Pandemia faz 10 mil voluntários deixarem Olimpíada de Tóquio
2 de junho de 2021
Assessor do governo diz a comissão parlamentar "não ser normal" ter evento em meio a alta de casos. Estado de emergência em Tóquio termina um mês antes do início das competições. Maioria no país não quer Jogos.
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Cerca de 10 mil voluntários que deveriam trabalhar nas próximas Olimpíada e Paraolimpíada de Tóquio desistiram de atuar nos eventos, agendados para começar no próximo mês. A notícia foi confirmada nesta quarta-feira (02/06) pelos organizadores japoneses.
"Não há dúvida de que um dos motivos é a preocupação com as infecções por coronavírus", reconheceu o presidente-executivo do comitê organizador, Toshiro Muto. As primeiras notícias sobre o assunto haviam sido divulgadas pela emissora pública japonesa NHK.
Os organizadores da Olimpíada de Tóquio e o Comitê Olímpico Internacional (COI) se comprometeram a organizar os Jogos Olímpicos de forma segura, através de um rigoroso protocolo de higiene. Mas, apesar de todas as garantias, persistem dúvidas e preocupações.
Os voluntários, que constituem o maior grupo de participantes, não sabem sequer se serão testados, quanto mais vacinados contra o coronavírus, segundo Barbara Holthus, vice-diretora do Instituto Alemão de Estudos Japoneses, em Tóquio. Ela se inscreveu como voluntária para a Olimpíada. . "Temos zero informação sobre isso", reclama.
Outro motivo apontado pelos organizadores para a desistência de muitos voluntários é o adiamento do evento em um ano, agora definido para começar em 23 de julho.
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Baixas começaram em fevereiro
A redução do número de voluntários começou em fevereiro, quando cerca de mil deles desistiram, em protesto contra comentários sexistas feitos pela ex-presidente do comitê organizador Yoshiro Mori, que renunciou após o escândalo.
As cerca de 10 mil desistências contabilizadas até agora são parte dos 80 mil voluntários recrutados antes do adiamento do evento. Mas os organizadores não esperam ter problemas pois, devido à ausência de público estrangeiro, será necessário um número menor de assistentes.
Maioria não quer Jogos agora
A maioria dos japoneses quer que os Jogos Olímpicos sejam adiados novamente ou cancelados em meio ao aumento de casos de coronavírus e uma lenta campanha de vacinação. O estado de emergência em Tóquio foi prorrogado até o 20 de junho, um mês antes de as competições começarem.
"Não é normal sediar os Jogos na situação atual", afirmou nesta quarta-feira o principal assessor do governo para o coronavírus, Shigeru Omi, diante de uma comissão parlamentar. O especialista, que já fez diversos apelos para que o governo reconsidere os planos sobre as competições olímpicas, ponderou que se a Olimpíada tiver que ser realizada durante uma pandemia, "é responsabilidade dos organizadores reduzi-la tanto quanto possível e fortalecer o sistema de controle".
md (EFE, DPA)
Dados e fatos sobre os Jogos Paralímpicos
Pouco mais de duas semanas após os Jogos Olímpicos, o Rio recebe a 15ª Paraolimpíada. Em alguns aspectos, a competição tem números ainda maiores do que as Olimpíadas. Os problemas, porém, são parecidos.
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Mais disputas por medalhas de ouro
Nos Jogos Olímpicos do Rio houve disputa por 306 medalhas de ouro em 17 dias. Já nos Paralímpicos, que vão até 18 de setembro, serão 528 disputas em 12 dias. Isso ocorre porque existem diferentes classificações funcionais dentro de cada esporte, dependendo do grau e tipo de deficiência. São disputadas 23 modalidades esportivas e, entre elas, pela primeira vez, estão a canoagem e triatlo.
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Novos recordes
No Rio estão presentes 4.350 atletas, número é 11 vezes maior que na estreia dos Paralímpicos de 1960, em Roma. Há um recorde também no número de delegações: 176 países. E mais um recorde será batido: o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) prevê que 4 bilhões de telespectadores vão assistir aos jogos.
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Múltiplas classes podem confundir
Nos Paralímpicos, não é muito fácil ter uma visão geral de todas as modalidades. Isso porque existem dez classificações nas chamadas classes funcionais. Somente na corrida de 100 metros livres para homens, por exemplo, houve, nos Jogos de 2012, em Londres, 15 campeões paralímpicos. O detentor do recorde na classe T43 é o brasileiro duplo amputado Alan Oliveira, com sensacionais 10,57 segundos.
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Batalha técnica
Cada vez mais as Paralimpíadas se parecem com uma corrida armamentista. Pois os atletas paralímpicos precisam de muito mais equipamentos e suporte técnico que os olímpicos. São 18 toneladas de equipamentos, um total de 15 mil itens, como 1.100 pneus para cadeiras de rodas e 300 pés protéticos. Cem mecânicos de 31 países deverão receber, diariamente, 2 mil pedidos de consertos.
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A vantagem dos países ricos
Além do esporte para pessoas com deficiência nem sempre ser considerado igual em todas as nações, muitas federações nacionais não têm condições de comprar os equipamentos mais caros. É por isso, também, que atletas de países ricos conquistam o maior número de medalhas. A prótese do atleta de salto com vara alemão Markus Rehm, que detém o recorde mundial de 8,40 m, custa cerca de 8 mil euros.
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Falta de dinheiro
Os Jogos Paralímpicos também são caros para os anfitriões. O Brasil, que passa por uma crise econômica, teve que injetar cerca de 215 milhões de reais de recursos públicos no evento, já que o orçamento previsto não era suficiente. O número de voluntários, que era de 25 mil, foi reduzido significativamente. O presidente do IPC, Philip Craven, diz que este momento é o "pior" da história paralímpica.
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Arquibancadas vazias
Um motivo para o rombo no orçamento é a baixa venda de ingressos. Após o fim dos Jogos Olímpicos, o número de entradas vendidas era de apenas 300 mil. Uma campanha nas redes sociais, porém, fez o número saltar para 1,6 milhão na semana da abertura da Paralimpíada. Segundo o IPC, há ainda cerca de 1 milhão de ingressos disponíveis. A Paralimpíada também sofre o risco de ter arquibancadas vazias.
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Doping também nas Paralimpíadas
Karl Quade, chefe da delegação alemã, acredita no trabalho dos atletas, mas diz que "não pode colocar as mãos no fogo quando se trata de doping". Existe o doping físico e também de equipamentos esportivos ("doping tecnológico"). Alguns chegam a trapacear quanto à classe do tipo e grau de deficiência. Ao banir a Rússia por doping estatal, o IPC mostrou um claro sinal de que não tolera o doping.
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Anéis olímpicos?
Em muitos locais do Rio, os anéis olímpicos foram desmontados e substituídos por outra construção: os semiarcos chamados Agitos, o símbolo dos Jogos Paralímpicos. Em vez dos cinco anéis olímpicos, desde 2004 os três Agitos ("Eu movo", em latim) são os símbolos para a competição dos atletas paralímpicos.