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Paquistão liberta cristã absolvida da pena de morte

8 de novembro de 2018

Governo nega que Asia Bibi tenha saído do país. Ela foi libertada após oito anos presa, condenada à morte por ofender o profeta Maomé. Mídia diz que foi levada a lugar desconhecido, sob forte esquema de segurança.

Protestos contra Asia Bibi em Karachi, em 2016
Protestos contra Asia Bibi em Karachi, em 2016Foto: Getty Images/AFP/A. Hassan

A paquistanesa Asia Bibi, cristã condenada à morte por blasfêmia e que foi absolvida da sentença na semana passada pela Suprema Corte, foi libertada na tarde desta quarta-feira (07/11), mas não deixou o país, afirmou o governo do Paquistão nesta quinta-feira, desmentindo que ela tenha ido para o exterior. 

Asia Bibi fora condenada em 2010 e passou oito anos na prisão. O jornal Dawn, mais antigo diário paquistanês de língua inglesa, noticiou que ela foi levada de avião a Islamabad, capital do Paquistão, de onde teria sido transferida para um lugar não revelado, em meio a forte esquema de segurança.

O advogado de Bibi, Saif-ul-Malook, provocou rumores sobre uma viagem ao exterior ao dizer que ela teria ido para um "lugar desconhecido fora do Paquistão". O próprio Malook deixou o país, com destino à Holanda, afirmando temer por sua vida. "No cenário atual, morar no Paquistão é impossível para mim. Preciso continuar vivo, pois ainda tenho que lutar essa batalha legal por Asia Bibi", disse ele à agência de notícias AFP.

A anulação da sentença de morte de Asia Bibi havia provocado protestos em massa de grupos radicais islâmicos em todo o país. As manifestações pararam depois que o governo e o partido Tehreek-e-Labbaik Pakistan (TLP), que apoia as leis antiblasfêmia, firmaram um acordo em que o governo se comprometeu a permitir uma apelação contra a absolvição de Bibi e a impedir que ela abandone o país.

O porta-voz do TLP, Ejaz Ashrafi, disse que o governo violou o acordo ao libertar a mulher e ameaçou convocar novos protestos. "Em breve, anunciaremos nosso plano de ação", afirmou, em entrevista à DW.

Asia Bibi foi indiciada em 2009, acusada de insultar o profeta Maomé durante uma briga com vizinhas envolvendo um copo de água, sendo condenada à morte no ano seguinte. Na quarta-feira da semana passada, ela foi absolvida, mas permaneceu detida.

Partidos religiosos islâmicos convocaram milhares de manifestantes às ruas em protestos contra a absolvição. A família de Bibi pediu que países como Canadá, Itália e Holanda concedam asilo a eles e a Bibi. Ela foi alvo de diversas tentativas de atentado quando ainda estava presa.

O caso provocou indignação internacional, atraindo a atenção dos papas Bento 16 e Francisco, mas no Paquistão tornou-se uma causa para os grupos e partidos islâmicos e levou a pelo menos dois assassinatos.

Um deles foi o do ex-governador de Punjab Salman Tasir, morto em 2011 por defender publicamente a cristã. Ele foi assassinado por um de seus guarda-costas, Mumtaz Qadri, que, por sua vez, foi executado em 2016 e enterrado depois como herói.

O segundo foi o de um ministro cristão de Minorias, Shahbaz Bhatti, assassinado a tiros na porta da sua casa, também em 2011, por defender a cristã e opor-se à legislação contra a blasfêmia.

A dura lei contra a blasfêmia no Paquistão foi estabelecida na era colonial britânica para evitar confrontos religiosos, mas, na década de 1980, várias reformas patrocinadas pelo ditador Muhammad Zia-ul-Haq favoreceram o abuso da lei.

Desde então foram registradas mil acusações por blasfêmia, um delito que, no Paquistão, pode levar à pena de morte, embora ninguém jamais tenha sido executado por esse crime.

MD/dpa/epd/afp

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