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Parceria Brasil-Alemanha impulsiona indústria 4.0

24 de junho de 2018

Para desenvolver tecnologia de ponta, instituto alemão de pesquisa presta consultoria a 25 centros de inovação do Senai. Combinação de conhecimento brasileiro com experiência estrangeira em gestão já rendeu frutos.

Robô-peixe
Flatfish é um dos projetos do Senai em parceria com empresas privadas e instituições alemãsFoto: Marcelo Gandra/Coperphoto/Sistema FIEB

Um robô a 300 metros de profundidade no mar, com sensores captando imagens de alta resolução em 360 graus que podem ajudar na exploração de petróleo e gás em águas profundas. A cena parece ter saído de algum filme de ficção científica, mas é apenas uma amostra do que o Flatfish, veículo autônomo submarino desenvolvido com tecnologia brasileira, pode fazer.

Pensado e fabricado na Bahia, o robô-peixe é cria de um projeto do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) CIMATEC em parceria com o DFKI (Instituto Alemão de Robótica e Inteligência Artificial) e a empresa Shell, que totalizou R$ 30 milhões em investimentos para colocar o veículo autônomo no fundo do mar. 

Outras parcerias com alemães tem acelerado a entrada de empresas brasilerias na indústria 4.0. O maior é o que incentivou a organização de 25 centros de inovações do Senai em 12 estados brasileiros. Com cerca de R$3 bilhões em financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os centros são locais que aliam conhecimento e empresas para desenvolver novos produtos. O modelo é bem conhecido na Alemanha, principalmente do Instituto Fraunhofer, que participa desde o início do projeto, em 2013, prestando consultoria.

A combinação entre gestão alemã e conhecimento brasileiro deu tão certo que gerou frutos permanentes no Brasil, aponta o professor do Instituto Tecnológico da Aeronáutico (ITA), Jefferson Oliveira Gomes.

Desde março deste ano, o ITA, sediado em São José dos Campos (SP), conta com um centro de projetos permanente do Fraunhofer, um dos três que a instituição alemã tem no Brasil. Gomes dirige o centro, cujo foco são pesquisas de soluções para indústria 4.0. 

O professor, que também é diretor do Senai em Joinville, trabalhou para o instituto alemão na década de 1990 e fala sobre o que o Brasil tem a ganhar com a parceria.

"O Brasil sempre teve bons pesquisadores, mas ainda peca em organização e gestão de conhecimento. Então, a consultoria do Fraunhofer veio com essa expertise dos alemães na concepção e planejamento dos centros de inovação. Sempre tivemos bons jogadores, agora sabemos como organizá-los no gramado", afirma.

Laser industrial em operação no centro de inovação do Senai em Joinville, no interior de Santa CatarinaFoto: André Kopsch/FIESC

"Quando você investe em pesquisa e inovação, não é certo que no final vai ter algo. Não é um produto que você compra e busca. Justamente por isso é preciso ser muito bom em gestão e organização. Essa parceria é importante para sabermos como lidar com fornecedores, pesquisadores e clientes", acrescenta.

Segundo Gomes, o plano inicial era que a parceria entre o Senai e o Fraunhofer durasse sete anos, até 2020. "Deu tão certo que todos querem continuar", diz

O Fraunhofer é a maior organização de pesquisas aplicada da Europa, com 72 institutos na Alemanha. No Brasil, a entidade está presente desde 2012, quando foi aberto um escritório em São Paulo.

Estreitando laços comerciais

Parcerias entre Brasil e Alemanha como a vista nos centros de inovação do Senai são fundamentais para estreitar laços e para que ambos os países busquem novos mercados.

As interações muitas vezes começam a partir de contatos em eventos, como o Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), cuja 36ª edição começa nesta segunda-feira (25/06) em Colônia, na Alemanha.

O evento é organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias Alemãs (BDI), com o apoio da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK). O projeto dos centro de inovação do Senai já foi apresentado em edições anteriores do encontro.

Para Thomas Timm, vice-presidente Executivo Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo), o tamanho do mercado e a capacidade de produção industrial e científica do Brasil explicam o interesse alemão no país.

"Podemos dizer que o Brasil é o principal parceiro comercial da Alemanha na América Latina. A indústria alemã emprega diretamente cerca de 250 mil pessoas somente no país. O Brasil é, sem dúvida, muito atraente para a indústria alemã, principalmente por ser um país que possui clima favorável, extensão privilegiada, qualidade de recursos naturais e mão de obra", diz Timm.

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