Pais dormem mal por seis anos após o nascimento dos filhos
27 de fevereiro de 2019
Estudo com homens e mulheres alemães revela efeitos da paternidade na duração e qualidade do sono. Nos três primeiros meses do bebê, mães dormem uma hora menos do que antes da gravidez, e pais, 15 minutos.
Anúncio
Após terem seu primeiro filho, a mãe e o pai levam em média seis anos para recuperar a duração e a qualidade do sono que tinham antes da gravidez, apontou uma pesquisa da Universidade de Warwick, na Inglaterra, com apoio do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW).
O estudo, publicado nesta segunda-feira (25/02) na revista científica Sleep, analisou dados coletados na Alemanha com pais que tinham acabado de ter seu primeiro, segundo ou terceiro filho. Mais de 2.500 mulheres e 2.200 homens foram entrevistados presencialmente uma vez por ano durante o período de 2008 a 2015.
Os participantes tiveram de avaliar a qualidade do sono em uma escala de 0 a 10, e foram questionados sobre quantas horas, em média, eles dormem em um dia normal da semana e em um dia normal no fim de semana.
"Embora ter filhos seja uma grande fonte de alegria para a maioria dos pais, as exigências e responsabilidades associadas a esse papel levam a um sono mais curto e a uma menor qualidade do sono até seis anos após o nascimento do primeiro filho", diz Sakari Lemola, um dos autores do estudo.
A pesquisa também concluiu que, a curto prazo, o nascimento tem efeitos mais fortes no sono das mães. Nos três primeiros meses após darem à luz, as mulheres dormem em média uma hora menos do que antes da gravidez, enquanto a duração do sono dos pais sofre um decréscimo de 15 minutos.
"As mulheres tendem a experienciar mais distúrbios do sono do que os homens após o nascimento de uma criança pois as mães ainda exercem o papel de cuidadora principal com mais frequência do que os pais", afirma Lemola, do Departamento de Psicologia da Universidade de Warwick.
Com filhos entre 4 e 6 anos de idade, a duração do sono das mães ainda é cerca de 20 minutos mais curta em comparação com antes da gravidez, enquanto a dos pais segue 15 minutos menor.
Os efeitos da maternidade e da paternidade no sono foram mais acentuados em pais de primeira viagem do que em pais experientes. Nos primeiros seis meses do bebê, os efeitos também foram mais fortes em mães que amamentam do que em mães que não o fazem.
A pesquisa concluiu ainda que fatores financeiros (como uma maior renda familiar) ou psicossociais (como a mãe que conta com o pai na criação dos filhos) não parecem proteger os pais de terem seu sono afetado durante os primeiros anos da criança.
Dar aos bebês nomes tradicionais ou incomuns, amamentar em público, usar fraldas descartáveis ou de pano, e até mesmo vacinar ou não: conheça os temas que mais preocupam pais e mães na Alemanha.
Foto: Imago
Que nome dar?
O que é mais importante: que o filho se destaque ou seja mais um entre muitos outros de sua geração? Escolher um nome para o bebê é uma expressão da identidade dos pais, mas também pode ser um peso para a criança durante a vida inteira. Marie e Elias foram os nomes mais frequentes dados a bebês na Alemanha em 2016.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Stratenschulte
Amamentar em público
Mesmo que não funcione para todas as mães por uma série de razões, a amamentação é uma prática generalizada na Alemanha. Os alemães não têm problemas com nudez, de forma que a amamentação em público não chega a ser problema. No entanto, o país não tem uma lei que protege mães que amamentam. Donos de estabelecimentos comerciais podem proibir as mulheres de amamentarem em público em suas lojas.
Foto: picture alliance/empics/N. Ansell
Por quanto tempo amamentar?
Este é outro tema controverso. Pode-se ver até mães amamentando um filho de três anos, mas isso é exceção. Na Alemanha os casais recebem ajuda financeira se deixam de trabalhar nos primeiros 12 meses do bebê (ou até 14 meses se a licença for compartilhada entre pai e mãe), e muitas mães tentam parar de amamentar antes de voltar ao trabalho.
