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ReligiãoVaticano

Papa faz futuro da Igreja com 20 novos cardeais, 2 do Brasil

27 de agosto de 2022

Em meio a especulações de que o pontífice prepara a própria sucessão, cerimônia ocorre dias antes do início de um consistório extraordinário com cardeais de todo o mundo, tido como um "pré-conclave" por analistas.

Cardeais sentados, vistos do peito pra baixo
Francisco escolheu 83 cardeais, quase dois terços daqueles que elegerão o próximo papaFoto: Andrew Medichini/dpa/picture alliance

O papa Francisco nomeia 20 novos cardeais neste sábado (27/08), incluindo dois brasileiros, em meio a especulações de que o pontífice já prepara sua própria sucessão. Cerimônia ocorre dois dias antes do início de um consistório extraordinário com cardeais de todo o mundo, uma ocasião oficialmente dedicada à reforma da Constituição pontifícia, aprovada em março e em vigor desde 5 de junho. Entretanto, para muitos o evento representa uma espécie de pré-conclave, para fazer um balanço da situação da Igreja.

Entre os 20 novos membros do colégio cardinalício estão 16 eleitores do futuro pontífice – é requisito ter menos de 80 anos de idade para eleger um papa.

Esses novos cardeais "representam a Igreja de hoje, com forte presença no Hemisfério Sul”, onde vivem 80% dos católicos, destacou o vaticanista Bernard Lecomte.

Ao final de seu oitavo consistório, quase um para cada ano de seu papado, Francisco terá eleito 83 cardeais do total atual de 132 eleitores, ou seja, quase dois terços. Uma cifra determinante no caso da eleição do próximo papa, já que uma maioria de dois terços é precisamente a necessária.

Os novos cardeais são de todos os cantos do mundo, como o arcebispo de Ekwulobia (Nigéria), Peter Okpaleke; o arcebispo de Goa e Damão (Índia), Filipe Neri Ferrão; o arcebispo de Hyderabad (Índia), Anthony Poola; e o bispo de Wa (Gana), Richard Kuuia Baawobr.

Entre eles estão também dois brasileiros: o arcebispo de Brasília, Paulo Cezar Costa, e o arcebispo de Manaus, Leonardo Ulrich Steiner, que se torna o primeiro cardeal da região amazônica.

Um dos nomes mais surpreendentes entre os nomeados é o do arcebispo Giorgio Marengo, um italiano que se torna o cardeal mais jovem do mundo, com apenas 48 anos, e que administra a Igreja Católica na Mongólia, onde há pouco mais de 1.500 católicos.

O arcebispo de Manaus, Leonardo Ulrich Steiner, se torna o primeiro cardeal da região amazônicaFoto: imago

Outro que merece destaque é o americano Robert McElroy, bispo de San Diego, na Califórnia, considerado um progressista por suas posições sobre os católicos homossexuais e o direito ao aborto.

O número total de cardeais aumentará para 227, com os eleitores passando de 116 para 132 e os não eleitores, de 91 para 95.

A distribuição geográfica também mudou: por exemplo, em 2013, Ásia e Oceania tinham 11 cardeais eleitores e, após o consistório de sábado, chegarão a 24. Além disso, alguns vêm de áreas onde nunca houve cardeais, como Tonga e Papua Nova Guiné.

A Europa não mudou muito em termos de números, de 60 para 54, embora tenha ocorrido uma queda no número de eleitores cardeais italianos, pois em 2013 eram 28, e no final do próximo ano, quando alguns deles completarem 80 anos, serão 14.

Originalmente, estava prevista a nomeação de 21 novos cardeais, mas o evento ocorre com um a menos, já que o belga Lucas Van Looy decidiu não aceitar o título.

"Pré-conclave"

O tema principal do consistório extraordinário de segunda e terça-feira será, como indicou o papa, refletir sobre a nova Constituição Apostólica "Praedicate evangelium", que trata da reforma da Cúria, a administração da Igreja Católica.

Alguns vaticanistas acreditam que o papa também possa consultar os cardeais sobre outras questões importantes para a instituição, tais como a elaboração de estatutos que regulamentam a figura do papa emérito.

O consistório sem precedentes, o uso de uma cadeira de rodas pelo papa e a visita de Francisco, no domingo, a Áquila – cidade onde Celestino 5°, o primeiro pontífice a renunciar na história, está enterrado – alimentaram especulações sobre uma renúncia do líder da Igreja Católica em breve.

O jornalista Alberto Melloni afirmou há alguns dias no jornal italiano La Repubblica que o evento tem "um claro sabor de pré-conclave", porque "o papa anunciou repetidamente que a "porta da renúncia está aberta".

"Talvez o papa o tenha convocado para verificar a qualidade dos nomes que escolheu ou para criar um pouco de sociabilidade cardinalícia: mas, certamente, os cardeais nunca viram um consistório como este", declarou.

O padre e jornalista Luis Badilla, que dirige o site Il Sismografo, um dos blogs mais seguidos sobre assuntos do Vaticano, intitulou um de seus artigos sobre o consistório: "Ensaios de conclave".

Badilla estimou, de acordo com os cálculos das reservas nas residências religiosas dedicadas aos purpurados, que é possível prever "uma presença de 145 a 150 cardeais".

"A reunião, independentemente de como seja convocada e apresentada, de fato, canonicamente, será um consistório extraordinário, o segundo deste papa, que em 20 e 21 de fevereiro de 2014 reuniu os cardeais para falar sobre a família e no qual apenas os primeiros 19 cardeais criados por Jorge Bergoglio estiveram presentes", disse.

md (EFE, AFP)

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