Palestina festeja elevação de status nas Nações Unidas
30 de novembro de 2012 Em uma votação histórica, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) elevou, por grande maioria, o status da Palestina a Estado observador não membro. Nesta sexta-feira (30/11), enquanto os palestinos ainda festejavam a votação do dia anterior, Estados Unidos e Israel advertiam para novas ameaças contra o processo de paz no Oriente Médio. Comentários na mídia israelense denominaram a votação uma derrota diplomática para o Estado judeu.
Um total de 138 países votou a favor da medida, incluindo o Brasil, enquanto apenas nove votaram contra, incluindo EUA e Israel. Além da Alemanha, 40 outras nações se abstiveram. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, falou de um "dia histórico". "Hoje demos um passo importante no caminho para a independência palestina", declarou.
Até então, a representação palestina na ONU tinha apenas papel de observador simples, comparável à de organizações internacionais. Agora, as Nações Unidas certificam aos palestinos formalmente o status de Estado. A Autoridade Nacional Palestina em Ramallah pode agora aderir a certas organizações das Nações Unidas e aos tratados internacionais, além de ter acesso a órgãos internacionais de justiça.
Celebração
Nos territórios palestinos, o novo status na ONU foi festejado freneticamente. Em Ramallah, na Cisjordânia, milhares de pessoas foram às ruas, deram salvas de tiros e se abraçaram. Em outras cidades da Cisjordânia também houve celebrações. Em Belém, fogos de artifício foram disparados, os sinos tocaram à meia-noite. Também houve festa na Faixa de Gaza, atualmente controlada pelo grupo radical islâmico Hamas. Integrantes do Hamas, que a princípio rejeita a política diplomática de Abbas, falaram de uma "nova vitória no caminho para libertar a Palestina".
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, classificou a votação como "infeliz e contraproducente". O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou Abbas de fazer um discurso "cheio de mentiras e propaganda". "A decisão das Nações Unidas não muda nada localmente", acrescentou. "Não haverá Estado palestino sem garantias para a segurança dos israelenses."
A votação também evidenciou uma profunda ruptura entre os europeus sobre a política para o Oriente Médio. Enquanto Reino Unido e Alemanha se abstiveram, países como França, Itália, Espanha e Suécia votaram pelo novo status dos palestinos. A República Tcheca votou contra.
Pressão pela paz
Cresce a pressão internacional sobre ambos os lados para que conversações de paz sejam retomadas. O ministro do Exterior da Alemanha, Guido Westerwelle, declarou nesta sexta-feira ser a favor de uma rápida retomada das negociações de paz. Ele afirmou que a elevação da condição da Palestina na ONU deve ser tomada como uma oportunidade para que ambos os lados voltem "o mais cedo possível" à mesa de negociações.
De acordo com a mídia israelense, Berlim não votou contra o pedido palestino, apesar da relação de lealdade especial dos alemães para com Israel, por ser contra a política de assentamentos israelenses na Cisjordânia. "Os israelenses não reagiram a nossos pedidos para dar um gesto de boa-vontade na questão dos assentamentos", citou o jornal israelense Haaretz um alto funcionário do governo alemão, que não quis se identificar.
MD/afp/rtr
Francis França