"Pacotes sangrentos" a embaixadas teriam saído da Alemanha
8 de dezembro de 2022
Ucrânia diz que 31 pacotes com olhos de animais foram enviados a missões diplomáticas em 15 países. Endereço do remetente em todos casos é uma concessionária de veículos em pequena cidade do sudeste alemão.
Anúncio
O ministro do Exterior da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou nesta quarta-feira (07/12) que os 31 pacotes suspeitos ou com ameaças recebidos por missões diplomáticas ucranianas em diferentes países parecem ter sido enviados a partir da Alemanha.
Na semana passada, a Ucrânia informou que "pacotes sangrentos" contendo olhos de animais chegaram a várias de suas representações na Europa.
Kuleba disse que o endereço do remetente é sempre o mesmo, o de uma concessionária de veículos Tesla na cidade alemã de Sindelfingen, no estado de Baden-Württemberg. "O envio foi feito de agências do correio que não são equipadas com sistemas de câmeras de segurança", disse Kuleba.
"Os criminosos tomaram cuidados para não deixar traços de DNA nos pacotes. Isso, particularmente, sugere um nível profissional de preparação."
O ministro disse que os pacotes recebidos nos últimos dois dias chegaram a embaixadas ucranianas de Itália, Portugal, Romênia, Dinamarca e Polônia, além de um consulado na cidade polonesa de Gdansk.
"No total, já temos 31 pacotes em 15 países: Áustria (1), Vaticano (1), Dinamarca (1), Espanha (5), Itália (4), Cazaquistão (1), Holanda (1), Polônia (6), Portugal (2), Romênia (2), Estados Unidos (1), Hungria (2), França (1), Croácia (1) e República Tcheca (2)", escreveu Kuleba em postagem no Facebook.
O ministro disse que trabalha com homólogos internacionais em vários países nas investigações, em meio a suspeitas de que esses incidentes estariam ligados à guerra na Ucrânia.
Desde a semana passada as embaixadas e consulados ucranianos funcionam em "condições reforçadas de segurança", com a ajuda de técnicos em explosivos e especialistas forenses.
"Não me recordo de nenhum caso na história em que tantas embaixadas e consulados de um só país tivessem sido sujeitas a tantos ataques em massa em um período de tempo tão curto", disse o ministro.
"Mas não importa com que intensidade o inimigo tente intimidar a diplomacia ucraniana, não terá sucesso. Continuaremos a trabalhar pela vitória", enfatizou.
Os "pacotes sangrentos" começaram a chegar às missões diplomáticas pouco depois de uma carta-bomba ter sido detonada na embaixada ucraniana na Espanha. A polícia espanhola desarmou outros envelopes, entre estes, um que havia sido enviado para o primeiro-ministro Pedro Sánchez.
rc (Reuters, AFP)
Instantâneos de uma Ucrânia em guerra
Mostra "O novo anormal", no Museu Deichtorhallen de Hamburgo, registra horrores da guerra, mas também a resistência dos ucranianos, em trabalhos de 12 fotógrafos do país sob invasão russa.
Foto: Oksana Parafeniuk
Civis treinam com armas de madeira
Nesta imagem feita perto de Kiev em 6 de fevereiro de 2022, menos de duas semanas antes da invasão russa, a fotógrafa Oksana Parafeniuk capturou a determinação de seus compatriotas de resistir. Embora os países ocidentais não esperassem que a Rússia atacasse a capital a Ucrânia, os civis de lá já estavam treinando com armas de madeira, para caso de emergência.
Foto: Oksana Parafeniuk
Resistindo com o país
Em 24 de fevereiro, o fotógrafo Mykhaylo Palinchak acordou em Kiev com o som de sirenes, pouco depois ouviu uma explosão. "Desde então, estamos vivendo num novo mundo", afirma. Suas fotografias mostram granadas, casas destruídas e como seus compatriotas defendem a nação, mais do que nunca. A mulher da foto exibe o pulso esquerdo tatuado com o mapa da Ucrânia.
