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Pandemia expôs "populismo negacionista", diz Merkel

8 de julho de 2020

Em discurso no Parlamento Europeu para falar das prioridades da Alemanha na presidência rotativa da UE, chanceler diz que a "pandemia não pode ser combatida com mentiras e desinformação, nem com ódio e agitação".

Chanceler alemã Angela Merkel discursa no Parlameto Europeu após seu país assumir presidencia rotatória da UE
Chanceler alemã Angela Merkel discursa no Parlameto Europeu após seu país assumir presidencia rotatória da UEFoto: picture-alliance/AP Photo/F. Seco

A pandemia de coronavírus expôs os limites do "populismo negacionista", afirmou a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, em discurso no Parlamento Europeu nesta quarta-feira (08/07), ao delinear os planos de seu país após assumir a presidência rotatória da União Europeia (UE).

"Estamos vendo no momento que a pandemia não pode ser combatida com mentiras e desinformação, nem com ódio e agitação", disse ela. "O populismo que nega os fatos está demonstrando seus limites", acrescentou ela. “Em uma democracia, fatos e transparência são necessários. Isso é o que diferencia a Europa, e isso que será defendido pela Alemanha durante sua presidência."

A Alemanha, que assumiu no dia 1º de julho a incumbência de presidir as reuniões do bloco europeu, enfrentará o desafio de atingir o consenso no debate em torno no fundo de resgate pós-pandemia para o bloco das 27 nações. Nos seis meses do mandato alemão, também será decidido o orçamento do bloco para os próximos 7 anos, enquanto o continente avalia formas de se recuperar da recessão gerada pela crise do coronavírus.

"A profundidade do declínio econômico exige que nos apressemos", disse Merkel aos eurodeputados. "Não devemos perder tempo; particularmente os mais fracos sofrerão com isso. Espero muito que possamos chegar a um acordo durante o verão [no hemisfério norte]. Isso exigirá boa vontade de todos os lados para chegarmos a um meio-termo, e dos senhores também", reforçou.

"Não podemos ser ingênuos. Em muitos Estados-membros, os opositores da Europa estão apenas aguardando para fazer mau uso da crise, tendo em vista seus próprios fins", alertou. "Devemos mostrar a eles o estado dos valores agregados da cooperação da União Europeia. Devemos mostrar que um retorno ao nacionalismo significa não mais, mas, menos controle."

Em maio, Merkel e o presidente francês, Emmanuel Macron, propuseram a criação de um fundo de resgate de 500 bilhões de euros através de empréstimos compartilhados entre os países da UE. O acordo marcou um rompimento da Alemanha com sua longeva tradição de se opor a empréstimos coletivos.

A Comissão Europeia aumentou a aposta e sugeriu a criação de um fundo de 750 bilhões de euros, composto majoritariamente de subvenções. A proposta enfrenta resistência da Áustria, Holanda, Suécia e Dinamarca, que não veem com bons olhos a concessão de financiamentos sem garantias.

"É correto e importante para as regiões atingidas com mais intensidade pela crise e, acima de tudo, para as pessoas lá vivem, que possam estar aptas a contar com a nossa solidariedade", reforçou Merkel. "É do nosso próprio interesse, mas, ao mesmo tempo, isso também significa que o esforço que se faz necessário para o bem de todos não deve sobrecarregar os Estados mais fortes economicamente de modo unilateral".

RC/ap/rtr/afp

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