"Palhaços projetaram Boeing 737 MAX", zombaram funcionários
10 de janeiro de 2020
Fabricante divulga diálogos com duras críticas ao modelo, envolvido em acidentes que deixaram mais de 300 mortos. Desenvolvedores da aeronave foram "supervisionados por macacos", escreveu um empregado.
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A Boeing divulgou nesta quinta-feira (09/01) centenas de mensagens internas de funcionários com duras críticas ao desenvolvimento do modelo 737 MAX, incluindo diálogos em que afirmaram que o avião foi "projetado por palhaços, os quais, por sua vez, são supervisionados por macacos".
As mensagens mostram tentativas de escapar do escrutínio regulatório, com funcionários menosprezando o avião, a empresa, a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) e reguladores estrangeiros da aviação.
Em uma troca de mensagens instantâneas em 8 de fevereiro de 2018 – quando o 737 MAX já estava voando e oito meses antes do primeiro de dois acidentes fatais envolvendo o modelo –, um funcionário pergunta a outro: "Você colocaria sua família em um avião MAX treinada por simulador?" O segundo empregado responde: "Não."
"Eu ainda não fui perdoado por Deus pelo que acobertei no ano passado", escreveu um funcionário em uma mensagem de 2018 sobre lidar com a FAA. Outro empregado afirmou: "Eu sei, mas é isto que estes reguladores recebem quando tentam atrapalhar. Eles impedem o progresso."
A Boeing afirmou que enviou as mensagens, tendo a transparência como interesse, aos congressistas americanos que investigam o processo de certificação do 737 MAX.
O modelo está impedido de voar desde março de 2019, quando um 737 MAX da Ethiopian Airlines que viajava de Adis Abeba para Nairóbi, no Quênia, caiu apensa seis minutos após a decolagem. O acidente ocorreu cinco meses depois de outro similar com uma aeronave do modelo que voava pela Lion Air. Os dois desastres mataram juntos 346 pessoas.
Algumas mensagens reveladas nesta quinta-feira pela Boeing revelam esforços da empresa no sentido de evitar que o treinamento de pilotos em simuladores pelas companhias aéreas – um processo caro e demorado – fosse um requisito para o 737 MAX.
A fabricante de aviões mudou sua orientação apenas esta semana, afirmando que recomendaria aos pilotos o treinamento em simuladores antes de retomar os voos com o 737 MAX – uma grande mudança na posição de que o treinamento por computador era suficiente, pois o avião era semelhante aos seu antecessor, o 737 NG.
A divulgação das mensagens, que destacam uma agressiva cultura de corte de custos e desrespeito à FAA, aprofunda a crise na Boeing, que está lutando para liberar os voos do seu modelo de avião mais vendido e restaurar a confiança do público.
No entanto, a FAA afirmou que as mensagens não suscitam novas preocupações de segurança, embora "o tom e a linguagem contidos nos documentos sejam decepcionantes".
A Boeing afirmou que as comunicações "não refletem a empresa que somos e precisamos ser, e elas são completamente inaceitáveis".
A empresa trabalha para fazer as mudanças exigidas pela FAA no Sistema de Aumento de Características e Manobra (MCAS), um sistema de controle de voo automatizado.
Em dezembro, a Boeing demitiu seu principal executivo, Dennis Muilenburg, por causa das tensões com a FAA e o substituiu pelo presidente do conselho, David Calhoun. No mesmo mês, ela também anunciou que iria suspender temporariamente a fabricação do 737 MAX, a partir de janeiro.
As companhias aéreas mais antigas ainda em operação
A indústria da aviação é cheia de adversidades e, ao longo da história, muitas empresas deixaram de existir. Confira as dez aéreas mais antigas do mundo ainda em atividade. Somente uma latino-americana figura na lista.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/B. Stanley
#10: LOT, da Polônia
A LOT foi criada em 29 de dezembro de 1928 pelo governo polonês, assumindo as aéreas existentes Aerolot (fundada em 1922) e Aero (1925). A era do jato foi introduzida na Polônia em 1968, quando o primeiro dos cinco Tupolev Tu-134 adquiridos pela LOT pousou em Varsóvia. Com uma frota com cerca de 70 aeronaves, entre elas o Boeing 787 Dreamliner (foto), a empresa voa para mais de 110 destinos.