Foto: Colourbox/yarruta
Jardim de infânca
Antes de voltar a trabalhar, a busca por vagas em creches ou jardins de infância é outro tema estressante para os jovens pais. Enquanto muitos se preocupam em achar estabelecimentos perto de suas casas, outros dão mais atenção à linha pedagógica, por exemplo, e lutam por uma vaga nos jardins de infância Waldorf.
Foto: picture-alliance/ZB/P. Pleul
Vacinação
A vacina não é obrigatória na Alemanha, e, por isso, há pais que não imunizam os filhos. Segundo a OCDE, o índice de vacinação infantil no país é de 96%, mas outros estudos apontam uma taxa menor. Não vacinar só funciona enquanto um número suficiente de pessoas garantir a imunização da sociedade. Berlim, por exemplo, enfrentou uma epidemia de sarampo no inverno de 2014 para 2015, com 1.392 casos.
Foto: Sean Gallup/Getty Images
Deixar chorar
É um fenômeno universal: os bebês acordam várias vezes por noite, deixando os pais exaustos. Seguindo o que se conhece como método Ferber, muitos alemães deixam os bebês chorarem sozinhos na cama até dormirem. Pode ser a salvação para alguns, mas outros consideram isso tortura.
Foto: CC/Roxeteer
Teoria do apego
Quem é contra esse treinamento para o bebê dormir provavelmente defende a "attachment parenting", teoria do apego, uma filosofia criada pelo pediatra americano William Sears. Ela recomenda, por exemplo, dar segurança ao carregar o bebê e dormir com ele, aliás outro ponto controverso. Em 2014, o Ministério alemão da Família até promoveu um congresso no país sobre a teoria do apego.
Foto: imago/imagebroker
Fraldas descartáveis, de pano ou nenhuma?
As fraldas são outro tema universal. Com tantas opções descartáveis no mercado, ainda há os que preferem fraldas de pano. Isso representa mais trabalho, mas contribui para a sustentabilidade. Praticantes do método "Windelfrei" (sem fraldas) ainda são raros, mas eles automaticamente ganham o concurso de "pais mais dedicados".
Foto: picture alliance/dpa Themendienst
Cozinhar ou comprar pronto
Você identifica pais que querem dar dedicação especial ao filho pela forma como preparam a papinha do bebê. Muitos utilizam apenas ingredientes orgânicos e pratos e talheres provenientes de comércio justo. Provavelmente eles criticam os que compram papinha pronta no supermercado, mas admitem que ela é útil quando viajam.
Foto: Fotolia/victoria p
Conceitos alternativos de educação
Nos anos 1960 e 1970, os alemães refletiram muito sobre educação e criaram conceitos como educação antiautoritária, para promover a liberdade de pensamento de uma criança. A influência dessa abordagem é sentida na Alemanha até hoje. Além das várias teorias populares atuais, cada pai desenvolve um estilo próprio – e ninguém gosta de ouvir que está errado.
Foto: colourbox/S. Darsa
Televisão e eletrônicos
Existem aplicativos incríveis e programas de TV voltados para os pequenos. Muitas crianças de um ano sabem mexer melhor em smartphones do que os avós. Embora não haja consenso entre os pais alemães sobre o uso de mídia digital por crianças pequenas, a maioria prefere restringir o contato dos filhos com esses aparelhos.
Foto: picture-alliance/dpa
Consumo de açúcar
Outra maneira alemã de avaliar um "bom pai ou mãe" é o número de anos em que o filho não foi colocado em contato com doces – e isso num país onde o sorvete é um ritual quase diário para crianças mais velhas no verão. Aliás, o segundo filho geralmente é privilegiado, podendo experimentar uma série de coisas mais cedo, pois após algum tempo os pais deixam de seguir alguns de seus rígidos princípios.