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Contra a falência

27 de setembro de 2011

Na semana da votação do novo fundo de resgate financeiro pelo Parlamento alemão, primeiro-ministro grego se esforçou por dissipar dúvidas sobre a capacidade de seu país fazer reformas.

Angela Merkel, Hans-Peter Keitel (BDI) e Giorgos PapandreouFoto: dapd

O primeiro-ministro da Grécia, Giorgos Papandreou, passou o dia em Berlim nesta terça-feira (27/09) tentando convencer os europeus que seu país irá superar todas as dificuldades financeiras. O país depende da próxima parcela de socorro financeiro, de 8 bilhões de euros, para não entrar em insolvência.

A passagem de Papandreou pela Alemanha se encerrou com um jantar oferecido pela chefe de governo Angela Merkel na Chancelaria Federal. Numa coletiva de imprensa, a chanceler federal alemã falou sobre o posicionamento de seu governo: "Nós queremos uma Grécia forte dentro da zona do euro, e a Alemanha está pronta para oferecer toda a ajuda necessária".

De sua parte, Papandreou confirmou seu comprometimento: "Por causa da recessão, as condições mudaram, mas o objetivo permanece o mesmo." Ou seja, a Grécia quer apresentar ainda em 2012 um orçamento público primário (excluindo o pagamento de juros) equilibrado. "Mas é importante receber um sinal de apoio dos nossos parceiros europeus", completou.

Dinheiro do setor privado

Os dois líderes passaram o dia juntos na capital alemã. Pela manhã, Papandreou falou ao empresariado alemão, no encontro anual da Confederação da Indústria Alemã (BDI, do alemão). Seu discurso era aguardado com ansiedade. "Não somos uma nação pobre, éramos um país mal gerenciado", disse Papandreou diante da plateia. Para reforçar a capacidade grega de vencer a crise, ele fez uso do bordão criado por Obama: "Yes, we can".

O primeiro-ministro disse ainda que há um "grande potencial" na situação vivida pela Grécia e que o país poder emergir desse problema econômico profundo. Papandreou convidou a indústria alemã a investir em seu país – participar mais ativamente das atividades em sua nação.

Ele disse que se pretende investir em energia solar, por exemplo, para exportá-la a países como a Alemanha. Apesar dos fortes aplausos, o empresariado alemão vê no momento poucas possibilidades de investimentos diretos na Grécia. Hans-Peter Keitel, chefe da BDI, pediu de Atenas um "sinal claro" aos investidores estrangeiros.

Decisão no Parlamento alemão

O Parlamento alemão vota nesta quinta-feira a reforma do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), seguindo o modelo aprovado em julho no encontro de cúpula da União Europeia.

O fundo de resgate permanente será ampliado para 780 bilhões de euros em garantias, dos quais 440 bilhões de euros estarão à disposição como crédito emergencial. A Alemanha deve contribuir com até 253 bilhões de euros.

Numa sondagem feita nesta terça-feira junto aos deputados federais do partido de Merkel, o novo fundo obteria aprovação. É aguardado com expectativa se todos os parlamentares dos partidos da coalizão (liberais, social-cristãos e democrata-cristãos) votarão a favor, fortalecendo a posição de Merkel à frente do governo.

Troca de farpas continua

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, respondeu aos comentários vindos de Washington sobre a crise europeia. "É sempre muito fácil dar conselhos aos outros em vez de tomar decisões próprias", disse aos jornalistas durante uma vista à European School of Management and Technology, em Berlim.

Nesta segunda-feira, Barack Obama disse que a falha dos europeus em lidar com a crise grega estaria "assustando o mundo".

Mais impostos, mais greves

"A situação melhorou. A troika virá. A próxima parcela de ajuda financeira será paga", assegurou na segunda-feira o ministro grego das Finanças, Evangelos Venizelos, após um encontro em Nova York com a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, e o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet. Mas, segundo informações da agência alemã de notícias DPA, o FMI pressiona Atenas para que coloque em prática o pacote de austeridade.

Segundo a agência de notícias Reuters, a missão composta por auditores do Fundo Monetário Internacional, da União Europeia e do Banco Central Europeu retornará a Atenas nesta quarta-feira. A troika havia deixado o país depois de ter manifestado preocupação sobre as reformas prometidas, que não estariam sendo implementadas.

Os parlamentares gregos aprovaram nesta terça-feira uma polêmica lei de cobrança de imposto sobre propriedade. A arrecadação deve ajudar o país a cumprir as apertadas metas de ajuste fiscal. Segundo a legislação, o valor do imposto será embutido na conta de eletricidade – desta maneira, quem não pagar a taxa sofre a ameaça de ter o serviço cortado.

Enquanto isso, a população protesta. Centrais sindicais gregas já anunciaram para esta quarta-feira paralisações em todo o país: motoristas de taxi, condutores de trem e ônibus, agentes fiscais e aduaneiros prometeram cruzar os braços. Na quinta-feira, será a vez dos médicos nos hospitais.

NP/dpa/rts/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer

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