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Papa conclama à renovação da fé

(gh)21 de agosto de 2005

Bento 16 retorna ao Vaticano após quatro dias na Alemanha. Missa campal encerrou Jornada Mundial da Juventude. Em encontro com Pelé, papa enviou saudações ao Brasil. Próxima JMJ será na Austrália.

Bento 16 acena durante a missa de encerramento da JMJFoto: AP

O papa Bento 16 conclamou os participantes da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) a viver sua fé e a transmiti-la a outras pessoas. Na homilia a um milhão de pessoas reunidas na missa de encerramento do encontro em Marienfeld, perto de Colônia, ele pediu a freqüência assídua às missas dominicais e criticou a comercialização da religião.

"Hoje existe em grandes partes do mundo um estranho esquecimento de Deus. Parece que é possível viver sem ele. Ao mesmo tempo, há uma sensação de frustração generalizada: isso não pode ser a vida", disse Bento 16. Por outro lado, acrescentou, esse esquecimento é acompanhado de uma espécie de boom religioso. "A religião é transformada em produto de mercado. Aproveita-se dela os aspectos agradáveis, e alguns sabem lucrar com isso."

A alegria dos australianosFoto: AP

Bento 16 também confirmou a notícia que havia vazado nos últimos dias, de que o próximo encontro mundial da juventude será realizado em Sydney, Austrália, em 2008.

Os brasileiros que participaram da JMJ na Alemanha saíram satisfeitos do megaevento. "O papa nos deu coragem para levarmos a palavra de Deus adiante. Isso aqui foi um incentivo muito grande para continuarmos vivendo uma vida cristã", disse Leonardo Antunes, integrante de um grupo de 500 jovens de Brasília presentes em Marienfeld.

Para Ângela Maria das Graças, de Jarimu (SP), "valeu o sacrifício, inclusive passar a noite no frio. Estou muito feliz. Esses dias de convivência com gente de tantas nações mostraram que os jovens não estão tão desorientados como se fala".

Centenas de milhares de jovens pernoitaram a céu aberto em Marienfeld, após a oração com o papa no sábadoFoto: AP

Vigília

Um dos pontos altos da visita do papa à Alemanha foi a oração da noite de sábado (20/08) com um milhão de pessoas (segundo os organizadores; 700 mil, para a polícia) em Marienfeld. Em meio a um "mar de luzes", Bento 16 admitiu erros da Igreja e pediu aos jovens que "permaneçam firmes na fé e sigam bons exemplos".

A chamada vigília, com orações, leituras bíblicas, tradicional música sacra, danças e melodias modernas, foi celebrada em duas partes: uma introdução com a cruz da JMJ e uma "festa da luz". Muitos participantes, acampados no local desde a manhã, estavam impressionados. "Isso aqui é uma coisa de outro mundo. É inexplicável", disse Jean Carlos Silva, um dos 400 brasileiros do movimento Canção Nova na JMJ.

Papa rezou com jovens à luz de velasFoto: AP

Bento 16 abençoou um sino de mais de seis toneladas, dedicado a seu antecessor, João Paulo 2º, idealizador da Jornada Mundial da Juventude. Ele lembrou que João Paulo 2º pediu perdão "pelos erros cometidos no curso da história, pelos erros e ações de membros da Igreja".

O papa também admitiu que a Igreja pode ser criticada em muitos pontos. "Nós sabemos disso, e o Senhor também nos disse: é uma rede com peixes bons e ruins, um campo com trigo e joio".

À tarde, Bento 16 encontrou-se em Colônia com os bispos alemães. Na ocasião, manifestou-se preocupado com a situação da religião no Leste do país, "onde a maioria da população não é batizada e não tem contato com a Igreja". A Igreja alemã precisa encontrar novas formas para atingir os jovens, disse o Sumo Pontífice.

Vista aérea de parte do local onde um milhão de pessoas participaram da vigília e da missa campalFoto: AP

Um desvio no vôo de volta

Na presença do presidente alemão, Horst Köhler, e de dezenas de jovens que gritavam seu nome, o papa embarcou de volta a Roma no início da noite de domingo, após passar quatro dias em solo alemão, nesta que foi sua primeira visita ao exterior.

Na viagem de retorno para o Vaticano, o capitão Martin Ott, que estudou Teologia com Joseph Ratzinger, pretendia manobrar o Airbus A321 da Lufthansa sobre Marktl am Inn, no sul do país, onde a população da pequena cidade queria iluminar de forma especial a casa onde o papa nasceu.

Muçulmanos e Pelé

Ainda no sábado, o papa recebeu Pelé em Colônia e enviou saudações ao Brasil. Depois do encontro, que não estava previsto na agenda oficial de Bento 16, Pelé disse: "Estou feliz por ter visto o papa, que me pediu que transmitisse saudações à minha pátria, aos jogadores e aos jovens. O papa gosta muito de mim".

Em encontro com Pelé, papa enviou saudações ao BrasilFoto: AP

Depois do encontro com Pelé, o papa encontrou-se com líderes muçulmanos e pediu-lhes que combatam o "fanatismo cruel do terrorismo". Bento 16 alertou que pode ocorrer "a escuridão de um novo barbarismo, se pessoas de diferentes religiões não se unirem contra isso".

Estima-se que na Alemanha vivam cerca de três milhões de muçulmanos, a maioria deles de origem turca. Os líderes muçulmanos elogiaram o encontro, embora o papa em ocasiões anteriores tenha se oposto ao ingresso da Turquia na União Européia.

Apesar de alguns problemas organizacionais, como o caos no transporte de peregrinos no sábado, na avaliação do frei Eberhard von Gemmingen, diretor do programa alemão da Rádio Vaticano, "a visita do papa à Alemanha foi mais do que bem-sucedida". Nas conversas com os participantes, o que mais se ouviu é que o encontro foi uma demonstração de união dos cristãos.