Presidente dos EUA recebe líder sul-coreano na Casa Branca em diálogo que teve Pyongyang como tema central. Apesar de defenderem abordagens diferentes para tratar a questão, eles prometem resposta firme à ameaça nuclear.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (30/06) que "a era da paciência estratégica" com a Coreia do Norte chegou ao fim. A declaração foi feita ao lado do novo presidente sul-coreano, Moon Jae-in, durante visita oficial à Casa Branca.
Enquanto Moon defende uma abordagem diplomática com o governo em Pyongyang como a melhor forma de convencê-lo a desistir de seu programa nuclear, o líder americano deixou claro que não está disposto a negociar com um regime que, segundo ele, é "temerário e brutal".
"A ditadura norte-coreana não tem consideração pela segurança de seu povo e dos vizinhos, e não tem respeito pela vida humana", acusou Trump, lembrando a morte do jovem americano Otto Warmbier, de 22 anos, em 19 de junho passado. Após 17 meses preso na Coreia do Norte, Warmbier foi devolvido aos EUA em coma, mas acabou morrendo seis dias depois.
Qual o poder de fogo da Coreia do Norte?
Pyongyang prometeu responder a qualquer provocação militar após EUA sinalizarem disposição de agir contra o regime. Qual a real força desse Exército que desafia potências internacionais?
Foto: Reuters/S. Sagolj
Um dos maiores exércitos do mundo
Com 700 mil homens na ativa e outros 4,5 milhões na reserva, a Corea do Norte pode convocar a qualquer momento um quarto de sua população para a guerra. Todos os homens do país devem passar por algum tipo de treinamento militar e estar sempre disponíveis para pegar em armas. Estima-se que as tropas norte-coreanas tenham superioridade de 2 para 1 em relação à Coreia do Sul.
Foto: Getty Images/AFP/E. Jones
Um arsenal de respeito
Segundo o índice Global Firepower de 2016, o país possui 70 submarinos, 4,2 mil tanques, 458 aviões de combate e 572 aeronaves de outros tipos. Um arsenal bastante considerável. Esta imagem de 2013 mostra o líder Kim Jong-un ordenando que os mísseis do país estivessem prontos para atacar os EUA e a Coreia do Sul a qualquer momento.
Foto: picture-alliance/dpa
Poder balístico
Os mísseis aqui mostrados foram exibidos no desfile do dia 15 de abril de 2017, juntamente a outros que passaram sob o olhar do líder Kim Jong-un. Existe, porém, a suspeita de que muitos eram apenas maquetes para impressionar o mundo. Mesmo assim, a capacidade balística do país asiático não deve ser menosprezada.
Foto: Gettty Images/AFP/E. Jones
Coloridas e maciças demonstrações de força
Todos os anos, milhares de soldados e civis desfilam pelas ruas de Pyongyang em paradas militares. A maior destas, no chamado Dia do Sol, honra a memória de Kim Il-sung, patriarca do clã que governa o país desde sua fundação e avô de Kim Jong-un. Os preparativos para os desfiles espetaculares podem levar vários meses.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Testes nucleares
Apesar da pressão internacional, a Coreia do Norte não esconde suas ambições nucleares. Além dos testes com mísseis balísticos, Pyongyang realizou em cinco ocasiões os chamados ensaios nucleares, duas vezes apenas em 2016. O país sustenta que a última ogiva a ser testada pode ser lançada de um foguete, algo que especialistas consideram pouco provável. Ao menos até o momento.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Unidades femininas
Do contingente militar norte-coreano, 10% é composto por mulheres. Elas servem em unidades especiais diferenciadas e devem prestar serviços ao exército por até sete anos, segundo uma lei aprovada em 2003. É possível ver algumas delas patrulhando as ruas com sapatos de salto alto.
Foto: picture-alliance/AP Photo/W. Maye-E
Os inimigos de Pyongyang
Além dos EUA, a Coreia do Norte também considera como grandes inimigos a Coreia do Sul e o Japão. Pyongyang vê os exercícios militares americanos na Península da Coreia como uma ameaça à sua população, afirmando se tratar de uma preparação para uma iminente invasão de seu território.
Foto: Reuters/K. Hong-Ji
Preparação permanente
As Forças Armadas norte-coreanas treinam permanentemente em frentes distintas para estar prontas para o combate. O legado da Guerra da Coreia, que dividiu a península em dois países ainda unidos por um passado comum, é sentido até os dias de hoje. Na imagem, desembarque de embarcações anfíbias de unidades navais em local desconhecido na Coreia do Norte.
Foto: Reuters/KCNA
Fim da paciência americana?
Em abril de 2017, os Estados Unidos disseram ter enviado o porta-aviões Carl Vinson (foto) à Península da Coreia, sinalizando possíveis medidas contra Pyongyang. A Coreia do Norte afirmou estar pronta para qualquer tipo de guerra. Fontes de serviços de inteligência afirmam que os norte-coreanos estão a menos de dois anos de conseguir obter poder suficiente para lançar mísseis contra os EUA.
Foto: picture-alliance/Zumapress/M. Brown
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"Estamos trabalhando em conjunto com a Coreia do Sul e o Japão numa série de medidas diplomáticas, econômicas e de segurança para proteger nossos aliados e nossos cidadãos dessa ameaça conhecida como Coreia do Norte", completou o presidente americano.
