Pontífice, ele próprio filho de imigrantes, reitera apelo por uma acolhida aos estrangeiros sem medos e com "generosidade". Líder da Igreja se prepara para embarcar em turnê de oito dias a Peru e Chile.
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O papa Francisco lançou neste domingo (14/02), em Roma, mais um apelo à hospitalidade em relação ao refugiados, dizendo que "pecar é desistir do encontro com o outro".
A afirmação foi feita durante missa com refugiados, celebrada na Basílica de São Pedro durante a Jornada Mundial dos Imigrantes, por ocasião da comemoração do 104º Dia Mundial dos Migrantes e dos Refugiados. "Todo o imigrante que bate à nossa porta é uma oportunidade para conhecer Jesus Cristo, que se identifica com o estrangeiro de qualquer época, acolhido ou rejeitado", disse o pontífice.
Francisco pronunciou a homilia durante uma missa na qual participaram imigrantes e refugiados de 49 países, que levaram suas bandeiras, assim como 70 diplomatas credenciados na Santa Sé.
Jorge Bergoglio, ele próprio filho de uma família de emigrantes italianos na Argentina, defendeu que "muitas vezes desistimos de conhecer o outro e levantamos barreiras para nos defender".
O papa disse que "as comunidades locais às vezes têm medo de que os recém-chegados interrompam a ordem estabelecida, 'roubem' algo que tenha sido dolorosamente construído". Ele reconheceu que estes temores "são legítimos", por estarem baseados em "dúvidas que são totalmente compreensíveis do ponto de vista humano".
No entanto, sustentou que duvidar "não é um pecado", mas sim permitir que "estes medos determinem nossas respostas, condicionem nossas escolhas, comprometam o respeito e a generosidade, alimentem o ódio e a rejeição". Para ele, "o pecado é desistir do encontro com o outro".
Desde o início do seu pontificado, em março de 2013, o papa tenta intensificar a posição a favor do acolhimento de refugiados e migrantes.
Na segunda-feira, o pontífice começa turnê de oito dias ao Chile e ao Peru, a sua 22.ª viagem ao exterior.
Nas vésperas da chegada do papa ao Chile, desconhecidos atacaram quatro igrejas na capital, Santiago, com bombas incendiárias, em rejeição à visita do sumo sacerdote.
Algumas fontes atribuem os atos de destruição a membros do povo indígena mapuche, que se defendem de ações de desterro no sul do país. Corroborando essa versão, as autoridades chilenas divulgaram um panfleto encontrado junto a uma das igrejas atacadas, no município de Estación Central.
Seus autores prometem nunca se curvar à dominação externa, manifestando-se "contra todo religioso e pregador" e por "corpos livres, impuros e selvagens". Depois de proclamar "Wallmapu libre" ("Liberdade para a terra dos mapuche"), a nota termina com uma ameaça explícita: "Papa Francisco, as próximas bombas serão na tua batina".
MD/efe/lusa
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Papa Francisco faz 80 anos
No aniversário do pontífice argentino, a DW relata alguns detalhes de sua trajetória, desde a vida familiar de Jorge Bergoglio, passando pelo arcebispado de Buenos Aires, a suas ideias reformistas para a Igreja Católica.
Foto: Reuters/T. Gentile
Descendente de imigrantes italianos
Jorge Mario Bergoglio (2º da esq.) nasceu em 17 de dezembro de 1936 na capital argentina, Buenos Aires, como o mais velho de cinco irmãos. Depois de trabalhar como técnico em química, aos 22 anos o descendente de imigrantes italianos filiou-se à Ordem dos Jesuítas e começou a estudar teologia e filosofia.
Foto: Reuters
Arcebispo democrático
Em 1998, aos 62 anos, Bergoglio foi nomeado arcebispo de Buenos Aires. O principal representante da Igreja Católica na metrópole argentina era conhecido por gostar de andar de metrô, sobretudo para conversar com os mais pobres.
