1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Futuro incerto

4 de novembro de 2011

O polêmico referendo se foi, mas o drama grego continua: hoje o primeiro-ministro Giorgos Papandreou se submete a um voto de confiança no Parlamento. O futuro político dele é incerto.

Papandreou: "não estou amarrado à cadeira de primeiro-ministro"Foto: dapd

O primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, enfrenta um dia crucial nesta sexta-feira (04/11), quando se submete a um voto de confiança no Parlamento em Atenas. A votação acontece depois de uma quinta-feira tumultuada, em que o governante grego acabou desistido da sua ideia de realizar um referendo sobre a ajuda europeia à Grécia.

Mesmo que Papandreou passe no teste, seu futuro político à frente do país em crise é incerto. A oposição pede a renúncia do primeiro-ministro socialista, e há relatos de que ele teria concordado em renunciar em favor de um governo de coalizão, num acordo fechado com seu gabinete com os rivais conservadores.

A comunidade europeia reagiu mal ao inesperado anúncio do referendo na Grécia, feito por Papandreou na noite desta segunda-feira. Sob forte pressão dos governos alemão e francês, que congelaram qualquer ajuda financeira e passaram a admitir a possibilidade de a Grécia deixar a zona do euro, Papandreou voltou atrás.

Drama em três atos

Em Atenas, o drama do governo parece não ter fim. Na noite de quinta-feira, no Parlamento em Atenas, o líder da oposição, Antoni Samaras, exigiu a renúncia de Papandreou. Este respondeu afirmando que o referendo não era "um fim em si mesmo" e que ele não estava "amarrado à sua cadeira" de primeiro-ministro.

Antes disso, a impressão em Atenas era de que o primeiro-ministro e a oposição tinham chegado a um acordo sobre a exigência oposicionista de um governo de transição. Entre os nomes cotados para o cargo de primeiro-ministro estariam o do ex-vice-presidente do Banco Central Europeu, Louka Papademos, e de Kostas Simitis, um reformador bem avaliado na Alemanha.

Papandreou diz ver boas chances de conseguir o voto de confiança do Parlamento, apesar dos claros sinais de perda de apoio dentro do próprio partido. O parlamentar socialista Dimitris Lintzeris declarou que Papandreou pertence ao passado. E mesmo a jovem parlamentar Eva Kaili, uma das mais próximas do líder grego, disse que não estaria em condições de declarar apoio ao primeiro-ministro.

Desde a sua presença em Cannes, a situação de Papandreou se complicou na Grécia. Muitos gregos viram como um ato de humilhação o sermão que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, deram ao líder grego antes da reunião do G20 – um drama em três atos.

Primeiramente, foram Merkel e Sarkozy que anunciaram decisões importantes para a Grécia, incluindo o incômodo aviso de que os gregos deveriam decidir se querem ou não permanecer na zona do euro. Depois Papandreou apareceu diante das câmeras, falou trivialidades, visivelmente frustrado e decepcionado. Por último, nesta quinta-feira, o Eurogrupo se encontrou em caráter extraordinário para discutir a situação da Grécia sem que Papandreou fosse convidado.

Ofensas

A ministra grega da Educação, Anna Diamantopoulou, ex-comissária europeia, se disse "profundamente ofendida com esse comportamento de Merkel e Sarkozy". Ela defendeu até mesmo que o governo grego faça uma reclamação formal às duas potências europeias.

A parlamentar socialista Vasso Papandreou, também ex-comissária europeia, criticou o comportamento do primeiro-ministro. "Essas imagens [de Cannes] foram lamentáveis, como se o senhor tivesse perdido a noção de tempo e espaço", afirmou, referindo-se a Papandreou. Ela pediu a renúncia imediata do primeiro-ministro.

O ex-ministro das Finanças Stefanos Manos também foi duro. Papandreou agiu como um apostador, que de forma leviana colocou em jogo a permanência da Grécia na zona do euro, disse Manos numa entrevista de rádio.

Autora: Jannis Papadimitriou (np)
Revisão: Alexandre Schossler

Pular a seção Mais sobre este assunto