Sobre o programa nuclear norte-coreano, Trump disse que a questão exige uma "resposta determinada" e defendeu que intensificar as sanções é a melhor forma de agir.
"Os EUA convidam outras potências regionais e nações responsáveis para se juntarem a nós na implementação das sanções e para exigir que o regime norte-coreano escolha um caminho melhor – e o faça rapidamente – e um futuro diferente para seus cidadãos, que sofrem há muito tempo", disse.
Moon, por sua vez, reiterou que a ameaça do país vizinho é "o desafio mais grave" enfrentado pelos governos sul-coreano e americano, e prometeu uma "resposta severa" às provocações de Pyongyang.
"A Coreia do Norte não deveria, em nenhum momento, subestimar o firme compromisso da Coreia do Sul e dos Estados Unidos em relação à questão", destacou o presidente do país asiático.
As falas foram proferidas em coletiva de imprensa na Casa Branca após uma reunião entre os dois líderes. Apesar das promessas, agências de notícias internacionais afirmam que eles falharam em elaborar uma estratégia conjunta sobre como lidar com a ameaça representada por Pyongyang.
Durante a coletiva, Moon afirmou que Trump aceitou "muito amavelmente" seu convite de uma visita a Seul ainda neste ano. Apesar de ainda não ter tido uma data confirmada, o encontro pode ocorrer em novembro, quando o líder republicano tem viagens marcadas ao Vietnã e Filipinas.
Os Estados Unidos mantêm mais de 28 mil soldados na Coreia do Sul com intuito de defender o país de seu vizinho comunista. Nos últimos meses, a Coreia do Norte tem intensificado seus testes de mísseis, tendo realizado ao mesmo cinco ao longo das últimas semanas.
O progressista Moon foi eleito em maio após o impeachment da presidente Park Geun-hye, envolvida num escândalo de corrupção. Sua vitória deu fim a quase uma década de governo conservador em Seul. Uma dos temas centrais de sua campanha era justamente uma abordagem mais conciliatória em relação à Coreia do Norte, diante do crescimento das tensões na península.
EK/afp/dpa/efe/lusa
De carvão a estátuas: as sanções à Coreia do Norte
Com seus testes, país asiático continua ignorando proibição de manter programa nuclear e de mísseis. Conheça algumas das medidas restritivas impostas a Pyongyang pelo Conselho de Segurança da ONU.
Foto: Reuters/S. Sagolj
Carvão
Em fevereiro de 2017, a China proibiu a importação de carvão da Coreia do Norte, cujas exportações do produto foram limitadas a 374 milhões de euros ou 7,5 milhões de toneladas por ano. Na foto, a empresa chinesa Liaoning Greenland Energy Coal Co. em Dandong, na fronteira com a Coreia do Norte.
Foto: Reuters/B. Goh
Finanças
A Coreia do Norte está proibida de abrir bancos no exterior, e os membros das Nações Unidas estão proibidos de operar instituições financeiras em nome de Pyongyang. Quaisquer acordos que possam ajudar a Coreia do Norte a contornar as sanções são proibidos, e os países da ONU são obrigados a expulsar e repatriar qualquer pessoa que ajude financeiramente o regime norte-coreano.
Foto: Mark Ralston/AFP/Getty Images
Navegação
Este navio cargueiro norte-coreano estava nas Filipinas para uma inspeção em março de 2016 quando as Nações Unidas ordenaram que seus países-membros cancelassem o registro de qualquer navio de propriedade, operado ou tripulado por ordens de Pyongyang. Os navios norte-coreanos também não podem içar bandeiras de outras nações para escapar das sanções.
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Dumaguing
Transporte aéreo
Air Koryo, a companhia aérea estatal da Coreia do Norte, permanece isenta de sanções e ainda tem voos programados para a China e a Rússia, bem como várias rotas domésticas. No entanto, a companhia aérea não pode voar para países da União Europeia, que a vetou por razões de segurança, e os Estados Unidos proibiram seus cidadãos de fazer negócios com a empresa.
Foto: picture-alliance/dpa/Yonhap
Combustível
Teoricamente, os norte-coreanos ainda podem andar nos seus carros da fabricante nacional Pyeonghwa, já que as sanções da ONU proíbem somente a venda de combustível de aviões, jatos e foguetes a Pyongyang. Por enquanto, o comércio de petróleo e similares continua permitido. A Pyeonghwa fabrica apenas algumas centenas de carros por ano.
Foto: Getty Images/AFP/M. Ralston
Contas bancárias e imóveis
As sanções da ONU permitem aos diplomatas da Coreia do Norte no exterior terem apenas uma conta bancária cada um. A Coreia do Norte também não pode ter imóveis no exterior que não sejam para fins consulares.
Foto: picture alliance/dpa/S.Schaubitzer
Treinamento militar
As sanções da ONU proíbem que forças de segurança estrangeiras treinem o exército, a polícia ou as unidades paramilitares da Coreia do Norte. O intercâmbio médico é permitido, mas a assistência técnica ou científica foi limitada.
Foto: Reuters/S. Sagolj
Estátuas
E se alguém no exterior se interessar por uma estátua de alguém da família Kim vai ter de esperar até o fim das sanções contra a Coreia do Norte. As medidas das Nações Unidas proíbem a venda de estátuas por Pyongyang.