Em mensagem na Praça de São Pedro, Francisco apela pela paz no Oriente Médio e qualifica de "ignóbil" ataque contra comboio de ônibus com milhares de civis perto de Aleppo.
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Diante de 60 mil fiéis reunidos para a mensagem de Páscoa que precedeu a bênção "Urbi et Orbi" na Praça de São Pedro, neste domingo (16/04) no Vaticano, o papa Francisco pediu a Deus que traga "paz a todo o Oriente Médio" e que ajude aqueles que trabalham para "levar alívio e confortar a população civil na Síria", vítima de uma guerra que "não para de semear horror e morte".
Na mensagem que precede a bênção "Urbi et Orbi" (À cidade e ao mundo) e que outorga a indulgência (perdão dos pecados) para todos os fiéis que a recebam pelos diferentes meios de comunicação, Francisco falou da esperança que traz para os católicos a ressurreição de Jesus.
O líder católico pediu a Deus, durante a cerimônia transmitida por mais de 160 canais de televisão de todo o mundo, que "dê aos responsáveis das nações a coragem para evitar a expansão dos conflitos e de parar o tráfico de armas" e recordou a todos os cristãos que "Cristo Ressuscitado" é "companheiro de todos aqueles que são forçados a deixar as suas terras por causa de conflitos armados, ataques terroristas, fomes, regimes opressivos".
Jorge Mario Bergoglio mencionou o "ignóbil ataque" deste sábado em Aleppo contra "os deslocados que fugiam, provocando numerosos mortos e deixando diversos feridos". A explosão de um carro-bomba junto a um comboio de ônibus com civis retirados de cidades sitiadas por rebeldes causou a morte de ao menos 126 pessoas, entre civis, voluntários e opositores. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, a maioria das vítimas são crianças.
Regiões em crise
Sem mencionar diretamente os distúrbios na Venezuela, o Papa pediu um diálogo pacífico e constitucional entre governo e oposição, particularmente nos países latino-americanos. Francisco não se esqueceu da "Ucrânia, ainda vítima de um sangrento conflito", e pediu "que o país volte a encontrar a concórdia e acompanhe as iniciativas promovidas para aliviar os dramas dos que sofrem com as consequências".
O Papa referiu-se ainda a várias regiões em crise, "a começar pela Terra Santa, mas também Iraque, Iêmen", e recordou ainda "Sudão do Sul, Somália e República Democrática do Congo, que padecem de conflitos sem fim, agravados pela terrível fome que castiga algumas regiões de África". Neste ano, o Santo Padre pretende visitar o Sudão do Sul.
Francisco mencionou também a Europa e pediu esperança para "os que atravessam momentos de dificuldade, especialmente devido à grande falta de trabalho, sobretudo para os jovens". O Pontífice também se referiu à violência machista e aos abusos, falando dos quem "têm o coração ferido pelas violências dentro dos muros de sua própria casa".
As celebrações da Páscoa começaram na quinta-feira com uma missa e a cerimônia de lava-pés pelo Papa, sob elevadas medidas de segurança, após uma série de ataques terroristas na Europa e os recentes atentados perpetrados contra igrejas de cristãos coptas no Egito.
Neste domingo, mais de mil policiais se posicionaram ao redor da Basílica de São Pedro. Com a missa de Páscoa e a bênção "Urbi et Orbi" foram encerrados os rituais da Semana Santa.
CA/kna/efe/lusa
Papa Francisco faz 80 anos
No aniversário do pontífice argentino, a DW relata alguns detalhes de sua trajetória, desde a vida familiar de Jorge Bergoglio, passando pelo arcebispado de Buenos Aires, a suas ideias reformistas para a Igreja Católica.
Foto: Reuters/T. Gentile
Descendente de imigrantes italianos
Jorge Mario Bergoglio (2º da esq.) nasceu em 17 de dezembro de 1936 na capital argentina, Buenos Aires, como o mais velho de cinco irmãos. Depois de trabalhar como técnico em química, aos 22 anos o descendente de imigrantes italianos filiou-se à Ordem dos Jesuítas e começou a estudar teologia e filosofia.
