Prefeita diz que situação na capital francesa não é mais sustentável, com migrantes vivendo em acampamentos improvisados sem as mínimas condições sanitárias. Projeto deve sair do papel dentro de dois meses.
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Autoridades francesas visitam abrigo de refugiados
01:05
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, anunciou nesta terça-feira (31/05) que pretende construir um campo de refugiados na cidade para abrigar migrantes vivendo em locais improvisados, que serão fechados por questões sanitárias.
Hidalgo aproveitou a ocasião para criticar as condições de vida de muitas pessoas que fugiram para a Europa: "Não podemos mais aceitar a situação humanitária e sanitária que os migrantes têm que suportar", afirmou. Segundo ela, a prefeitura procura um terreno no norte da cidade para construir o campo dentro dois meses.
A prefeita ressaltou ainda que a situação da capital francesa não é mais sustentável devido a um acampamento improvisado que surgiu no norte da cidade e que abriga atualmente 800 pessoas. A prefeita disse que alertou várias vezes as autoridades federais sobre as condições em Paris, mas continua esperando resposta.
"Vamos assumir as rédeas da situação", declarou Hidalgo, alegando que o governo federal não destinou recursos suficientes para receber os refugiados apropriadamente.
Autoridades francesas visitam abrigo de refugiados
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Como modelo para o campo de Paris, a prefeita citou um abrigo, de cabines modulares, construído para até 2,5 mil pessoas em Grande-Synthe, no norte do país. A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) é a responsável por esse alojamento.
Esse será apenas o primeiro campo de refugiados na região de Paris. Mesmo assim, a cidade abrigou 8 mil migrantes desde o início de 2015, com ajuda de associações locais e autoridades regionais. Muitos requerentes de asilo, no entanto, construíram abrigos improvisados em diversos locais.
A França não foi tão afetada pela crise migratória quanto sua vizinha Alemanha, que recebeu mais de 1 milhão de migrantes no ano passado. Em 2015, cerca de 80 mil pessoas pediram asilo em cidades francesas.
O país é, porém, caminho para aqueles que desejam chegar ao Reino Unido, através do Canal da Mancha. Em Calais, surgiu um campo de refugiados improvisado, onde migrantes aguardam até conseguir uma chance para seguir viagem. Devido às péssimas condições, o local que abriga atualmente cerca de 4 mil pessoas ficou conhecido como selva.
CN/rtr/afp
A miséria de refugiados no norte da França
Cerca de 2 mil imigrantes padecem no frio e na lama num acampamento perto da cidade portuária de Dunquerque. Enquanto esperam por uma oportunidade de rumar para o Reino Unido, eles dependem da ajuda de voluntários.
Foto: DW/B. Riegert
No meio da lama
Estima-se que um acampamento próximo à comuna de Grande Synthe, perto da cidade portuária de Dunquerque, no norte da França, abrigue 2 mil pessoas em pequenas tendas. À noite, o frio é intenso, e, quando chove, o local fica repleto de lama.
Foto: DW/B. Riegert
Persistência
Lizman vem da região curda do Iraque. "Em casa estamos em guerra", diz ele, que tem como objetivo chegar à Inglaterra. O iraquiano montou um café numa das barracas do acampamento, onde os jovens matam o tempo.
Foto: DW/B. Riegert
Objetivo: Reino Unido
Para proteger a barraca da sujeira e do frio, o iraquiano Asis conseguiu um martelo emprestado. O jovem curdo quer atravessar o Canal da Mancha e chegar à Inglaterra. Para isso, ele teria que pagar até 5.000 euros a um traficante. "Tem que ser melhor do outro lado", espera.
Foto: DW/B. Riegert
Sopro de esperança
O número de crianças que vive no acampamento repleto de lixo e lama não é claro. Voluntários coletaram ursinhos de pelúcia e os distribuíram na "barraca das crianças".
Foto: DW/B. Riegert
Perspectivas
Uma criança perdeu esta boneca na lama. Da mesma maneira, a esperança de muitas pessoas acaba desaparecendo no acampamento. À noite é muito fria, e não há iluminação. Apenas alguns banheiros químicos e chuveiros funcionam.
Foto: DW/B. Riegert
Voluntários do Reino Unido
O britânico Chris Bailey serviu como soldado no Iraque. Agora ele ajuda migrantes que querem chegar ao seu país. "A situação aqui é pior do que a de alguns lugares que vi na guerra", diz o veterano. Ele distribui cobertores e botas de borracha que foram doadas.
Foto: DW/B. Riegert
Bem-vindos à França
Além de chá, Denise (à esq.) e Maryse oferecem um bom papo aos imigrantes. Elas moram em frente ao acampamento. Uma rua separa dois mundos completamente diferentes. "As autoridades não se importam", opina Denise. Muitos vizinhos querem que os migrantes saiam dali.
Foto: DW/B. Riegert
Onde está o governo?
Um voluntário batizou com nomes de políticos europeus algumas das vias que levam até o precário acampamento. Esta, por exemplo, é a "Avenida François Hollande", porque o governo francês não se importa com o local. A polícia não dá segurança alguma. Moradores relatam violência entre grupos de imigrantes, principalmente à noite.
Foto: DW/B. Riegert
Voluntários da Alemanha
O número de refugiados que chegam a Munique diminuiu. "Aqui nós seremos necessários", diz Sinan von Stietencron da Volxküche München, iniciativa que distribui alimentos a migrantes na cidade alemã. Com a cozinha móvel, ele viajou com amigos da Baviera para o Canal da Mancha.
Foto: DW/B. Riegert
Emergência
A organização de ajuda humanitária Médicos sem Fronteiras (MSF) vacinou os moradores do acampamento contra sarampo e gripe. Especialmente as crianças acabam doentes, devido à umidade, ao frio e às péssimas condições de higiene. A MSF montou uma estação de emergência em Grande Synthe, a primeira unidade operacional da organização no coração da Europa.
Foto: DW/B. Riegert
Seguir adiante
Agachado dentro de sua barraca, Asim diz que fugiu do "Estado Islâmico" no Iraque. Ele se esforça para manter o pequeno espaço limpo e até oferece um chá para a repórter da DW. "Todos querem seguir adiante", diz o iraquiano.
Foto: DW/B. Riegert
A última estação
O porto de Dunquerque fica a 10 quilômetros do acampamento. As chances de conseguir chegar à Inglaterra partindo daqui são mínimas. Quase ninguém quer entrar com um pedido de asilo na França. O que fazer agora? Pagar um transporte clandestino para atravessar o Canal da Mancha? Recuar para a Bélgica ou Alemanha? Ou simplesmente esperar?