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Pacto de Estabilidade fica mais fraco

mw/mk11 de maio de 2004

É cada vez menor o respeito ao Pacto de Estabilidade da UE. Seis países terão déficit superior ao permitido. Ministros decidem poupar Itália de advertência. Líderes alemães querem prioridade para recuperação econômica.

Cofres vazios, mais dívidasFoto: AP

Os ministros das Finanças da União Européia deram mais um passo para enfraquecer a importância do Pacto de Estabilidade, firmado no Tratado de Maastricht de 1992, que definiu os critérios para a União Monetária. Reunidos em Bruxelas, eles rejeitaram a proposta da Comissão Européia de advertir a Itália com o chamado bilhete azul, apesar da perspectiva de o país ultrapassar o limite de déficit público. Roma ganhou prazo até 5 de julho para apresentar um plano de medidas de austeridade.

O desrespeito ao pacto caminha para se tornar praxe. O único país de fato processado até hoje e assim ameaçado concretamente com multas foi Portugal, o primeiro infrator. No entanto, o processo será suspenso, pois os ministros consideram que Lisboa fez o dever de casa. Após o déficit público de 4,4% do PIB em 2001, o governo português pôs as finanças em ordem e cumpriu o teto fixado pelo pacto nos últimos dois anos. Entretanto, existe a perspectiva de recaída este ano.

O governo português não está só neste barco. Seja por questões conjunturais, seja por eventual relaxamento após Alemanha e França serem poupadas pelos ministros das Finanças de processos de punição, fato é que metade dos 12 países integrantes da zona do euro deverá engordar seus déficits para além do limite em 2004. O Pacto de Estabilidade prevê punições após três anos de desrespeito, como o caso de Berlim e Paris.

Austeridade versus recuperação econômica

Ao obter dos colegas a impunidade em novembro, o ministro das Finanças da Alemanha, Hans Eichel, prometera que em 2005 as contas do país entrariam de novo no eixo. Seis meses depois, os boatos de que a promessa não será cumprida se espalham. A lerdeza da recuperação econômica impedirá que o governo arrecade o que pretendia em impostos. O rombo no caixa neste ano e no próximo será bem maior do que o previsto.

Embora Eichel venha reafirmando seu compromisso com o Pacto de Estabilidade, multiplicam-se desde o início do mês as declarações de membros do governo e da coalizão colocando em segundo plano a importância do respeito aos critérios definidos em Maastricht.

"Se a Europa quiser ter futuro, precisa decidir se deseja aumentar em 3% seus investimentos em ciência e educação até 2010, ou respeitar o pacto com um novo endividamento máximo de 3%", afirmou, por exemplo, Franz Müntefering, presidente do Partido Social Democrata (SPD), nesta terça-feira.

Há dez dias, o ministro do Exterior, Joschka Fischer, já defendera que "por um período limitado a recuperação da conjuntura precisa ter prioridade". O vice-chefe de governo acrescentara que "somente poupar e cortar não traz o crescimento necessário".

Sobrevivência do pacto ameaçada

A perspectiva de uma quebra em massa do pacto preocupa os economistas, que rejeitam as propostas de uma flexibilização das regras. "O Pacto de Estabilidade é mais necessário do que nunca e precisaria na verdade ser ainda mais rigoroso", disse Thorsten Polleit à DW-WORLD. Para o economista-chefe do banco de investimentos londrino Barclays Capital, "a Alemanha encontra-se em situação perigosa. Já hoje seu crescimento econômico não basta para o pagamento do serviço de suas dívidas".

Friedrich Breyer, professor da Universidade de Koblenz, concorda. "O Pacto de Estabilidade é importante, pois não podemos continuar fazendo dívidas às custas de nossos filhos."

Consultor do Ministério da Economia, Breyer ressalta: "A Comissão Européia e o Conselho de Ministros das Finanças têm de finalmente aplicar sanções dolorosas, caso contrário o pacto estará morto. Desde que a comissão fracassou em sua intenção de processar a Alemanha e a França, não há mais motivo para os demais países da UE respeitarem os critérios de Maastricht".

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