Foto: Mykhaylo Palinchak
Começou às 5 da manhã
"A guerra é a pior das opções da humanidade. Nenhum filme, nenhum livro, nenhuma foto pode transmitir este horror", diz a fotógrafa Lisa Bukreieva. "Com a invasão dos russos, meu sentido de tempo mudou. É apenas um horror de longa
duração." Esta fotografia capta o momento em que a guerra começou para ela.
Foto: Lisa Bukreieva
Cidadãos de Kiev - parte 1
Depois da invasão da Ucrânia pelo exército russo, Kiev se transformou em outra cidade, relata Alexander Chekmenev, de 52 anos. Muitos fugiram, ele próprio enviou a família para a segurança no exterior, mas ficou no país para documentar com sua Pentax a vida dos cidadãos de Kiev em tempos de guerra. Como esta ucraniana em uniforme de combate.
Foto: Alexander Chekmenev
Cidadãos de Kiev - parte 2
Abrigos antiaéreos e centros de primeiros-socorros espalharam-se pela capital ucraniana. Lá, Chekmenev fotografou gente comum, que nunca esteve sob os holofotes: "Eu queria mostrar a dignidade deles. Este país pertence ao seu povo, e eu quero mostrar o meu respeito por cada um deles", diz o fotógrafo de renome internacional.
Foto: Alexander Chekmenev
Traços do presente
Em sua série de fotografias, Pavlo Dorohoi capturou a vida em tempos de guerra em sua cidade natal, Kharkiv. Muitos cidadãos se esconderam em estações do metrô para escapar das bombas, transformando os locais em lares temporários, com "tapetes, cobertores e outros objetos pessoais", relata Dorohoi.
Foto: Pavlo Dorohoi
Bucha: o local do horror
O arquiteto e fotógrafo de Kiev Nazar Furyk fotografou lugares devastados pelas tropas russas, entres os quais a cidade de Bucha, que se tornou símbolo de muitas atrocidades. O fotógrafo se pergunta: como é possível continuar vivendo num lugar assim? Como se lida com essa experiência, gravada profundamente na memória coletiva da população ucraniana?
Foto: Nazar Furyk
Diário de Kiev - parte 1
A fotógrafa e videoartista Mila Teshaieva mantém um diário online desde o início da guerra, onde registrou tudo: desde os primeiros dias, antes dos mísseis, até os crimes contra a humanidade revelados desde então. Seus registros também incluem fotos, como esta.
Foto: Mila Teshaieva
Diário de Kiev - parte 2
Mila Teshaieva relata o desespero que a guerra provoca, mas também registra a união dos ucranianos e sua enorme vontade de resistir. Em sua cidade natal, Kiev, os moradores estão tentando proteger não só a si, mas também seus monumentos, símbolos da identidade nacional.
Foto: Mila Teshaieva
Documentação da guerra
Vladyslav Krasnoshchok é dentista, mas há anos se dedica à arte. Agora viaja por sua pátria devastada e fotografa carros queimados, pontes e tanques destruídos. "Eu tiro fotos, ouço tiros e corro de volta para o carro. Adrenalina pura!", escreve. Ele sempre revela os filmes imediatamente. Afinal, não se sabe se haverá oportunidade de tirar mais fotos.
Foto: Vladyslav Krasnoshchok
Mutilado
"Vivendo com o medo de ser ferido" é o nome da série de fotos do designer Sasha Kurmaz. A violência tem feito parte da história humana desde o início, afirma, e não está otimista se isso vá mudar em breve. Ainda assim, não desiste de sua luta pessoal por um mundo melhor.
Foto: Sasha Kurmaz
Porto seguro?
Uma cadeira, copos com bebidas: para Elena Subach esta foto tirada na cidade de Uzhgorod, no oeste da Ucrânia, simboliza a segurança de quem foge rumo a outros países. "Quase todo homem tirou uma foto da esposa e dos filhos antes de lhes dizer adeus. Eu nunca vi tanto amor e tanta dor ao mesmo tempo."