Foto: picture-alliance/AP
Habemus Papam
Em 2013 o religioso argentino foi eleito pelo conclave no Vaticano, tornando-se o 266º líder da Igreja Católica. Como papa Francisco 1º, ele sucedeu ao alemão Bento 16, que renunciara por se sentir inapto a atender às exigências físicas e mentais do pontificado, devido à saúde frágil.
Foto: Reuters
Papa argentino
Jorge Bergoglio é o primeiro latino-americano a liderar, como bispo de Roma, os cerca de 1,2 bilhão de católicos em todo o mundo. Ele é também o primeiro jesuíta a ocupar o cargo.
Foto: picture-alliance/dpa
Avesso às formalidades
Ao contrário de seu predecessor, a aparência exterior papal não é tão importante para Francisco. Assim dispensou, por exemplo, os famosos sapatos vermelhos que Bento 16 tanto gostava de usar, como parte da vestimenta oficial do líder da Igreja.
Foto: Getty Images
Humilde
Em apenas três anos como líder da Igreja, Francisco já se destaca em relação aos antecessores por seu engajamento político. Durante as celebrações da Páscoa de 2016, ele lavou e beijou os pés de refugiados. Para o ritual de reconciliação, convidou também três muçulmanos que, no passado, haviam produzido armas para terroristas.
Foto: Reuters
Ponte entre as diferentes religiões
Em 2014 Francisco viajou ao Oriente Médio para reforçar a cooperação com clérigos muçulmanos e mobilizar contra a perseguição de cristãos e outras minorias religiosas na região. Na Turquia, prestou homenagem ao fundador da atual República, com uma visita ao mausoléu de Mustafa Kemal Atatürk.
Foto: Reuters/S. Nenov
Tolerante
Em 2015, Francisco se encontrou com Fidel Castro. O ex-ditador já deveria ter sido excomungado em 1960 por decreto papal, por estatizar todas as propriedades da igreja no país durante a Revolução Cubana. O papa conversou em Havana com o líder revolucionário de formação católica, morto em 25 de novembro de 2016.
Foto: picture-alliance/dpa/A.Castro
Rigoroso
Também em 2015, Francisco visitou os EUA e discursou perante o Congresso reunido no Capitólio, em Washington, como primeiro chefe da Igreja Católica. O argentino fez um apelo aos políticos para se lembrarem de suas raízes como imigrantes ao tratarem das questões dos refugiados, e defendeu a abolição da pena de morte no país.
Foto: Reuters/J. Ernst
Ativo na crise dos refugiados
Francisco visitou alguns campos de refugiados, como o localizado no porto de Mitilene, na ilha grega de Lesbos, em abril de 2016. Após a visita à Grécia, ele ofereceu a várias famílias de migrantes um novo lar no Vaticano.
Foto: Reuters/Press Office/Handout
Visão religiosa realista
Como papa, Jorge Bergoglio mantém o interesse pelas preocupações e necessidades do cotidiano humano. Ele se interessa por pesquisa e progresso científico – como nesta visita à unidade de terapia intensiva para prematuros de um hospital de Roma.
Foto: picture-alliance/ZUMAPRESS.com
Abertura da Igreja
Com propostas de reforma e uma visão conciliadora sobre homossexualidade, celibato e restrição do sacerdócio, Francisco inicia uma modernização da Igreja Católica, instituição frequentemente criticada como reacionária e alienada do mundo.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Spaziani
Ecumenismo vivo
Assim, em setembro de 2016 o papa convidou representantes internacionais de diferentes religiões para um congresso da paz – também com o fim de reforçar a cooperação entre os líderes espirituais no combate ao terrorismo de fanáticos religiosos.
Foto: picture-alliance/AA/R. De Luca
Papa da modernidade
Mais de 10 milhões seguem o papa no Twitter, nas enquetes ele é mais popular do que Barack Obama, Angela Merkel e muitos outros políticos internacionais. Em seus três anos como líder dos católicos, Francisco trouxe novos ares para a Igreja sediada em Roma.