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Papa Francisco excomunga mafiosos

22 de junho de 2014

Em cerimônia numa penitenciária na Calábria, Papa admitiu que também já cometeu erros. Em apelo aos jovens para que se voltem contra o mal, a injustiça e a violência, pediu que resistam às tentações do dinheiro rápido.

Papst Franziskus in Sibari, Italien 21.06.2014
Foto: Reuters

Em uma visita de grande importância simbólica à Calábria neste sábado (21/06), o Papa Francisco fez um forte apelo na luta contra a máfia. "Esse mal deve ser combatido e eliminado", disse o Santo Padre diante de 200 mil pessoas na cidade de Cassano allo Ionio.

"Os que em suas vidas seguem este caminho do mal, como os mafiosos, não estão em comunhão com Deus, eles estão excomungados", salientou durante a missa. Foi a primeira vez que um Papa se referiu explicitamente a mafiosos como "excomungados". A 'Ndrangheta, a máfia calabresa, não é nada mais do que o "culto do mal e o desprezo do bem comum", disse Francisco.

A Igreja deve fazer mais para a formação das consciências dos fiéis, para que "o bem prevaleça", salientou. Ele apelou aos jovens para que se voltem contra o mal, a injustiça e a violência, e pediu que resistam às tentações do dinheiro rápido.

A 'Ndrangheta é considerada a organização criminosa mais poderosa da Itália. De acordo com uma estimativa do instituto de pesquisa italiano Demoskopika, a organização faturou 53 bilhões de euros em 2013. As principais fontes de renda seriam o tráfico de drogas e o despejo ilegal de lixo.

"Detenção não é só punição"

O apelo do Sumo Pontífice foi o ponto alto da visita de um dia à Calábria. Na manhã de sábado, Francisco se encontrou em uma prisão com os familiares de um menino de três anos morto queimado em janeiro, provavelmente em um acerto de contas entre clãs rivais da máfia.

O papa lembrou também que crianças e jovens são recrutados para o tráfico de drogas e morrem vítimas da violência da 'Ndrangheta ou acabam na prisão. Durante uma cerimônia emotiva perante cerca de 200 prisioneiros e guardas na prisão de Castrovillari, o Santo Padre disse: "Também já cometi faltas e devo penitenciar-me".

"Quero expressar a proximidade do Papa e da Igreja a todos os homens e mulheres que se encontram na prisão em todas as partes do mundo", acrescentou o pontífice, que em Buenos Aires visitava frequentemente as cadeias e chegou a lavar os pés de jovens reclusos em Roma.

O Papa centrou a mensagem na reinserção dos reclusos na sociedade, considerando que a detenção não é apenas "um instrumento de punição". Cassano allo Ionio é uma localidade pobre, onde a máfia prospera e o desemprego atinge 56% dos jovens com menos de 25 anos, um recorde na Itália, segundo o Eurostat, departamento de estatísticas da União Europeia.

RW/dpa/KNA/lusa

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