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Palestinos rompem laços com EUA e Israel

1 de fevereiro de 2020

Líder palestino Abbas diz que comunicou Tel Aviv e Washington do rompimento e recusa mediação americana. Liga Árabe também rejeita plano de paz proposto por Washington e diz que não vai cooperar para sua implementação.

Líder palestino Mahmoud Abbas (c.) chega ao Cairo para reunião de emergência da Liga Árabe
Líder palestino Mahmoud Abbas (c.) chega ao Cairo para reunião de emergência da Liga Árabe Foto: Reuters/M. Abd El Ghany

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, anunciou neste sábado (01/02) o rompimento de todos os laços com Israel e os Estados Unidos, em resposta ao plano de paz proposto pelo presidente americano, Donald Trump, que muitos avaliam como sendo favorável aos israelenses.

Em uma reunião de emergência da Liga Árabe no Cairo, Abbas disse ter enviado mensagem para o presidente israelense, Benjamin Netanyahu, e para o diretor da CIA, a agência de inteligência americana, comunicando a intenção de cortar relações com os dois países.

"Estamos afirmando que não haverá relações com Israel e os Estados Unidos, incluindo relações de segurança, pelo fato de acordos e resoluções internacionais de legitimidade anteriores não terem sido cumpridos", disse o líder palestino. 

Após a reunião, a Liga Árabe, da qual participam 22 países, divulgou um comunicado confirmando sua rejeição ao acordo proposto por Trump, que, segundo a entidade, "não alcança os direitos mínimos e aspirações do povo palestino". Os países árabes se comprometeram a "não cooperar com o governo americano na implementação desse plano".

O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul-Gheit, também criticou a estratégia americana. "O plano levará a um cenário de Estado único que se resume a duas classes de cidadãos, e isso é um apartheid, no qual os palestinos serão cidadãos de segunda classe, privados dos direitos básicos de cidadania", avaliou.

"Isso não ajudará a chegarmos à paz e a uma solução justa", observou Aboul-Gheit. Ele pediu que palestinos e israelenses negociem uma "solução satisfatória para ambas as partes".

O plano de paz proposto por Washington prevê a solução de dois Estados, com a Palestina sendo reconhecida pelos EUA como um país soberano. Em contrapartida, os israelenses sairiam favorecidos com o reconhecimento de Jerusalém como sua "capital indivisível" de Israel e a validação de todos os assentamentos na Cisjordânia.

Na reunião, Abbas disse que ignorou telefonemas e mensagens de Trump. "Sei que ele usaria isso para dizer que nos consultou", avaliou. "Jamais aceitarei essa solução [...] Não deixarei marcado na minha história que vendi Jerusalém", afirmou.

"Não deixarei marcado na minha história que vendi Jerusalém", afirmou Abbas (c.) à Liga ÁrabeFoto: picture-alliance/Zuma Press/APA Images/T. Ganaim

Ele reiterou que os palestinos continuam comprometidos com o objetivo de encerrar as ocupações israelenses em seu território e de estabelecer sua capital na parte leste de Jerusalém. Abbas também rejeitou que os EUA sejam os únicos mediadores em quaisquer negociações com Israel e disse que irá ao Conselho de Segurança da ONU para deixar clara sua posição.

O plano proposto pelos EUA prevê ainda recusa do direito de retorno de palestinos refugiados a regiões perdidas para Israel, entre outros pontos. Caso aceitassem as condições do acordo, os palestinos receberiam 50 bilhões de dólares em investimentos nos próximos dez anos, além da conexão de seus territórios por túneis com trens de alta velocidade. A soberania do Estado palestino, porém, seria limitada a territórios desmilitarizados sob controle israelense.

Embaixadores dos Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Omã estavam presentes na Casa Branca durante anúncio do plano no início da semana, numa demonstração de apoio à iniciativa. A Arábia Saudita e o Egito, aliados próximos dos EUA na região, viram com bons olhos o plano americano e pediram a retomada nas negociações de paz.

Em nota, o governo egípcio pediu que os dois lados "estudem cuidadosamente" o acordo e se disse favorável a uma solução que restaure os direitos legítimos dos palestinos e o estabelecimento de um "Estado independente e soberano nos territórios ocupados". O texto, porém, não menciona a exigência dos palestinos de ter Jerusalém como sua capital.

RC/rtr/afp/ap

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