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Paquistão

14 de agosto de 2010

País pede recursos à comunidade internacional para socorrer as vítimas. Doações estão abaixo dos 459 milhões de dólares que a ONU afirma serem necessários. Na Alemanha, doadores se mostram relutantes.

Vítimas das inundações perto da cidade de MultanFoto: AP

As enchentes que atingem o Paquistão já afetaram mais de 20 milhões de pessoas, segundo número divulgado neste sábado (14/08) pelo primeiro-ministro Yusuf Raza Gilani durante um discurso na televisão. A população total do país é de 184 milhões de pessoas.

Pelos cálculos das Nações Unidas o total de pessoas afetadas é de 14 milhões, das quais 6 milhões necessitam com urgência de ajuda. Faltam água potável, alimentos e proteção adequada contra o vento e a chuva, afirmou a ONU neste sábado. A tragédia pode piorar ainda mais, pois meteorologistas preveem que a chuva vai continuar na região afetada.

A catástrofe natural já causou a morte de 1.384 pessoas e deixou 1.630 feridos, afirmou Gilani durante o discurso alusivo à independência do Paquistão, comemorada neste sábado. Outros cálculos falam em mais de 1.600 mortos.

Gilani disse que 730 mil casas foram destruídas ou sofreram avarias. As inundações causaram prejuízos de bilhões de dólares, destruindo plantações e alimentos e atingindo duramente as infraestruturas de comunicação, transporte e energia da região afetada, completou o primeiro-ministro.

A cidade de Mehmud Kot, praticamente submersa devido às chuvasFoto: AP

Ajuda internacional

Três semanas após o início das chuvas, Gilani apelou com insistência à comunidade internacional para que ajude o Paquistão e "estenda uma mão de auxílio para combater essa catástrofe".

Também as Nações Unidas alertaram que o número de vítimas pode aumentar, caso a ajuda não chegue logo. A organização calcula que sejam necessários 459 milhões de dólares para atender a todas as vítimas das enchentes no Paquistão.

Desse total, apenas um quinto foi disponibilizado pelos países-membros. Até o momento, o país que mais doou foi o Reino Unido, com 40 milhões de dólares. Os Estados Unidos prometeram 60 milhões, mas liberaram apenas cerca de 25 milhões.

Nesta quarta-feira, a Alemanha elevou sua ajuda de 5 milhões para 10 milhões de euros. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apelou aos países-membros para liberarem mais recursos o mais rápido possível. Ele deve visitar a região afetada neste fim de semana.

Doadores relutantes

Autoridades paquistanesas e organizações humanitárias criticaram ao longo desta semana a ajuda internacional ao Paquistão, classificada por eles como insuficiente ou hesitante. O diretor da Oxfam Alemanha, Paul Bendix, disse na quarta-feira que a comunidade internacional reagiu à tragédia de forma comedida.

Isso vale também para os doadores alemães, conhecidos pela generosidade. O motivo para a relutância seria a imagem negativa do Paquistão. "A maioria associa o país com guerra e terrorismo", disse a porta-voz da organização humanitária Care, Sandra Bulling. Birte Steigert, porta-voz da Aktion Deutschland Hilft, disse que o país é muito associado aos talibãs.

Neste final de semana, uma reportagem do jornal britânico Daily Telegraph piorou ainda mais a imagem do Paquistão diante dos doadores. Citando como fonte "altos representantes", o jornal afirma que cerca de 367 milhões de euros de ajuda internacional foram desviados há cinco anos, quando o país foi atingido por um terremoto.

O líder oposicionista paquistanês Nawaz Sharif disse ao jornal temer que essa notícia diminua a disposição dos doadores internacionais. Para ele, muitas pessoas não querem doar recursos para ajudar o Paquistão por temer que os donativos não sejam gastos de maneira honesta.

Na Alemanha, as organizações humanitárias Diakonie, ligada à Igreja Evangélica, e Charitas, da Igreja Católica, afirmaram que, após um início tímido, as doações aumentaram nesta semana.

Autor: AS/rtr/dpa/afp/epd
Revisão: Marcio Damasceno

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