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Pandemia ameaça segurança e paz globais, diz chefe da ONU

10 de abril de 2020

Conselho de Segurança se reúne pela primeira vez para discutir crise do coronavírus. Guterres pede unidade entre países e diz que Nações Unidas enfrentam seu teste mais grave em 75 anos. "É a luta de uma geração."

Mulher com máscara entre policiais em Berlim, na Alemanha
Alemanha descreveu a pandemia como uma "questão internacional de paz e segurança internacionais"Foto: picture-alliance/dpa/C. Soeder

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou que a pandemia de coronavírus representa uma ameaça para a segurança e a paz internacionais, e pediu aos países-membros do Conselho de Segurança da ONU que se unam no combate à crise.

A declaração foi feita nesta quinta-feira (09/04), quando o órgão internacional se reuniu pela primeira vez para discutir a pandemia que já deixou mais de 1,6 milhão de infectados no mundo todo, segundo números oficiais, além de quase 100 mil mortos.

A reunião virtual foi liderada pela Alemanha e ocorreu após nove dos dez membros não permanentes do conselho terem solicitado uma conferência para debater a inação do órgão.

O Conselho de Segurança, que vinha se mantendo em silêncio desde o início do surto em dezembro, é encarregado de manter a paz e a segurança internacionais, mas seus Estados-membros discordam sobre de que forma isso deve ser feito quando se trata da crise da covid-19.

Durante a reunião nesta quinta-feira, Guterres pediu unidade entre os países que compõem o grupo, afirmando que esse engajamento do conselho será "crítico para mitigar as consequências da pandemia de covid-19 na paz e na segurança" globais.

O secretário-geral das Nações Unidas, António GuterresFoto: Imago/L. Rampelotto

"A pandemia também representa uma ameaça significativa para a manutenção da paz e segurança internacionais, potencialmente levando a um aumento da agitação social e da violência que prejudicaria muito nossa capacidade de combater a doença", alertou. "Para vencermos a pandemia hoje, precisamos trabalhar juntos. Isso significa mais solidariedade."

Segundo Guterres, a ONU passa "por seu teste mais grave" desde que foi fundada, há 75 anos. "Esta é a luta de uma geração – e a razão de existir das próprias Nações Unidas."

O secretário-geral, que em março pedira um cessar-fogo em todos os conflitos globais, advertiu ainda que a crise já "prejudicou esforços internacionais, regionais e nacionais de resolução de conflitos, exatamente quando eles são mais necessários".

Guterres mencionou outros riscos alarmantes da pandemia à segurança global, como a possibilidade de novos ataques terroristas, erosão da confiança nas instituições públicas, instabilidade econômica e tensões políticas geradas por adiamento de eleições.

Ao fim da reunião, o Conselho de Segurança emitiu um comunicado expressando "apoio a todos os esforços do secretário-geral em relação ao possível impacto da pandemia de covid-19 em países afetados por conflitos" e destacando "a necessidade de unidade e solidariedade com todos os afetados" pela crise.

Os membros do órgão se reuniram após semanas de desentendimentos. Diplomatas afirmaram que a entidade vinha bloqueando a emissão de um comunicado ou a adoção de uma resolução devido à insistência dos Estados Unidos de que a origem do vírus na China ou em Wuhan deveria ser incluída no documento, enquanto Pequim contestava isso.

Segundo o embaixador belga na ONU, Marc Pecsteen de Buytswerve, essa questão não foi mencionada na reunião desta quinta-feira.

Embora o encontro por videoconferência tenha sido a portas fechadas, vários embaixadores participantes divulgaram trechos de suas declarações no Twitter ou a jornalistas.

Enquanto a Alemanha descreveu a pandemia como uma "questão internacional de paz e segurança internacionais", vários outros países, como China, Rússia e África do Sul, defenderam que questões de saúde não fazem parte do escopo do Conselho de Segurança.

EK/afp/ap/efe/ots

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