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Para maioria, racismo é um problema na Alemanha

3 de agosto de 2018

Pesquisa aponta que dois terços dos alemães consideram racismo problema grande ou muito grande no país. Mas política migratória e refugiados não são as maiores preocupações na Alemanha.

Berlin Ramadanfest Symbolbild Integration
Foto: picture-alliance/dpa/J. Carstensen

Uma pesquisa representativa, realizada nesta semana por telefone pelo instituto de opinião pública Infratest-dimap, mostrou que dois terços dos alemães consideram o racismo um problema grande ou muito grande na Alemanha. A sondagem sobre o clima político no país foi encomendado pela emissora pública ARD e pelo diário Die Welt.

Especialmente eleitores do Partido Social-Democrata, do A Esquerda e do Partido Verde a preocupação é grande: entre 73% e 77% dos consultados disseram ver o racismo como um problema.

Por outro lado, 62% dos simpatizantes da legenda populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) são da opinião de que há apenas um pequeno problema ou até mesmo problema nenhum.

Embora a maioria dos alemães com histórico migratório considere o racismo um grande problema (68%) no país, eles se diferenciam apenas ligeiramente dos alemães sem antecedentes de migração (63%).

Ao menos de acordo com a pesquisa, a integração bem-sucedida dos imigrantes também parece ser uma questão de tempo. As pessoas que vivem na Alemanha há décadas são consideradas por 62% dos entrevistados bem ou muito bem integradas. Quanto aos migrantes que vieram para a Alemanha apenas nos últimos anos, a cifra positiva relativa à integração é de somente 28%.

Na opinião dos alemães, no entanto, as políticas de racismo, migratória e de refugiados não são os principais temas no país. Se levada em conta a atual tendência na Alemanha como um indicador, os cidadãos têm em outras áreas preocupações ou questionamentos maiores.

No topo da lista de prioridades está a política de saúde – 69% disseram considerá-la muito importante. O pano de fundo disso: milhões de alemães dependem de cuidados de enfermagem, os custos são altos e há escassez de enfermeiros. O país já está trazendo muitos trabalhadores do exterior para aliviar a situação emergencial.

Com vista a remediar esta situação, o governo alemão introduziu uma lei que, entre outras coisas, pretende fornecer orientações concretas sobre a relação entre cuidados de enfermagem e a quantidade de pessoal em hospitais.

As instituições que empregam poucos enfermeiros devem receber menos reembolsos. No entanto, apenas 13% dos entrevistados acreditam que essa medida será bem-sucedida.

Menos tolerância

Mas os alemães também veem necessidade de ação também nas políticas sociais e Previdência (64%), segurança nacional (55%), política climática (52%) e habitação acessível (51%).

Comparando com esses números, os 39% que disseram considerar a política migratória e de refugiados muito importantes representam um valor notavelmente baixo. Atrás deles estão somente os 28% que se preocupam com a digitalização.

Um clássico em todas as pesquisas sobre tendências alemãs (Deutschlandtrend) é a chamada "pergunta de domingo", com a qual os pesquisadores de opinião e clima político determinam as atuais chances eleitorais dos partidos.

Resultado infeliz para a chanceler federal Angela Merkel: a coligação de seu partido, a CDU, com a legenda-irmã da Baviera, CSU, conseguiria apenas 29% dos votos. Assim, a dupla caiu na preferência dos alemães pela primeira vez abaixo da marca de 30%.

O Partido Social-Democrata (SPD), parceiro na grande coalizão em Berlim, estagna em 18%. Ou seja, a aliança governista conseguiria apenas 47% dos votos e não teria maioria própria no Parlamento alemão.

A AfD continua em ascensão: a legenda populista de direita conta com 17% das intenções de voto, a apenas um piscar de olhos do SPD. O Partido Verde também cresceu (15%), ao contrário do A Esquerda, com 9%, e do Partido Liberal Democrático (FDP), com 7%, que perderam um pouco na preferência dos eleitores.

Independentemente do atual apoio, todos os partidos devem considerar outra constatação da pesquisa: 80% dos entrevistados afirmaram que a política atual é marcada demais por emoções e é muito pouco objetiva.

Quase o mesmo número (77%) disse ter a impressão de que posições extremas estão ganhando peso demais no debate político. E 80% afirmaram lamentar uma tolerância cada vez menor frente a outras opiniões.

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Marcel Fürstenau Autor e repórter de política e história contemporânea, com foco na Alemanha.
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