sumário" e a sentença de morte contra Mohsen Shekari ressalta o "desprezo sem limites pelos seres humanos" do regime iraniano.

O Ministério do Exterior em Berlim convocou o embaixador iraniano na Alemanha para esclarecimentos. A medida é considerada uma dura reação diplomática.

Mohsen Shekari, 23 anos, foi enforcado nesta quinta-feira depois de ser condenado por "moharebeh" – ou "guerra contra Deus". O judiciário iraniano afirmou que Shekari foi preso depois de bloquear uma rua de Teerã e ferir com uma faca um membro do Basij, uma força paramilitar ligada ao poderoso Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã.

Shekari é o primeiro manifestante a ser executado desde o início dos protestos contra o regime de Teerã. Doze outras pessoas estão no corredor da morte pelos mesmos motivos

A União Europeia também protestou. Um porta-voz em Bruxelas afirmou que o bloco condena a execução nos termos mais fortes possíveis. A UE insta o governo iraniano a renunciar à imposição e a qualquer outra execução da pena de morte.

Sanções contra Teerã

Diplomatas europeus disseram que a UE deve impor mais sanções ao Irã pelo fornecimento de drones à Rússia e pela repressão aos protestos. Espera-se que as sanções sejam formalmente assinadas pelos ministros do Exterior que ser reunirão em Bruxelas na segunda-feira.

O Reino Unido anunciou sanções contra 30 alvos, incluindo autoridades iranianas acusadas de aplicar "sentenças flagrantes" contra os manifestantes.

O Canadá impôs sanções a 22 altos membros do Judiciário, do sistema prisional e da polícia do Irã, bem como aos principais assessores do líder supremo aiatolá Ali Khamenei.

Diplomatas europeus disseram que a UE também deve impor mais medidas punitivas ao Irã devido à repressão que matou pelo menos 458 pessoas, incluindo mais de 60 crianças, de acordo com o grupo Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo.

"Julgamento fraudulento"

A Anistia Internacional disse estar "horrorizada" com a execução de Shekari, que se seguiu a um "julgamento fraudulento grosseiramente injusto".

Relatores especiais independentes das Nações Unidas, ativistas de direitos humanos e outros especialistas falaram de um "julgamento falso e injusto". Eles enfatizaram que a punição não era justificada.

O estopim das manifestações em todo o país foi a morte da jovem iraniana de origem curda Mahsa Amini. Ela morreu sob custódia da polícia em meados de setembro, depois de ser presa pela polícia da moralidade por não usar de forma adequada o véu islâmico, violando os códigos de vestimenta vigentes no país. Os críticos do regime estão convencidos de que a jovem morreu em consequência de maus-tratos na prisão.

md/cn (DPA, AFP, KNA)

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