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Papa recebe Putin no Vaticano

4 de julho de 2019

Em conversa a portas fechadas, presidente russo teria discutido sobre a Síria e a Ucrânia com o pontífice, com quem se encontrou pela terceira vez. "Foi uma discussão bastante interessante", diz Putin.

Presidente russo Vladimir Putin e o papa Francisco
Presidente russo Vladimir Putin e o papa Francisco se reuniram a portas fechadas no VaticanoFoto: picture-alliance/abaca

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, se reuniu nesta quinta-feira (04/07) com o papa Francisco no Vaticano. O líder russo chegou à Roma com uma hora de atraso, e se dirigiu diretamente ao Vaticano para a reunião a portas fechadas com o pontífice.

"Agradeço pelo tempo que Vossa Santidade dedicou a mim", disse Putin ao papa ao final de uma conversa de 55 minutos. "Foi uma discussão bastante substantiva e interessante", afirmou, segundo repórteres que o ouviram enquanto ele deixava a sala em que o pontífice utiliza para encontros oficiais.

A visita de Putin faz parte do roteiro de uma rápida passagem por Roma, que inclui também conversas com o governo da Itália, e gerou especulações de que poderia ser um prelúdio à primeira viagem de um papa à Rússia.

Segundo o Kremlin, na agenda do encontro estavam previstos temas como a preservação dos locais cristãos sagrados na Síria, mas não constava um convite oficial do papa à Rússia. Especula-se que ambos trataram também da questão da Ucrânia.

O encontro ocorreu um dia antes de o papa receber líderes da Igreja Greco-Católica da Ucrânia, que discutirão com o papa a crise em seu país, cujo leste é controlado por grupos separatistas pró-Rússia. Os rebeldes são, na maioria, fiéis da Igreja Russa Ortodoxa, enquanto seus oponentes são ortodoxos e da Igreja Greco-Católica.

Francisco e Putin já haviam se encontrado duas vezes. Na última delas, em 2015, o papa pediu a todas as partes envolvidas no conflito no leste da Ucrânia que fizessem um "esforço grande e sincero" para alcançar a a paz na Ucrânia".

.As relações entre o Vaticano e Moscou se normalizaram apenas em 2009, quando foram restabelecidos os laços diplomáticos rompidos durante o regime soviético. O relacionamento entre as duas partes vêm melhorando desde que o patriarca Kirill assumiu a liderança da Igreja Ortodoxa Russa, após ter liderado o braço diplomático da instituição durante muitos anos.

Em 2016, Francisco e Kirill mantiveram um encontro histórico em Cuba, o primeiro entre líderes das duas igrejas desde a cisão da cristandade, dividida em Igreja Católica Apostólica Romana e Igreja Católica Apostólica Ortodoxa no século 11, no evento que ficou conhecido como o Grande Cisma.

Após o encontro com o papa nesta quarta-feira, Putin se reúne com o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, e com o presidente Sergio Mattarella.

O governo populista de direita da Itália expressou diversas vezes simpatia pelo governo russo, inclusive defendendo a remoção de sanções internacionais ao país. Antes da visita, Putin elogiou o ministro do Interior, Matteo Salvini, e seu partido, a Liga, por manterem uma "atitude acolhedora" em relação a Moscou.

Salvini e o ministro do Desenvolvimento Econômico, Luigi Di Maio, comparecerão a um jantar com Putin, após o qual o líder russo se encontrará com o ex-premiê Silvio Berlusconi.

"Somos ligados por uma amizade que já se estende por muitos anos", disse Putin sobre Berlusconi em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, chamando o veterano líder do partido Forza Italia de "um político de estatura global".

RC/afp/rtr

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