Foto: Reuters
Arcebispo democrático
Em 1998, aos 62 anos, Bergoglio foi nomeado arcebispo de Buenos Aires. O principal representante da Igreja Católica na metrópole argentina era conhecido por gostar de andar de metrô, sobretudo para conversar com os mais pobres.
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Habemus Papam
Em 2013 o religioso argentino foi eleito pelo conclave no Vaticano, tornando-se o 266º líder da Igreja Católica. Como papa Francisco 1º, ele sucedeu ao alemão Bento 16, que renunciara por se sentir inapto a atender às exigências físicas e mentais do pontificado, devido à saúde frágil.
Foto: Reuters
Papa argentino
Jorge Bergoglio é o primeiro latino-americano a liderar, como bispo de Roma, os cerca de 1,2 bilhão de católicos em todo o mundo. Ele é também o primeiro jesuíta a ocupar o cargo.
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Avesso às formalidades
Ao contrário de seu predecessor, a aparência exterior papal não é tão importante para Francisco. Assim dispensou, por exemplo, os famosos sapatos vermelhos que Bento 16 tanto gostava de usar, como parte da vestimenta oficial do líder da Igreja.
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Humilde
Em apenas três anos como líder da Igreja, Francisco já se destaca em relação aos antecessores por seu engajamento político. Durante as celebrações da Páscoa de 2016, ele lavou e beijou os pés de refugiados. Para o ritual de reconciliação, convidou também três muçulmanos que, no passado, haviam produzido armas para terroristas.
Foto: Reuters
Ponte entre as diferentes religiões
Em 2014 Francisco viajou ao Oriente Médio para reforçar a cooperação com clérigos muçulmanos e mobilizar contra a perseguição de cristãos e outras minorias religiosas na região. Na Turquia, prestou homenagem ao fundador da atual República, com uma visita ao mausoléu de Mustafa Kemal Atatürk.
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Tolerante
Em 2015, Francisco se encontrou com Fidel Castro. O ex-ditador já deveria ter sido excomungado em 1960 por decreto papal, por estatizar todas as propriedades da igreja no país durante a Revolução Cubana. O papa conversou em Havana com o líder revolucionário de formação católica, morto em 25 de novembro de 2016.
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Rigoroso
Também em 2015, Francisco visitou os EUA e discursou perante o Congresso reunido no Capitólio, em Washington, como primeiro chefe da Igreja Católica. O argentino fez um apelo aos políticos para se lembrarem de suas raízes como imigrantes ao tratarem das questões dos refugiados, e defendeu a abolição da pena de morte no país.
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Ativo na crise dos refugiados
Francisco visitou alguns campos de refugiados, como o localizado no porto de Mitilene, na ilha grega de Lesbos, em abril de 2016. Após a visita à Grécia, ele ofereceu a várias famílias de migrantes um novo lar no Vaticano.
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Visão religiosa realista
Como papa, Jorge Bergoglio mantém o interesse pelas preocupações e necessidades do cotidiano humano. Ele se interessa por pesquisa e progresso científico – como nesta visita à unidade de terapia intensiva para prematuros de um hospital de Roma.
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Abertura da Igreja
Com propostas de reforma e uma visão conciliadora sobre homossexualidade, celibato e restrição do sacerdócio, Francisco inicia uma modernização da Igreja Católica, instituição frequentemente criticada como reacionária e alienada do mundo.
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Ecumenismo vivo
Assim, em setembro de 2016 o papa convidou representantes internacionais de diferentes religiões para um congresso da paz – também com o fim de reforçar a cooperação entre os líderes espirituais no combate ao terrorismo de fanáticos religiosos.
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Papa da modernidade
Mais de 10 milhões seguem o papa no Twitter, nas enquetes ele é mais popular do que Barack Obama, Angela Merkel e muitos outros políticos internacionais. Em seus três anos como líder dos católicos, Francisco trouxe novos ares para a Igreja sediada em Roma.