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Paquistão quer levar caso da Caxemira à ONU com apoio chinês

10 de agosto de 2019

Tensões aumentam na região da Caxemira, disputada por paquistaneses e indianos, depois que Nova Délhi decidiu retirar autonomia. Com interesses territoriais próprios, Pequim promete interceder no Conselho de Segurança.

Com figura de papelão do premiê Narendra Modi, indianos celebram fim do status especial da Caxemira
Com figura de papelão do premiê Narendra Modi, indianos celebram fim do status especial da CaxemiraFoto: Reuters/A. Dave

O Paquistão anunciou neste sábado (10/08) que recorrerá ao Conselho de Segurança da ONU, com apoio da China, para denunciar a inesperada decisão da Índia de revogar o status especial da província de Caxemira, disputada por ambos os países, em meio ao aumento da tensão no território militarizado há uma semana.

Após serem informados que o Paquistão decidira levar o assunto à Organização das Nações Unidas, os chineses "não apenas decidiram nos apoiar no Conselho de Segurança, como também nomearam os seus funcionários que estarão com os nossos, lá", declarou em entrevista coletiva o ministro paquistanês do Exterior, Shah Mehmood Qureshi. "A China demonstrou mais uma vez que são nossos amigos para sempre", acrescentou, após visita oficial a Pequim.

A medida apresentada na segunda-feira pelo governo indiano, e aprovada pelas duas câmaras do Parlamento em dois dias, avivou mais uma vez as tensões entre Índia e Paquistão, países com arsenal nuclear e que já travaram duas guerras pela questão de Caxemira. Nova Délhi também isolou a região do mundo externo, impondo toque de recolher rigoroso e suspensão quase total das comunicações.

Qureshi acrescentou que seu país também considera apelar à Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre a questão. "Quanto uma mudança demográfica é imposta pela força, isso se chama genocídio, estamos indo nessa direção.

A Índia planeja anular a cláusula constitucional que proibia estrangeiros de comprar propriedades no estado de Jammu e Caxemira. Assim, indianos do resto do país poderão adquirir terras e candidatar-se a empregos públicos lá. Há temores que isso provoque uma grande reviravolta demográfica e cultural na região de maioria muçulmana.

A decisão de retirar a autonomia, que permitiu durante 70 anos a Caxemira ter suas próprias Constituição, cidadania, bandeira e leis, foi rejeitada pela China por afetar uma parte do território que também reivindica como seu. "A resposta da China foi segundo as nossas expectativas. A China considera Jammu e Caxemira como um território em disputa. Agora estamos fazendo mais contatos diplomáticos", disse o chefe da diplomacia paquistanesa.

Islamabad reduziu as relações diplomáticas com a Índia, retirando unilateralmente seus embaixadores e cortando o comércio bilateral. Descartando por enquanto uma ação militar em resposta, o país garantiu que usará a via política e diplomática para reverter a ação indiana, que segundo o governo paquistanês viola a legislação internacional sobre um território em disputa.

O primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, pediu o apoio de "vários líderes mundiais", disse Qureshi. "Provavelmente hoje, falarei com o ministro do Exterior da Indonésia, que é membro do Conselho de Segurança. Na segunda-feira, também falarei com o ministro do Exterior da Polônia, que preside o Conselho de Segurança", antecipou.

AV/ap,efe

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