"Estou junto com o querido povo cubano nestes tempos difíceis", disse pontífice, em primeira celebração no Vaticano após cirurgia. Francisco teve papel de destaque no breve degelo das relações entre EUA e Cuba em 2016.
Anúncio
Na primeira celebração pública no Vaticano desde que recebeu alta hospitalar, o papa Francisco manifestou neste domingo (18/07) preocupação com o momento vivido por Cuba, que sofre os efeitos de uma grave crise financeira e dificuldades para combater a pandemia, o que provocou protestos contra o regime que governa a ilha há seis décadas.
"Estou junto com o querido povo cubano nestes tempos difíceis, em particular das famílias, que são as que mais sofrem. Rezo ao Senhor para ajudar a construir uma sociedade cada vez mais justa e fraterna em paz, diálogo e solidariedade", declarou o líder religioso, depois de rezar o Angelus da janela do Palácio Apostólico.
Francisco, que recebeu alta na última quarta-feira após dez dias no hospital para uma cirurgia de cólon, fez uma breve referência aos protestos maciços na ilha no caribe.
A referência a Cuba foi saudada pelos aplausos dos fiéis e peregrinos que escutaram suas palavras da Praça de São Pedro, alguns carregando bandeiras cubanas. O Papa convidou a população do país a confiar na padroeira da ilha, Nossa Senhora da Caridade de El Cobre. "Ela os acompanhará nesta viagem", prometeu.
Cuba vive os maiores protestos antigovernamentais desde o chamado "Maleconazo", de agosto de 1994. As manifestações atuais, reprimidas pelo governo, ocorrem em meio a uma grave crise econômica e de saúde, com dificuldade para lidar com a pandemia e a grave escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos, bem como longos cortes de energia.
O governo cubano tem reprimido duramente as manifestações. Mais de cem pessoas foram detidas em confrontos após o presidente do Conselho de Estado cubano, Miguel Díaz-Canel, ter pedido para seus apoiadores enfrentarem os manifestantes. Tanto a alta comissária dos Direitos Humanos das Nações Unidas quanto a ONG Human Rights Watch pediram a libertação dos prisioneiros. Muitos seguem com paradeiro desconhecido.
Francisco, o primeiro papa latino-americano na história, visitou Cuba em 2015, em parte de uma viagem que também o levou aos Estados Unidos. Depois se encontrou com Fidel Castro em sua casa em Havana, meses antes da morte do líder cubano, em 2016.
O pontífice acompanha a situação na ilha e demonstrou isso mediando a aproximação histórica com os EUA entre 2014 e 2016. O papel do papa no processo levou Raúl Castro e o então presidente americano Barack Obama a agradeceram o pontífice.
Neste domingo, o papa também pediu o fim da violência na África do Sul e classificou como "catástrofe" as enchentes na Alemanha, Bélgica e Holanda.
jps (efe, ots)
Sete curiosidades sobre o papa Francisco
Você sabe de onde veio a inspiração para o nome do atual pontífice? E que profissão Francisco escolheu primeiramente? Confira alguns fatos interessantes sobre a vida do papa argentino.
Foto: picture-alliance/dpa
Inspiração brasileira
Em 13 de março de 2013, o cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes estava sentado ao lado do argentino Jorge Mario Bergoglio quando este foi eleito papa. "Ele [Hummes] me abraçou, me beijou e disse: 'Não se esqueça dos pobres'. Eu me lembrei imediatamente de Francisco de Assis", revelou o próprio papa Francisco para contar a história da escolha de seu nome.
Foto: picture alliance/dpa/M. Kappe
Vida com só um pulmão
Nascido em Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936, o papa Francisco vive com apenas um pulmão. Segundo o jornal "Clarín", a outra parte foi retirada quando o atual pontífice tinha 21 anos, por conta de uma pneumonia. Na ocasião de sua eleição, o Vaticano confirmou a cirurgia, mas disse que o problema, ocorrido há "muitos e muitos anos", não impediu que ele se dedicasse ao sacerdócio.
Foto: picture-alliance/Catholic Press Photo
Papa e sua Harley Davidson
Em junho de 2013, uma moto Harley-Davidson foi dada ao papa em comemoração ao 110° aniversário da marca. Em 2014, a motocicleta foi leiloada por 241 mil euros (cerca de R$ 1,3 milhão na cotação atual) num leilão em Paris. Francisco ainda ganhou uma jaqueta de couro, que também foi leiloada por 57,5 mil euros. O pontífice destinou os lucros do leilão a uma organização de caridade em Roma.
Foto: picture-alliance/dpa
Psicanálise semanal
No final da década de 1970, ainda como Jorge Mario Bergoglio, o atual papa teve sessões de psicanálise semanalmente, durante seis meses. A informação consta em um livro de entrevistas concedidas ao sociólogo francês Dominique Wolton. Na época, o pontífice estava com 42 anos, e sua analista era mulher e judia, relatou o Santo Padre.
Foto: Reuters
Técnico químico
O papa Francisco é filho de emigrantes piemonteses: o pai era funcionário ferroviário, trabalhando como contador, enquanto a mãe ocupava-se da casa e da educação dos cinco filhos. Segundo o Vaticano, o pontífice diplomou-se primeiramente como técnico químico, e depois escolheu o caminho do sacerdócio, entrando no seminário diocesano de Villa Devoto.
Foto: Reuters
Papa pioneiro
O papa Francisco é pioneiro em diversos campos: ele é o primeiro papa latinoamericano e primeiro jesuíta à frente da Igreja Católica da história. E também é o primeiro a assumir o nome Francisco. Ele somente se tornará Francisco 1° quando houver um Francisco 2°, informou o Vaticano.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Lingria
Sucessor natural
Aqui se vê Jorge Mario Bergoglio antes do conclave que o elegeu papa em 2013. De acordo com o jornal "Corriere Della Sera", ele recebeu mais de 90 votos dos 115 cardeais presentes. Consta que, na eleição do sucessor de João Paulo 2°, em 2005, ele já havia ficado em segundo lugar na votação dos cardeais. Assim, pode-se dizer que o atual pontífice é o sucessor natural de seu antecessor, Bento 16.