Foto: Reuters
#9: Iberia, da Espanha
A empresa foi fundada em 28 de junho de 1927. Sua primeira rota nacional foi de Madrid para Barcelona (1927); a internacional, para Lisboa (1939); e a intercontinental, para Buenos Aires (1946). Em 2011, a empresa fez uma fusão com a British Airways para formar a International Airlines Group (IAG). No entanto, cada empresa opera ainda com seu próprio nome. No Brasil, ela voa para São Paulo e Rio.
Foto: picture-alliance/dpa/NurPhoto/A. Widak
#8: Air Serbia, da Sérvia
Fundada em 17 de junho de 1927, a Aeroput começou a voar regularmente entre Belgrado e Zagreb em 1928. A 2ª Guerra interrompeu as operações e, em 1947, a tradição da Aeroput foi continuada pela Aerolíneas Iuguslavas (JAT). Em 2013, a Etihad comprou 49% da empresa junto ao governo sérvio e a rebatizou de Air Serbia. Ela voa para 61 cidades com 19 aeronaves, entre jatos da Airbus e turboélices ATR.
Foto: ANDREJ ISAKOVIC/AFP/Getty Images
#7: Delta Airlines, dos EUA
Com o nome de Huff Daland Dusters, a aérea começou como uma empresa de pulverização de lavouras em 30 de maio de 1924. Somente em 1928 ela adotou o nome Delta e se tornou uma das maiores do mundo em número de passageiros ao comprar a Pan Am, em 1991, e fazer uma fusão com a Northwest Airlines, em 2008. Com mais de 300 destinos em ao menos 50 países, no Brasil ela voa para São Paulo e Rio.
Foto: dapd
#6: Finnair, da Finlândia
A empresa foi fundada com o nome de Aero em 1º de novembro de 1923. Seu voo comercial inaugural levou 162 kg de correio de Helsinque para Talín. Durante seu primeiro ano, a Aero transportou 269 passageiros. Ela oferece as ligações aéreas mais curtas entre Europa e Ásia devido à localização geográfica da Finlândia. São 19 destinos na Ásia, oito na América do Norte e mais de cem na Europa.
Foto: Imago Images/Aviation-Stock/M. Mainka
#5: Czech Airlines, da República Tcheca
A empresa foi fundada em 6 de outubro de 1923 pelo governo da antiga Tchecoslováquia. Seu primeiro voo foi na rota entre Praga e Bratislava, 23 dias depois de sua fundação. As operações foram interrompidas durante a 2ª Guerra, e a companhia foi mais tarde reintegrada pelo governo comunista pós-guerra. Atualmente ela voa para mais de 30 destinos na Europa, Oriente Médio e Ásia.
Foto: picture-alliance/dpa
#4: Aeroflot, da Rússia
A Aeroflot foi fundada em 17 de março de 1923 e seguiu a tendência, após a 1ª Guerra, de usar a aviação para fins pacíficos ao transportar passageiros, correio e carga, operando aviões de guerra reequipados. Em 1956, ela introduziu o Tupolev Tu-104, o primeiro avião civil a jato da Rússia. De seu hub no terminal Sheremetyevo, em Moscou, ela operou 159 rotas em 54 países no verão europeu de 2019.
Foto: Reuterrs/M. Shemetov
#3: Qantas, da Austrália
Em novembro de 1920, os veteranos da 1ª Guerra Paul McGinness e Hudson Fysh conceberam um serviço aéreo que ligasse a Austrália ao mundo. O primeiro serviço regular, entre Charleville e Cloncurry, começou em 1922. Em 1947, o governo comprou a companhia e a transformou na aérea de bandeira nacional. Na década de 1990, ela foi reprivatizada e voa atualmente para mais de 80 cidades em 20 países.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Griffith
#2: Avianca, da Colômbia
A empresa foi fundada em 5 de dezembro de 1919 por imigrantes alemães e com o nome de SCADTA. Em 1920, a companhia mais antiga das Américas fez seu primeiro voo entre as cidades colombianas de Barranquilla e Puerto Berrío. Em 1972, ela se tornou a primeira companhia latino-americana a operar um Boeing 747. A Avianca possui 189 aeronaves e voa para 108 destinos em 26 países, inclusive o Brasil.
Foto: Imago/Rüdiger Wölk
#1: KLM, da Holanda
A KLM foi fundada em 7 de outubro de 1919 e é a companhia mais antiga do mundo que ainda opera sob seu nome original. Seu primeiro voo, porém, foi realizado em 1920, entre Londres e Amsterdã. Em 1946, ela se tornou a primeira a ligar a Europa continental aos EUA. Em 2004, se juntou com a Air France para formar um dos maiores grupos europeus. No Brasil, voa para São Paulo, Rio e Fortaleza.