Palestinos retiram pedido para suspender Israel da Fifa
29 de maio de 2015
Federação palestina volta atrás sobre suspensão de Israel e, em troca, obtém mecanismo de monitoramento para evitar obstáculos à circulação de seus jogadores.
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Os palestinos retiraram nesta sexta-feira (29/05) o pedido de suspensão de Israel da Fifa, após o apelo de vários dirigentes da entidade. Em substituição, a federação palestina propôs a criação de um mecanismo de monitoramento para evitar obstáculos à circulação de jogadores palestinos.
A medida foi bem recebida tanto pelos palestinos quanto pelos israelenses, e a criação do mecanismo foi imediatamente aprovada pelos membros da Fifa, que estão reunidos no congresso anual da entidade em Zurique.
Após a votação, os presidentes da Federação de Futebol da Palestina (PFA), Djibril Rajoub, e da Associação de Futebol de Israel (IPA), Ofer Eini, deram-se as mãos sob os aplausos dos demais participantes do congresso.
Rajoub afirmou que foi persuadido a retirar o pedido, acrescentando que estava no encontro para "jogar futebol" e não para fazer política. "Eu decidi voltar atrás na suspensão, mas isso não significa que eu vou desistir da resistência", acrescentou.
Eini declarou estar "contente" com a retirada do pedido palestino e propôs a criação de um comitê com representantes de ambas as partes e da Fifa para lidar com os problemas tão logo eles apareçam.
"O futebol precisa ser uma ponte para a paz. Eu espero que esse seja o início de um processo que traga paz para as nossas gentes. O futebol é um elemento unificador, e não divisor", completou Eini.
Os palestinos acusam Israel de restringir a circulação de seus jogadores, por exemplo ao impedir que atletas da Cisjordânia e da Faixa da Gaza possam treinar juntos ou até mesmo disputar partidas da seleção palestina no exterior.
Israel alega questões de segurança para as restrições. Além disso, a IPA argumenta que não tem ingerência nas ações das forças de segurança do governo.
CN/rtr/afp/lusa/dpa
O escândalo de corrupção na Fifa
A entidade máxima do futebol vive a maior crise de sua história, pressionada por investigações nos Estados Unidos e na Suíça sobre corrupção envolvendo seus membros. Entenda o caso.
A Fifa começou a viver, um dia antes da abertura de seu congresso anual em Zurique, a maior crise de sua história. A Justiça americana indiciou por corrupção e lavagem de dinheiro 14 pessoas ligadas à entidade, sete delas foram presas pela polícia suíça. Entre os detidos, o ex-presidente da CBF José Maria Martin. Joseph Blatter não foi indiciado, mas o escândalo o colocou sob pressão.
Foto: Reuters/A. Wiegmann
Os detidos
Sete cartolas foram presos, seis deles funcionários diretamente ligados à Fifa. Os de maior destaque são: José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e os vice-presidentes da Fifa Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb. Também foram detidos os dirigentes esportivos Eduardo Li (Costa Rica), Julio Rocha (Nicarágua), Rafael Esquivel (Venezuela) e Costas Takkas (Reino Unido).
Foto: picture-alliance/epa
O esquema
Cartolas, sobretudo de federações da América Latina, vendiam direitos de propaganda e transmissão de competições a empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio deles com propina. Essas empresas, depois, revendiam o direito de transmissão a emissoras. O esquema, segundo a Justiça americana, teria movimentado mais de 150 milhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de 24 anos.
Foto: Getty Images/AFP/D. Emmert
O modelo de negócios da Fifa
Como associação de utilidade pública sem fins não lucrativos, a Fifa se compromete a reinvestir no futebol todos os seus lucros. Seu modelo comercial é simples: ela lucra com a exploração, sobretudo, da Copa do Mundo – o país-sede lhe garante isenção de impostos. A fatia mais gorda das rendas da Fifa são os direitos de transmissão televisiva e os patrocínios oficiais ao Mundial.
Foto: Reuters/R. Sprich
Jurisdição sobre o caso
Os Estados Unidos têm jurisdição sobre o caso porque boa parte da propina foi paga ou recebida usando instituições americanas, como os bancos Delta, JP Morgan Chase, Citibank e Bank of America. Além disso, o dinheiro sujo teria sido movimentado em filiais nos EUA de instituições estrangeiras, como os brasileiros Itaú e Banco do Brasil. Na foto, investigadores apresentam caso à imprensa.
Foto: picture-alliance/epa/J. Lane
Brasileiros na mira
O Brasil tem dois envolvidos além de Marin (foto): o dono da empresa de marketing Traffic, José Hawilla, e o intermediário José Margulies (argentino naturalizado brasileiro). A Copa do Brasil e o contrato da CBF com a Nike estão sob investigação. Marin, que presidiu a CBF entre 2012 e 2015, aparece em dois dos 12 esquemas listados. Ele teria recebido, só da Traffic, 2 milhões de reais por ano.
Foto: dapd
A investigação
O FBI (a polícia federal americana) começou a investigação sobre a Fifa há três anos. O processo teve início devido à escolha de Rússia e Catar como países-sede das Copas de 2018 e 2022, mas acabou expandida para analisar os acordos da entidade nos últimos 20 anos. Os Mundiais, então, acabaram sendo deixados de lado na investigação.
Foto: picture-alliance/dpa/P. B. Kraemer
Copas da Rússia e do Catar
O Ministério Público da Suíça anunciou ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas de 2018 e 2022, que ocorrerão na Rússia e no Catar (foto). A investigação corre paralelamente ao processo judicial aberto nos Estados Unidos. Os nomes dos investigados não foram divulgados.