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Ai Weiwei

6 de abril de 2011

Dissidente oprimido na China, artista consagrado na Europa. Ai Weiwei é reverenciado no Ocidente pelas mesmas razões por que é perseguido em seu país: arte política. Sua recente prisão provocou indignação na Alemanha.

Ai Weiwei teve confrontos seguidos com a polícia chinesaFoto: dpa

O artista Ai Weiwei é célebre na Alemanha. Sua fama começou em 2007, com a participação na exposição Documenta 12, na cidade de Kassel. Na época ainda desconhecido, ele chamou a atenção com projetos incomuns, que deram pano para manga durante anos.

Entre eles estava Fairytale, para o qual ele mandou trazer 1.001 camponeses chineses a Kassel; ou Template, uma torre feita com velhas portas, que acabou sendo destruída por uma tempestade. Fato que, no entanto, não perturbou Ai Weiwei. Pelo contrário: ele passou a gostar ainda mais da obra. Nos anos seguintes, construiu uma carreira sensacional, o que por vezes surpreende até mesmo o próprio artista.

Símbolo de resistência

"A arte de Ai Weiwei é muito acessível", diz Roger Buergel, diretor artístico do Documenta 12. "Ela tem um alto grau de qualidade sensorial, de estímulos perceptivos, através da peculiar ligação de formas antigas e contemporâneas".

Em 2009, no hospital, após ter sido preso e espancado pela políciaFoto: picture alliance/dpa

Além disso, a ascensão da China como poder econômico também estimulou o interesse geral em relação ao país e a toda a Ásia, o que seguramente também foi uma vantagem para o artista. Mas que não explica completamente o excepcional sucesso e a enorme atenção que ele conquistou nos países ocidentais.

No Ocidente, Weiwei é uma espécie de símbolo de resistência contra o aparato de repressão da China. Várias vezes ele entrou em confronto com a polícia, foi preso, maltratado, mas mesmo assim continuou. "Ele ama seu país e sua cultura", conta Buergel.

Ele descreve o artista como uma pessoa alegre, que tem sensibilidade para a beleza das coisas e que luta quando se trata de mudar a sociedade. Na China ele é basicamente silenciado, mas sempre encontra meios de se expressar, por exemplo, através de seus blogs na internet.

Comunicação Ocidente-Oriente

Nos países ocidentais, em contrapartida, a opinião de Ai Weiwei é sempre solicitada quando o assunto é a China. Tendo morado de 1981 a 1993 em Nova York, ele conhece o mundo ocidental, sabe intermediar entre os pensamentos ocidental e oriental e domina o vocabulário da arte conceitual do Ocidente. Mas seu interesse não é a indústria artística ocidental, e sim as pessoas e estruturas de sua terra natal.

"Ele não se vê em primeira linha como um produtor de objetos", explica Roger Buergel, mas antes aplica sua inteligência conceitual a estruturas políticas – por isso os seus problemas com as autoridades chinesas. Buergel explica o culto em torno de Ai Weiwei, em parte, pelo fato de muita gente "ter interesse por figuras que incorporam uma certa integridade".

Famosos, por exemplo, tornaram-se seus esforços pelo esclarecimento do terremoto em Sichuan, em 2008, que soterrou milhares de crianças sob os escombros da própria escola. Ai Weiwei pesquisou os nomes das crianças e investigou a suspeita de que poderia ter havido negligência na construção do prédio.

Em agosto de 2009, foi preso pela polícia chinesa, espancado e gravemente ferido. Tudo isso aconteceu às vésperas da mostra individual So sorry – que a Haus der Kunst de Munique lhe dedicou –, e certamente ressaltou a importância da exposição. Milhares de visitantes acorreram ao museu.

Participação na Documenta 12 tornou artista conhecido na EuropaFoto: AP

Mudança para Berlim?

O colecionador Uli Sigg foi quem descobriu Ai Weiwei e o indicou para a Documenta de Kassel. Ambos se conhecem desde 1995 e são hoje amigos íntimos. No início, o artista não era tão político assim, recorda, isso só se desenvolveu nos últimos anos. O colecionador acaba de voltar de Hong Kong, onde pretendia se encontrar com Weiwei, mas aí este foi detido no aeroporto de Pequim.

Recentemente houve boatos de que Ai Weiwei pretendia se mudar para Berlim. Isso não é exato, mas ele anunciou que pretendia montar um estúdio lá. Sua próxima visita à capital alemã estava programada para o final de abril, por ocasião da mostra que ele abriria pessoalmente no dia 29.

Os preparativos continuam, afirma a Galeria Neugerriemschneider. Enquanto isso, espera-se que Ai Weiwei seja libertado o mais rápido possível. Para o dono da galeria, Tim Neuger, Weiwei não é apenas um artista que "faz progredir o discurso atual da arte contemporânea", mas também "uma das figuras mais significativas da luta pela liberdade em seu país".

Autora: Petra Lambeck (ff)
Revisão: Augusto Valente

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